Asilo é interditado por indícios de negligências e maus tratos aos idosos, em Paranaguá
A Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) “Lar dos Idosos Nossa Senhora do Rocio”, em Paranaguá, foi interditado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR), na última semana. Na quinta-feira (10), o proprietário do espaço foi cientificado e, desde então, os cerca de 18 internos estão sendo encaminhados às famílias e/ou acolhidos em outras instituições.
O Lar dos Idosos Nossa Senhora do Rocio está instalado no bairro Tuiuti, e funciona como lar e também como uma creche para os idosos. Ou seja, além de poderem morar no local, eles também podem passar apenas o dia e realizar as atividades propostas. A família responsável precisa pagar uma mensalidade ou a diária para a instituição.
Em 2018, o proprietário do local afirmou, em entrevista à imprensa, que o espaço garantia “excelentes cuidados aos idosos que ali frequentam. Sempre acontecem vistorias da Vigilância Sanitária e o lar está sempre em ótimas condições para melhor atender”.
Como o processo corre em sigilo para preservar os idosos e as testemunhas, não se sabe desde quando o MPPR está investigando a situação. Porém, de acordo com a promotora Camila Adami Martins, a ILPI foi interditada após ação da 4ª Promotoria de Justiça de Paranaguá em razão de diversas irregularidades e de indícios de negligência e maus tratos aos idosos.
O JB Litoral conversou com a filha de um idoso que residia no Lar há cerca de quatro meses – seu nome não será revelado em razão do processo estar em segredo de Justiça. Seu pai tem 67 anos e é portador do mal de Alzheimer.
De acordo com ela, anteriormente, era outra a pessoa responsável pelos cuidados com quem reside no local e, após o seu afastamento, os familiares pararam de receber fotos e vídeos da instituição.
“Foi uma surpresa”, diz filha de idoso
“Quando parei de receber as fotos, já fiquei preocupada. Mês passado, quando as visitas foram liberadas, por conta do coronavírus, achei tudo muito estranho, mas como meu pai não reclamou, pensei: deve ser coisa da minha cabeça”, disse.
No sábado (05), ela foi visitar seu pai e se deparou com a Vigilância Sanitária realizando uma vistoria na instituição. “O proprietário me deu a desculpa de que eles estavam lá por causa do coronavírus. Ele também falou do mal cheiro, que estava acontecendo porque havia entupido os canos do banheiro, mas disse que já estava arrumando. Ele também disse que só tinha meia hora de visita”, relatou.
Passada quase uma semana, na sexta-feira (11), ela recebeu uma ligação do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do município, informando que o local estava interditado. Segundo ela, foi uma surpresa. “Além de tudo, quando coloquei o pai lá, já foi pago adiantado um mês. E o dono, mesmo sabendo da situação, recebeu nossos pagamentos do mês de agosto”, desabafou.
Esse idoso em questão foi transferido para o Lar de Idosos Perseverança, que possui convênio com a prefeitura e abriga aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Em abril deste ano, o espaço já contava com 56 moradores e, agora, o número deve aumentar.