Aumento no gás impacta diretamente no valor da alimentação: restaurantes devem subir os preços, em Paranaguá


Por Mayara Locatelli Publicado 23/03/2022 às 12h33 Atualizado 17/02/2024 às 04h30

O reajuste de 16% no preço do gás de cozinha, anunciado pela Petrobrás em 10 de março, assustou os brasileiros e, principalmente, os parnanguaras. O valor chegou a aumentar R$ 15 reais, tanto para a retirada na distribuidora quanto para a entrega (delivery).

Com o aumento, estabelecimentos que trabalham com alimentos, por exemplo, e que necessitam utilizar diariamente o gás viram os custos crescerem da noite para o dia. Este é o caso do restaurante Ballaio Di Frango, cuja proprietária Claudineia Xavier comenta que está precisando reduzir a margem de lucro para continuar mantendo os valores reduzidos para os clientes.

Os nossos custos aumentaram 15% de um dia para o outro. Agora, estamos tentando economizar nos gastos e reduzir a nossa margem de lucro para mantermos os mesmos preços anteriores ao aumento para os nossos clientes”, diz.

Uma das economias realizadas por Claudineia diz respeito à pesquisa de preço. Agora, é preciso entrar em contato com diversas distribuidoras de gás para saber qual apresenta o melhor valor.

O JB Litoral também pesquisou com 10 distribuidoras, em Paranaguá, e descobriu que os valores para retirada na loja estão oscilando entre R$ 100 e R$ 115. Com a taxa de entrega o produto pode chegar a R$ 123. Antes do reajuste, os valores giravam em torno de R$ 92 para retirada e R$ 99 para entrega.

Este aumento, que até pode parecer baixo, faz uma grande diferença principalmente para os restaurantes que trabalham com buffet. No Carmello Gastrô-Bar, que conta com self-service (comida por quilo), a média de consumo de gás é de 100 quilos por semana. O proprietário João Carlos Carmezim notou um aumento de 10% no valor, que passou de R$ 8,25 o quilo para R$ 9,11.

Com os gastos subindo, os alimentos e serviços oferecidos no Carmello também devem encarecer. Para Carmezim, não existe a possibilidade de substituir ou reduzir produtos, pois é “preciso manter o padrão, a qualidade e a quantidade”. “Ainda não reajustei os preços, mas, infelizmente, logo terei que fazê-lo”, afirma.

Teste de sobrevivência para os empreendedores

O presidente da organização Visite Paranaguá, que divulga produtos e serviços da cidade, José Reis de Freitas Neto, diz que os últimos três anos foram um “teste de sobrevivência” para os empreendedores. Com a pandemia, surgiu a demanda por atendimento on-line, o que até ajudou alguns a se manterem, mas com a inflação voltando a pesar no bolso dos brasileiros, houve um aumento generalizado de preços – especialmente no encarecimento da carne e da conta de luz.

José Neto alerta que, agora, o recente aumento no gás interfere ainda mais no preço da alimentação.  Ele também é proprietário do restaurante Casa do Barreado, especializado em cozinha caiçara. Para não assustar os clientes, o empreendimento vai repassar os custos “mais gradativamente” aos consumidores.

De acordo com Nelson Goulart, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) Paraná, “os restaurantes e bares são mais uma vez vítimas destes aumentos absurdos”. E complementa: “o aumento de 15% no diesel (também) gera uma inflação ainda maior nos alimentos e não há como repassar estes valores”. Goulart defende que o governo faça uma reparação aos donos de bares e restaurantes.

Em nota, o Governo do Estado afirmou que desde o início da pandemia implementou linhas de financiamento específicas, pela Fomento Paraná e BRDE, com juros reduzidos e “destinou recursos mensais para mais de 50 mil MEIs e microempresas”. “Por meio da Secretaria da Fazenda, também renovamos os incentivos fiscais e implementamos programas para o parcelamento de dívidas tributárias”, finaliza.