Baleia jubarte morre encalhada em Guaratuba


Por Diogo Monteiro Publicado 27/07/2021 às 14h37 Atualizado 16/02/2024 às 08h26

As baleias jubartes (Megaptera novaeangliae) seguem encalhando no Paraná. Nesta segunda-feira (26), por volta das 17h, fomos acionados sobre uma jubarte viva emalhada em rede de pesca na zona de arrebentação, em Coroados, no município de Guaratuba.

A baleia encontrava-se na arrebentação possivelmente ainda lutando para retirar a rede que a prendia na cabeça, no entanto, cansada e, provavelmente por conta da maré que vazava com força, o animal encalhou de ventre para cima e veio a óbito rápidamente. A jubarte era uma fêmea de 8,5 metros, tinha marcas de rede no pedúnculo e lóbulo caudal, além do petrecho de pesca aderido ao longo da cabeca.

Biólogos, médicos veterinários e outros profissionais da área técnica do @lecufpr, via Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), contaram com o apoio da Prefeitura de Guaratuba através das Secretaria de Meio Ambiente, urbanismo e obras, assim como com o Corpo de Bombeiros e Guarda municipal, os quais isolaram a área e mantiveram a rede de parceria com informações que auxiliaram no atendimento.

O acionamento ocorreu por meio da rede de encalhes de animais marinhos do Paraná que atua em conformidade com o Protocolo de Atendimento a Encalhes de Animais Marinhos no Litoral do Paraná – PRAE (SEDEST/IAT/IBAMA), e com os protocolos nacionais da Rede Brasileira de atendimento a encalhe de mamíferos aquáticos/REMAB (CMA/ICMBIO).

Os técnicos do @lecufpr/PMP-BS registraram o encalhe, avaliram a carcaça, e não tiveram condições de realizar a necropsia no período noturno. Por isso, a partir das 6h desta terça-feira (27) duas equipes se deslocaram até o local para o procedimento de necropsia do animal e coleta de materiais biológicos para analisar a saúde do animal e a possível causa da morte. Segundo os pesquisadores, somente por meio de uma investigação mais aprofundada com auxílio de exames complementares laboratoriais será possível identificar a causa de morte da baleia.

Encalhes de jubartes em 2021

Considerando os três últimos meses, esta é a sexta baleia jubarte encalhada no litoral do Paraná, sendo uma registrada na Ilha do Mel, duas na Ilha do Superagui, uma no Balneário Shangrilá, em Pontal do Paraná, uma em Brejatuba e outra em Coroados, em Guaratuba.

Desde o início do PMP-BS, em 2015, já foram registrados encalhes de 18 baleias da mesma espécie no litoral paranaense, incluindo indivíduos adultos e jovens.
As baleias jubartes da população do oceano Atlântico Sul vem ao Brasil anualmente para reprodução, mas passam o verão se alimentando na região Antártica. A principal área brasileira de reprodução é o litoral da Bahia, mas jubartes têm sido avistadas com frequência na região sudeste e sul do Brasil.

De acordo com o Instituto Baleia Jubarte, os encalhes têm ocorrido por diversos motivos, entre eles, morte natural, aproximação dos animais à costa e aumento da interação destes com redes de pesca e embarcações, causando assim riscos de emalhe e colisão com os barcos e navios. Esta aproximação da zona costeira é motivo de investigação pelos cientistas, pois pode ser apenas uma resposta à recuperação da população, mas também pode ser reflexo das mudanças climáticas no continente Antártico. O aquecimento global tem sido responsável pela redução na disponibilidade de krills (principal alimento destas baleias) na Antártica e as baleias possivelmente precisam buscar por alimento durante a migração para as áreas quentes brasileiras e fazem isto utilizando águas mais rasas.

“Estas são ainda hipóteses científicas a serem avaliadas, mas já evidenciam desafios que chegam em resposta à degradação do oceano e mudanças climáticas! A década do oceano, iniciativa global capitaneada pela Unesco, está só começando, e garantir um ecossistema saudável e resiliência à biodiversidade é responsabilidade de todos nós! Se a fauna estiver bem, nós humanos estaremos bem”, ressalta a bióloga e coordenadora do @lecufpr Camila Domit.