Construção de porto privado da Coamo, em SC, vira assunto na Câmara de Paranaguá


Por Flávia Barros Publicado 08/09/2021 às 11h39 Atualizado 16/02/2024 às 12h38
coamo itapoa

A Coamo Agroindustrial Cooperativa, fundada há 50 anos, atualmente é responsável por 3,5% de toda a produção nacional de grãos e fibras e 17% da safra paranaense. Instalada no porto de Paranaguá desde a década de 1990, a gigante paranaense vem expandindo, geograficamente, a área de atuação, como negócios em Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Mas o anúncio, este ano, de que começou a fase de licenciamento ambiental de um porto privado em Itapoá (SC), causou preocupação ao presidente da Comissão de Assuntos Portuários da Câmara Municipal, vereador Luiz Maranhão (PSB).

Após retirar de pauta por três semanas consecutivas, no mês de agosto, um requerimento em que pedia a presença do presidente executivo da Coamo, Airton Gallinari, na Câmara Municipal, para esclarecimentos sobre os investimentos da cooperativa fora do Estado, o vereador Luiz Maranhão disse ao JB Litoral que o fez contra a sua vontade. “Retirei da pauta, não arquivei. Me pediram para aguardar, pois os diretores da Coamo se comprometeram com a Presidência da Câmara a comparecerem para uma reunião com os vereadores. Não posso aceitar que uma cooperativa, genuinamente paranaense, construa um porto a 90 quilômetros do porto de Paranaguá. Construa um porto em Paranaguá ou em nossa região, enfim, construa um porto no Paraná”, defendeu o parlamentar.

Reunião e inauguração

Representantes da Coamo foram recebidos pelo prefeito Marcelo Roque e vereadores / Crédito: Prefeitura de Paranaguá

A última retirada do requerimento da pauta da Câmara ocorreu depois que representantes da Coamo se reuniram com o prefeito Marcelo Roque, no último dia 18, e mostraram os planos para expansão da empresa, com a inauguração prevista para este mês de setembro, da nova área anexa no porto de Paranaguá, que gerou 200 empregos na fase de construção e mais 50 empregos diretos. Também estiveram presentes na reunião alguns vereadores e o presidente da Câmara, Fábio Santos (PSDB), o qual solicitou que a empresa vá ao Palácio Carijó. Os parlamentares saíram de lá com a promessa de que, nas próximas semanas, a Coamo fará a reunião com os demais parlamentares, na sede do Poder Legislativo Municipal.

Coamo fica

Coamo afirma que construção de porto fora do PR é estratégia de negócio, mas que a base é Paranaguá / Crédito: Coamo

Em conversa com o JB Litoral, o presidente executivo da Coamo, Airton Gallinari, falou sobre o porto em Santa Catarina e os investimentos no Paraná. Estamos investindo cerca de R$ 350 milhões em Paranaguá, em área própria, o que mostra o interesse da Coamo em permanecer e ampliar os investimentos no porto de Paranaguá, é a nossa base, onde destinamos quase toda a produção que vai para importação. Também estamos em projeto de expansão no porto e, desde 1990, temos investido na indústria, temos um crescimento de 20% no esmagamento de soja ali. Já o investimento em Itapoá se deve às expansões que a Coamo vem fazendo, trata-se de um porto estratégico. Temos uma atuação forte em Santa Catarina e no Mato Grosso do Sul, está crescendo muito a produção dos nossos cooperados e precisamos ter alternativas.

De olho na concorrência

Airton Gallinari também ressaltou que não há previsão de quando o porto catarinense começará a operar e que a Coamo não pode perder a competitividade. “Recentemente nós fizemos uma indústria de esmagamento de soja e refino de óleo em Dourados (MS), mas fizemos lá porque precisamos abrir o leque. Estrategicamente e na questão de custo para abastecer São Paulo e outras praças é mais interessante, então nós não podemos perder a competitividade, mas nunca paramos de investir no Paraná, pelo contrário. Assim como nossos concorrentes têm que trabalhar em pontos estratégicos, nós também. Itapoá é uma alternativa onde adquirimos uma área uns sete anos atrás, estamos na etapa do licenciamento prévio, realizando os relatórios de impacto de meio ambiente para buscar esse licenciamento, é um processo longo e demorado, visto que o processo de licenciamento ambiental pode se arrastar por anos e foi iniciado este ano. Vai depender de tudo que os órgãos ambientas vão solicitar. Ele será licenciado para fertilizantes, grãos e líquidos e gases”, disse o presidente executivo da cooperativa.

Outras possibilidades

Sobre a possibilidade de investimentos e operações em outros portos do Paraná, Airton Gallinari falou que Pontal do Paraná tem suas dificuldades, Imbocuí também, tudo depende de como os projetos vão se desenrolar. “Estamos abertos às possibilidades, mas nem sempre depende do exportador definir para onde a carga vai, muitas vezes o comprador define de onde ele quer receber. Eu sou obrigado a vender para ele onde ele quer. Não podemos ficar presos em uma única alternativa. Até pouco tempo atrás, nós tínhamos Itajaí e Paranaguá. Hoje, nós temos a realidade de Navegantes e de Itapoá que ficaram grandes porque provavelmente ofereceram mais atrativos do que nos lugares que já eram fortes”, disse

Expansão

Sobre o questionamento do vereador Luiz Maranhão, que consta no requerimento retirado da pauta da Câmara, acerca da possibilidade de diminuição dos postos de trabalho, o presidente executivo da Coamo foi taxativo. “Não tem a menor chance de diminuirmos a atuação em Paranaguá, temos cerca de 400 funcionários diretos em Paranaguá, o que deve crescer para 450, fora os indiretos. A Coamo está estabelecida em Paranaguá e não vai sair de jeito nenhum”.

E, ainda, alfinetou. “Acho interessante que a Câmara de Vereadores se importe com a Coamo e todas as empresas que investem e operam no porto. Nós tivemos dificuldades por muitos anos, em gestões anteriores, para adquirir as áreas no entorno da Coamo, para fazer a expansão. Acho que a preocupação deveria ser de como criar oportunidades e facilidades para as empresas investirem e gerar empregos e não ficar discutindo porque a empresa investiu também fora. Atualmente, temos uma relação muito boa com o prefeito Marcelo Roque, ele tem estimulado, nos recebido muito bem, estamos com três demandas de desapropriação de área, no local onde estamos expandindo, que, sem isso, não teríamos como aumentar os investimentos”, finalizou.