“Chegou a hora de a mulher ter voz na política”, diz Josi Isaías
Nos últimos anos, o Brasil tem vivenciado um avanço no debate público a respeito das questões femininas, principalmente sobre os direitos das mulheres. No entanto, no que se refere à representatividade na política, a temática está muito distante do desejado.
Historicamente, os cargos de poder são ocupados, em sua maioria, por homens, que são eleitos e têm voz ativa nas tomadas de decisões. Isto acontece devido à exclusão histórica das mulheres na política e que reflete, ainda hoje, no cenário de baixa expressão feminina nos governos.
Com o intuito de mudar esse quadro em Paranaguá, a líder comunitária Josiane Constantino Isaías (Republicanos), mais conhecida como Josi Isaías, decidiu tentar uma vaga no Poder Legislativo, na eleição proporcional de 2020. Segundo ela, é necessário a união das mulheres para que seja possível a representatividade da classe em todos os âmbitos sociais, especialmente na política, tanto na Câmara de Vereadores, quanto na presidência de associações de bairros da cidade.
“A mulher não faz parte da política, ela apenas cumpre a porcentagem de cotas necessária para que o partido lance os candidatos. Nós vamos mudar esta situação, não seremos mais apenas uma parcela, mas estaremos inseridas e representando a todas e todos no ambiente político”, diz.
Parnanguara e moradora do bairro Jardim Iguaçu, a cabelereira de 37 anos, mãe de quatro filhas, iniciou no ativismo social comunitário em 2016, durante a epidemia de dengue que o município enfrentava. Junto a outros moradores, ela realizou mutirões de limpeza no bairro e ações de conscientização com o objetivo de auxiliar no combate à doença.
No ano seguinte, 2017, foi eleita para ocupar a vice-presidência da Associação dos Moradores do Jardim Iguaçu, cargo no qual atuou até junho deste ano, quando renunciou para se dedicar à campanha eleitoral.
No mesmo ano, realizou o curso profissionalizante de Defensores Populares, oferecido pelo Instituto Federal do Paraná (IFPR), e se especializou em Direito da Mulher. Além de ter se formado como Agente de Regularização Fundiária. A partir de então, passou a atuar mais ativamente na luta pelas mulheres.
“Conheço a realidade e as deficiências de nossa cidade”
Em 2019, Josi assumiu a vice-presidência do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, mas também renunciou ao cargo devido à campanha política. “Sempre estive engajada nas ações sociais e participando nas demandas políticas da cidade, com vontade de fazer algo relevante pela população, mas cansei de ir até as sessões da Câmara e nunca ser ouvida e nem me sentir representada pelos vereadores. Por isso, decidi me candidatar”, conta.
Sua proposta é lutar pelos direitos fundamentais de todos, com o foco, especialmente, na mulher, além de incentivar a população a ocupar os espaços políticos que, normalmente, não tem oportunidade. “Sou conhecida pela minha principal linha de luta que é o combate à violência contra a mulher, mas, conheço a realidade e as deficiências de nossa cidade nas demais áreas, e quero, junto com o povo parnanguara, construir uma nova Paranaguá”, diz.
Um de seus projetos diz respeito ao fomento a programas de apoio às mulheres empreendedoras, contribuindo para sua independência financeira, o que garante poder de decisão sobre suas vidas. “Segundo dados de pesquisas, 35% das mulheres que sofrem violência permanecem no relacionamento por dependência financeira. Para contribuir com o fim dessa situação, temos que criar projetos que sejam funcionais, além de capacitá-las para o mercado de trabalho e desburocratizar a criação de novos empreendimentos. Nesse sentido, criamos o programa integrado “Mulheres Donas de Si”, que as prepara para o mercado e para novas conquistas de empreendimentos. Meu objetivo é fazer cumprir a Lei 13.340/06, gerando emprego e renda. É viável, é constitucional”, afirma a candidata.