Após 22 anos, Fanfarra Única de Antonina brilha ao vencer a Copa América de Bandas e Fanfarras


Por Luiza Rampelotti Publicado 29/10/2024 às 09h04

Na última quarta-feira (23), a Fanfarra Única de Antonina se reuniu para comemorar uma conquista histórica: o título de campeã geral da Copa América de Bandas e Fanfarras, realizada em Itapema (SC), nos dias 21 e 22 de outubro, reunindo bandas de diversos estados brasileiros e até mesmo do Uruguai. A vitória, resultado de anos de trabalho e dedicação, coroou a trajetória de uma fanfarra que começou pequena, na Escola Municipal Miranda Couto, e hoje se destaca em âmbito nacional.

Dessa vez, conseguimos superar bandas com estruturas impressionantes. Eles têm ônibus lindos, caminhões para transportar os instrumentos, enquanto nós vamos ‘na raça e no peito’. Mas, graças a Deus, estamos melhores do que nos outros anos. Agora temos um transporte de qualidade, fornecido pela Graciosa em parceria com a Prefeitura”, disse Rodrigo Freire, maestro da Fanfarra Única, ao JB Litoral.

A vitória não foi apenas o resultado de uma apresentação impecável, mas a realização de um sonho cultivado ao longo de décadas. Rodrigo faz parte do projeto desde seu início, em 2002, e descreve a conquista como o fruto de um trabalho árduo, semeado ao longo dos anos. “Graças ao que plantamos em 2002, 2012 e 2017, hoje estamos colhendo os frutos. Vocês são a prova viva de que a persistência vale a pena. A base que antes sofreu frustrações em campeonatos passados, agora foi glorificada“, disse.

História da Fanfarra Única

A trajetória da Fanfarra Única é marcada por desafios. De início, eram apenas eventos cívicos na Escola Municipal Dr. Miranda Couto. Mas, com a visão da fundadora Nalva Fonseca Pires Gouveia e a dedicação de Rodrigo, o projeto evoluiu. “Em 2012, o projeto se consolidou como ‘Fanfarra Única’, englobando também alunos da Escola Estadual Altahir Gonçalves, que divide o mesmo prédio com a Miranda Couto”, explicou o maestro.

Nalva atualmente é professora na Escola Miranda Couto e, para ela, a Copa América é a concretização de um sonho. “A vitória nos enche de orgulho, não apenas pelo resultado em si, mas porque conseguimos resgatar jovens que estavam se desviando do caminho certo. É emocionante ver que algo que começamos lá atrás agora se tornou campeão. Para nós, participar de concursos vai além da competição; é uma oportunidade de conhecer novas culturas e pessoas”, comemorou.

Atualmente, a Fanfarra Única se destaca também por seu compromisso com a inclusão. “Hoje, somos uma fanfarra inclusiva, integrando alunos com deficiência e necessidades especiais, e isso nos transformou em uma verdadeira família”, comentou a professora.

O impacto dessa abordagem inclusiva também é percebido no relato de Rosana Ribeiro da Costa Santos, mãe das alunas Mirian, de 11 anos, e Elisângela, de 15. “A Mirian, parte do corpo coreográfico, conseguiu superar o medo de errar. Já a Elisângela, que tem deficiência intelectual, discalculia e dislexia, tocou na Copa América! Nunca imaginei que ela chegaria a esse ponto. Foi uma emoção muito grande!”, contou ao JB Litoral.

Uma grande família

Arielly Armstrong, 18 anos, conheceu a fanfarra em 2022, após se mudar para a Escola Estadual Altahir Gonçalves. Ela logo foi convidada a integrar o grupo como pratista, mas seu desempenho a levou ao posto de Comandante-mor, posição que ocupa há dois anos. Para ela, o projeto vai além da música. “A fanfarra nos ensina disciplina e comprometimento. Os ensaios nos mostram a importância de responsabilidade com horários, algo que me ajuda muito na vida“, disse ao JB Litoral.

Já Victor Alves, 16 anos, teve seu primeiro contato com a fanfarra em 2015. Seu gosto pela música o aproximou da fanfarra novamente em 2023, quando foi convidado por um amigo. “Desde então, faço parte dessa grande família“, contou. Hoje, Victor é líder no projeto e fala sobre a importância do grupo em sua vida. “Esse projeto me ajuda muito, tanto em casa quanto na escola. Mudou minha vida e me fez seguir o caminho certo”, disse.

João Gabriel Pires de Paulo, 18 anos, conheceu a fanfarra muito cedo, aos 6 anos, quando foi convidado pela primeira vez para segurar a flâmula. O vínculo familiar com o projeto – sua tia é a fundadora e o maestro, marido de sua prima – fez com que ele crescesse ao lado da fanfarra. “Em 2017, comecei a tocar, primeiro no prato, depois passei para a lira em 2019“, lembrou.

Para ele, a iniciativa tem um papel importante na vida dos jovens. “Ajuda a manter os jovens longe de coisas erradas, e, ao mesmo tempo, nos distrai de forma saudável e divertida“, disse. A fanfarra também trouxe disciplina e oportunidades de convivência para João, que ressalta a importância de estar em um ambiente onde há respeito e aprendizado constante. “Além da música, aprendemos a conviver em grupo e a lidar com responsabilidades”, disse.

A emoção da conquista

Perguntados sobre a sensação de conquistar o título de campeã da Copa América, os três jovens não esconderam o orgulho e a emoção. Arielly, como Comandante-mor, expressou a magnitude da vitória. “Ganhar o geral foi o auge para nós. Vencer as apresentações foi surreal. Trabalhamos muito para chegar a esse nível, e com o esforço de todos conseguimos trazer esse título para nossa cidade“, disse.

Victor compartilhou do mesmo sentimento. “Foi algo incrível, muito gratificante para todos nós, não apenas para a fanfarra, mas para a cidade como um todo. É um orgulho enorme“, comentou.

Já João relembrou as vezes em que a fanfarra chegou perto, mas não conseguiu o título. “Sempre batíamos na trave, mas dessa vez conseguimos. É um orgulho imenso, tanto para a fanfarra quanto para Antonina“, celebrou.

A conquista da Copa América pela Fanfarra Única também é marcada por uma sensação de vitória coletiva, reforçada pelo apoio da comunidade. Entre os principais aliados do grupo está o vereador Paulo Broska (PSD), que tem sido um grande incentivador ao longo do processo, investindo em instrumentos, uniformes e viabilizando recursos para o futuro da fanfarra por meio de seu mandato.

Vocês são campeões da América! Isso é motivo de muito orgulho para Antonina e para toda a nossa comunidade. E vamos continuar apoiando“, afirmou o vereador, destacando a importância da conquista para a cidade.

Broska também anunciou planos para futuras melhorias, como a aquisição de um novo ônibus para o transporte da fanfarra e a construção de uma sala acústica. “Sempre terão um vereador de portas abertas para apoiar. Até o final deste ano, pretendemos entregar um ônibus para ser usado nos eventos e, em 2025, espero poder entregar a vocês uma sala acústica, onde poderão praticar e ter aulas sem causar incômodo. Estamos buscando os recursos e, se tudo der certo, em breve essa sala será uma realidade“, concluiu.

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