Possíveis casos de importunação sexual cometidos por ginecologista de Paranaguá são levados à Câmara Federal


Por Luiza Rampelotti Publicado 24/05/2022 às 17h04 Atualizado 17/02/2024 às 09h12

Desde o início do mês, o JB Litoral vem divulgando, com exclusividade, as denúncias realizadas por mulheres que contam que foram vítimas de importunação sexual pelo médico ginecologista e obstetra Amauri Bilieri, em seu consultório particular, em Paranaguá. Até o momento, a Polícia Civil afirma que já foram realizados 10 Boletins de Ocorrência contra o profissional e que está dando andamento à investigação.

Com o intuito de apoiar as vítimas e cobrar por justiça, a deputada federal Christiane Yared (PP) levou à Procuradoria da Mulher da Câmara Federal, nesta semana, os casos. Ela solicita que seja emitida uma nota de repúdio e o acompanhamento de mais esta situação na Cidade Mãe do Paraná. 

De acordo com a deputada, este tipo de denúncia é cada vez mais recorrente. “Imaginamos que, por um lado, a internet ajuda a trazer essas histórias à tona. Mas, também, porque as mulheres estão se sentindo mais empoderadas e tranquilas para falar. Sentem que agora estão representadas, que não estão sozinhas, que são ouvidas e, por isso, estão confiantes que haverá punição para esses criminosos”, observa. 

A parlamentar paranaense afirma também que a bancada feminina lida com essas questões diariamente. “A voz das mulheres é sinal de que não ficarão mais caladas e por isso vemos esse aumento das denúncias”, diz.

Ela ainda relembra sobre o caso do “dr. Bacana”, o médico da Polícia Militar do Paraná acusado de assédio contra inúmeras mulheres da corporação. “Assim como este caso está sendo punido, outros serão – e a causa das mulheres será fortalecida”, destaca. 

Casos parnanguaras

Natural do interior do Paraná, Amauri Bilieri, 63 anos, exerce a medicina em Paranaguá desde 1987. Atualmente é servidor público do Estado aposentado e segue prestando serviços no Sistema Municipal de Saúde do Município, além de atender também em clínica particular. 

O comportamento do médico narrado por todas as vítimas é semelhante: ele tranca a porta do consultório, solicita que elas tirem toda a roupa, mesmo quando não é necessário, e realiza exames de forma constrangedora e inadequada, inclusive, sem a utilização de luvas. O caso que deu início à toda movimentação foi noticiado pelo JB Litoral no dia 4 e, logo após, outras mulheres procuraram a equipe de reportagem para contarem suas histórias.

Até o momento, 10 vítimas já registraram boletins policiais. Um dos casos aconteceu há 20 anos; outro, mais recente, gerou até mesmo denúncia e processo junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM) do Paraná, no qual o médico foi absolvido.

Em investigação

A Polícia Civil segue investigando o caso. Vale destacar que, até o momento, o médico continua atendendo normalmente em seus compromissos profissionais.

De acordo com o delegado Nilson Diniz, as investigações demandarão mais tempo por conta da quantidade de procedimentos instaurados. “A princípio, os inquéritos possuem 30 dias de prazo para conclusão, mas esse prazo pode ser prorrogado se assim o Ministério Público entender”, diz.

A juíza Cintia Graeff, da 1ª Vara Criminal de Paranaguá, explica quais são os passos de um processo criminal. “Em todos os casos, em qualquer tipo de investigação, o processo se inicia na delegacia de polícia, com o registro de ocorrência, e depois a Polícia Civil faz a investigação e relata o inquérito policial, que é a finalização de uma investigação. Após relatado o inquérito, é remetido ao Ministério Público, que é o titular da ação penal, e quem analisa e, se tiver elementos suficientes, oferece uma denúncia à Justiça para, então, começar um processo criminal”, esclarece.