Aumento de casos de coqueluche em Paranaguá: entenda os números e a importância da vacinação
Neste ano, Paranaguá confirmou 13 casos de coqueluche, marcando o retorno da doença à cidade após um hiato de três anos. Segundo um levantamento realizado pelo JB Litoral, o último registro anterior havia sido em 2020, com apenas um caso e, desde então, não haviam sido relatadas novas confirmações, até 2024.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgou na última quarta-feira (4) o boletim semanal que revela um aumento preocupante nos casos de coqueluche, também conhecida como tosse comprida, em todo o Paraná. Desde o início de 2024, foram registrados 302 casos e um óbito no estado. O boletim aponta que a 2ª Regional de Saúde Metropolitana lidera com 185 casos, seguida pela 3ª RS de Ponta Grossa (35 casos), 17ª RS de Londrina (19 casos) e a 1ª Regional de Paranaguá, que registrou 16 casos, incluindo os 13 confirmados em Paranaguá, além de dois em Guaraqueçaba, um em Matinhos e um em Guaratuba.
Em entrevista ao JB Litoral, a médica infectologista da Fundação de Atenção à Saúde de Paranaguá (FASP), Natália Ramos Domino, destaca que o aumento de casos de coqueluche em 2024 é preocupante. Ela também explica que o fenômeno se deve à combinação de fatores: a flexibilização das medidas de isolamento social após a pandemia da COVID-19, a redução da cobertura vacinal e a própria natureza cíclica da doença, com períodos de aumento de casos esperados.
“O último pico de incidências de coqueluche no Brasil ocorreu entre 2014 e 2015. Desde então, até aproximadamente 2019, o número de casos se manteve relativamente estável. Entre 2020 e 2022, houve uma redução, atribuída às medidas de isolamento social e prevenção durante a pandemia da COVID-19. Com a flexibilização das medidas e o retorno às atividades normais, observou-se um aumento geral das doenças respiratórias, incluindo a coqueluche”, diz a médica.
O que é a coqueluche?
A coqueluche é uma doença infecciosa que afeta as vias respiratórias e é causada pela bactéria Bordetella pertussis. A doença é conhecida por suas crises de tosse seca e falta de ar, e pode ser altamente contagiosa. Uma pessoa doente pode transmitir para 12 a 17 outras pessoas através de gotículas eliminadas ao tossir, espirrar ou até ao falar. A transmissão também pode ocorrer por meio de objetos contaminados com secreções de pessoas infectadas.
Os sintomas iniciais da coqueluche podem ser confundidos com os de um resfriado comum, incluindo febre, tosse, coriza, dores no corpo e cansaço. Contudo, sem o tratamento adequado, a tosse pode se intensificar, evoluindo para crises paroxísticas – episódios de tosse intensa que podem ser acompanhados de um guincho característico e, em alguns casos, vômitos. A coqueluche é mais grave em crianças menores de um ano, especialmente aquelas com menos de seis meses, devido ao risco de complicações como a cianose.
“O diagnóstico é feito por meio de exames específicos, como swab nasal para cultura ou PCR. O tratamento é realizado com antibióticos, como a azitromicina, e a profilaxia com vacinação é recomendada para contatos próximos da pessoa infectada”, explica Natália.
Vacinação: a principal forma de prevenção
De acordo com a médica infectologista, a vacinação é fundamental para controlar a coqueluche. No Brasil, a imunização contra a doença é oferecida através da vacina pentavalente e da vacina DTP. A vacina pentavalente protege contra a coqueluche, difteria, tétano, Haemophilus influenzae tipo B e hepatite B, e é administrada em três doses, aos dois, quatro e seis meses de idade. A vacina DTP fornece reforços aos 15 meses e aos 4 anos. A vacina dTpa, destinada a profissionais de saúde, gestantes a partir da 20ª semana de gestação e trabalhadores da educação que cuidam de crianças até quatro anos, é igualmente importante.
Segundo a Sesa, atualmente, as coberturas vacinais para a vacina pentavalente e DTP no Paraná estão em 88,73% e 86,12%, respectivamente, enquanto a cobertura para a vacina dTpa é de 68,93%.
Para Natália Domino, a cobertura vacinal nos últimos anos tem sido insuficiente, com taxas inferiores ao recomendado de 95%. “A vacinação é essencial para prevenir a propagação da doença e proteger a população, especialmente as crianças pequenas, que são as mais vulneráveis”, conclui.
A secretária municipal de Saúde, Lígina Regina de Campos Cordeiro, ressalta que a Secretaria de Saúde vem intensificando o trabalho extramuros para ampliar a cobertura vacinal. “No entanto, é fundamental que os pais levem seus filhos para atualizar o calendário de vacinação. Mesmo com todos os esforços, sem o comprometimento dos responsáveis em garantir a imunização, os resultados não serão alcançados“, conclui.
Veja o esquema vacinal:
- Vacina pentavalente: Imuniza contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo B e hepatite B.
- Crianças: 1ª dose (2 meses), 2ª dose (4 meses), 3ª dose (6 meses)
- Vacina DTP: Previne a difteria, o tétano e a coqueluche.
- Reforço (15 meses), Reforço (4 anos)
- Vacina dTpa: Previne a difteria, o tétano e a coqueluche.
- Todos os profissionais de saúde
- Gestantes a partir da 20ª semana (a cada nova gestação)
- Trabalhadores de saúde que atuam em maternidade, berçários, UTI neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais
- Trabalhadores da educação que cuidam de crianças até 4 anos