A dura realidade do setor de eventos, uma das atividades mais impactadas pela pandemia


Por Redação Publicado 16/04/2021 às 13h40 Atualizado 15/02/2024 às 23h12

Por Marinna Protasiewytch

Há mais de um ano que as casas de shows, a praça Mário Roque, ou até mesmo a rua principal de Antonina não recebem multidões. Com a pandemia do novo coronavírus, os locais de festa se transformaram em um deserto. Portas fechadas pelos decretos de prevenção à doença fizeram com que muitos precisassem diversificar, mas outros não conseguiram sobreviver ao grande impacto na receita.

Cerca de 104 mil paranaenses perderam o emprego em fevereiro deste ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Os setores de serviços, comércio e indústria, foram os mais impactados com 44 mil, 27 mil e 22 mil trabalhadores desligados, respectivamente.

Em Paranaguá, a situação também segue complicada, principalmente porque os negócios locais movimentavam um mercado informal sob demanda com o pagamento de “taxas”. Essas pessoas deixaram de receber o dinheiro extra e não devem se enquadrar, em sua maioria, nos critérios para receber algum tipo de auxílio, seja pessoal ou empresarial.

Priscilla Nakamura é cerimonialista e viu os eventos pararem e a renda despencar

Priscilla Nakamura, diretora da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Paranaguá (ACIAP) e cerimonial, conta que não há como mensurar em valores reais de toda a perda nestes mais de um ano sem eventos liberados. “É difícil traduzir todo esse prejuízo em números. 40% das empresas de eventos mudaram de negócio, 60% encerraram as atividades e 95% demonstraram queda brusca de faturamento”, destacou.

A história por trás das portas fechadas

“Para nós não tem sido fácil, nosso restaurante tinha uma clientela de reservas para almoços executivos que representavam 80% do faturamento do restaurante. Com o fim dessas reuniões sociais, a gente acabou parando praticamente o nosso trabalho, ficando só com o movimento esporádico de sábado e domingo, mas que também sofreu redução porque não pudemos trabalhar por causa das restrições”, detalhou José Reis de Freitas Neto, o Juca, proprietário da Casa do Barreado.

A Casa do Barreado, restaurante familiar de Paranaguá é um dos empreendimentos que viu o faturamento cair e pode fechar as portas

Juca também é presidente do Convention, diretor financeiro da ADETUR e diretor da ACIAP e, por isso, tem visto de perto o desmanche do setor e a tristeza daqueles que fecharam as portas e não resistiram aos impedimentos causados pela pandemia.

“A gente tinha uma equipe com três garçons, tínhamos também freelancerspara a cozinha, então basicamente reduzimos dez pessoas do nosso contingente. O faturamento foi reduzido entre 90 e 95%, estamos pagando algumas contas e outras não conseguimos quitar. Se você ver, os mais atingidos foram os restaurantes de família, que acabam não conseguindo se adaptar às novas realidades. No nosso caso, estamos analisando e há uma certa possibilidade de fechar as portas”, lamentou o empresário.

Ajuda governamental

Sem expectativa sobre quando haverá a retomada do setor, por conta das restrições da pandemia, Priscilla Nakamura destaca que, mesmo com as propostas discutidas pelas casas legislativas, de redução de juros e parcelamento de dívidas, dificilmente a ajuda chegará ao litoral paranaense.

“As ações adotadas pelo governo não estão surtindo efeito, desse modo a clandestinidade, que nós repudiamos, tem desrespeitado os profissionais do setor. O programa emergencial de retomada do setor de eventos dificilmente vai chegar ao litoral, por conta da informalidade e pelo pequeno porte de muitos dos prestadores de serviços da área. Entendo que, o quanto antes conseguirmos controlar a contaminação da população, conseguiremos retomar as atividades”, explicou.

A diretora da ACIAP ainda destaca que o principal ponto é de que os eventos foram os primeiros a serem cancelados, mas devem demorar para retornar a sua normalidade. “Aqui no litoral nós falamos que o nosso setor foi o primeiro a parar e será o último a retornar as atividades. Então, tem sido muito complicado mesmo essa crise econômica e fechamento dos eventos por aqui. É muito triste para a nossa categoria, a gente vê colegas da área de eventos tendo tantas dificuldades financeiras diante desse cenário pelo qual a gente está passando”, concluiu Nakamura.