A saga do Domingos, morador de rua que deixou de ser invisível em Paranaguá


Por Denise Becker Publicado 23/08/2022 às 12h06 Atualizado 17/02/2024 às 15h42

Na foto que circula pelas redes sociais, um homem branco, de boné, barba aparada, roupas limpas e semblante esperançoso abraça seus familiares, localizados graças às equipes de abordagem do Centro de Referência Especializado (CREAS), da Secretaria de Assistência Social (Semas) e da Prefeitura de Paranaguá.

A imagem foi usada pela equipe para comemorar o resgate de Domingos Soares Brito, 71 anos, que vivia em situação de rua, encontrado sozinho, sem banho e alimentação regular, ocupando uma casa vazia por aproximadamente 25 dias, no Jardim Paraná. Felizmente, a história teve um desfecho bem-sucedido.

As condições do idoso foram conhecidas em junho deste ano pelas equipes de abordagem e acolhimento da Prefeitura, por meio dos moradores do Jardim Paraná, que acionaram os serviços de assistência social. Enquanto isso, Domingos se alimentava, vez ou outra, no imóvel que está à venda.

Domingos estava ocupando uma casa vazia, por aproximadamente 25 dias, no Jardim Paraná. Foto: Semas

O idoso recebeu atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e foi levado para a casa de acolhimento, onde a equipe descobriu que há 40 anos a família do morador de rua, que vive no Ceará, não sabia do seu paradeiro. “Achavam que ele estava morto”, segundo a Semas.

A equipe trabalhou os vínculos familiares e Domingos foi integrado à família depois de muito tempo. “Nos sentimos felizes pelo resultado do trabalho que realizamos, mas, acima de tudo, pelo fato de saber que um ser humano tem sua dignidade recuperada e seus vínculos familiares estabelecidos”, destacou Ana Paula Falanga, secretária de assistência social.

Uma pessoa em situação de rua, separada da família há tantos anos, nem sempre tem a mesma sorte de Domingos. Ninguém sabe ao certo qual o período que alguém vive nas ruas, às vezes, perde-se a noção do tempo, sem falar no processo de adoecimento mental e físico que geralmente afeta essa população. Conforme dados do Cadastro Único (CaÚnico) para programas sociais, no Paraná, nos últimos anos, o número de pessoas morando nas ruas aumentou 49,3%, situação ainda mais agravada pela pandemia.

De acordo com Ana Paula, “este é um trabalho que realizamos e tentamos restabelecer estes vínculos. Nem sempre é possível, pois depende tanto da pessoa que nós acolhemos quanto das famílias envolvidas no processo”, explica a secretária de assistência social.

Atualmente a Unidade de Acolhimento de Paranaguá é responsável por 13 pessoas que estão usando a estrutura oferecida pela Semas e três pessoas internadas.