Prefeitura apaga trecho polêmico de ciclofaixa e fala sobre intenção de interligar Pontal do Paraná de ponta a ponta


Por Luiza Rampelotti Publicado 20/04/2022 às 11h42 Atualizado 17/02/2024 às 06h44

Nas últimas semanas, a polêmica envolvendo uma ciclofaixa (faixa na via já existente delimitada com pintura e sinalizadores exclusiva para ciclistas) estreita em Pontal do Paraná, na avenida Beira Mar, no balneário Guapê, ganhou a mídia. A notícia mostrava o espaço de, aproximadamente, 40 centímetros para que os ciclistas pedalassem, o que não trazia segurança para eles, que dividem a via com os carros.

No entanto, logo que as críticas surgiram, o trecho foi apagado e a prefeitura informou que a pintura foi executada de forma incorreta pela empresa que venceu a licitação para sinalização horizontal das vias, a Atlcom Com. E Serviços. Além disso, afirmou que o erro aconteceu apenas em uma extensão de 300 metros e que o projeto total compreende 11 quilômetros (km).

O projeto da ciclofaixa, no município, faz parte de um estudo que integra o Plano de Mobilidade que está em fase de conclusão. O estudo aponta que Pontal do Paraná, por sua geografia plana e pelo volume de munícipes que tem a bicicleta como principal meio de locomoção, deve investir na ciclomobilidade para dar mais segurança aos seus ciclistas”, explica a prefeitura.

O início da execução da ciclofaixa, que começa no balneário Praia de Leste e termina no Guapê, foi dezembro de 2021, com a assinatura do contrato de R$ 254.8 mil para a realização de serviços de sinalização horizontal em diversas vias do município, com validade de 1 ano. Na justificativa para a licitação, o prefeito Rudisney Gimenes Filho (MDB), o Rudão, comenta que a Guarda Municipal e o Poder Público observaram que os condutores não cumprem as Leis de Trânsito. “Também a falta de consciência dos pedestres de utilizarem as faixas de segurança existentes. Justifica-se a execução dos serviços, a fim de proporcionar aos motoristas de veículos um parâmetro claro para o devido cumprimento da legislação de trânsito vigente, bem como para os pedestres o oferecimento de mais segurança nos seus deslocamentos”, diz.

O projeto também conta com ciclovias, que é uma pista própria destinada aos ciclistas, na calçada. Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral

Ciclofaixa de ponta a ponta na Beira Mar


Apesar de a justificativa da contratação não mencionar a área para os ciclistas, a prefeitura informa que a ciclofaixa faz parte de uma proposta ainda maior: a de interligar o balneário Monções até Pontal do Sul por meio dela. Porém, esse projeto ainda está em estudo, principalmente por conta da separação via mata que acontece entre o balneário Guapê e o Barrancos, onde a orla volta a ser aberta e segue até Pontal do Sul. “Para conseguirmos fazer uma ciclofaixa nesta mata, contratamos uma empresa especializada na prestação de serviços de consultoria ambiental em inventário florestal, pelo valor de R$ 28 mil, para realizar estudos que pretendemos anexar ao pedido de licenciamento ambiental”, explica o assessor de imprensa do Executivo, Marcelo Elísio.

Para garantir a execução da ciclofaixa, o prefeito assinou, em março, o Decreto 10.207, que declara como área de Utilidade Pública e de Interesse Social, para fins de licenciamento ambiental, uma extensão de 20 metros de restinga, que fica perpendicular ao meio fio da Avenida Aníbal Khuri (Beira Mar), ao longo da orla, de aproximadamente 22 km.

Isto porque os Planos Diretor Municipal de Mobilidade (que está sendo feito pela Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná); de Desenvolvimento Sustentável do Litoral (PDS) e o Projeto Orla preveem uma faixa para calçamento do passeio com implantação da ciclovia, acessos a praia, iluminação diferenciada, instalação de equipamentos públicos como bancos, lixeiras e utensílios de ginástica. Rudão avalia que, apesar de ser uma Área de Preservação Permanente (APP), a região compreendida é de extrema importância para o desenvolvimento da atividade turística em Pontal do Paraná.

As ciclofaixas, delimitadas na via já existente, existem onde não há calçada e onde a largura da rua permite. Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral

Ciclofaixa e ciclovias deverão estar concluídas em outubro

A ciclofaixa faz parte de um projeto maior, que é o de termos uma orla de ponta a ponta. Esse decreto irá possibilitar que a gente faça muitas ações, principalmente nas áreas de restinga já degradadas. É muito possível que consigamos trabalhar com quiosques, decks, passarelas. Porém, ainda estamos na fase de estudos e elaboração de projetos”, explica Marcelo Elísio.

No momento, a única coisa que está definida é a ciclofaixa de 11 km, que ainda está em execução. Ela já foi pintada de Praia de Leste à Guarapari, num trecho de 4 km. Mas, em Guarapari ela termina em razão da necessidade de algumas intervenções na via. “Precisamos fazer a drenagem do terreno, porque existem alguns pontos de alagamento. A previsão é de que até o início do segundo semestre essas obras estejam concluídas”, diz o assessor.

São 5 km sem a ciclofaixa, que volta a ser demarcada em Shangri-lá e finaliza no Guapê, num trecho de cerca de 2 km. Em vários pontos da via, que é irregular, ela se alarga e estreita, mas somente nos 300 metros finais a faixa se tornava inviável devido ao afunilamento.

Por isso Elísio comenta que serão feitas, também, ciclovias (pista própria destinada à circulação de bicicletas, na calçada, separada fisicamente das pistas onde circula o tráfego motorizado) nas áreas onde é impossível ter a ciclofaixa. “A primeira etapa foi de pintura e a segunda é a de construção de calçadas onde a pista não tem largura suficiente. A previsão é de que a ciclofaixa e a ciclovia, com as calçadas, sejam concluídas em outubro, para já no próximo feriadão estar tudo pronto. É um projeto que está em execução e vamos adaptando conforme encontramos os obstáculos”, afirma.

Além disso, ele destaca que a empresa Atlcom Com. E Serviços ainda não recebeu nenhum valor e que só será paga após a execução total dos serviços.

Está em estudo floral a abertura de 1.750 metros de mata para a instalação da ciclofaixa, conectando o balneário Guapê até Barrancos