Banco de Rações de Pontal do Paraná já doou seis toneladas à protetores de animais


Por Luiza Rampelotti Publicado 15/03/2023 às 12h13 Atualizado 18/02/2024 às 06h57
Banco de ração, Pontal
A diretora geral da Secretaria de Meio Ambiente, Flávia Deable, destaca a importância das doações para o Banco de Rações de Pontal. Foto: Maria Eduarda Soriani/JB Litoral

Desde fevereiro de 2022, Pontal do Paraná conta com uma Rede de Proteção Animal composta por mais de 20 instituições, com o objetivo de articular entre a sociedade civil, pessoas da causa animal e Poder Público. O intuito é desenvolver medidas de proteção, especialmente em termos de controle populacional de animais.

Além disso, a rede também oferece castração gratuita de pets domésticos, como cães e gatos, atendimentos de urgência e emergência, realização de campanhas ao longo do ano e a doação de ração aos protetores e cuidadores de animais cadastrados, através do Banco de Rações. Do ano passado até atualmente, já foram doadas, aproximadamente, seis toneladas de ração.

Apenas em fevereiro deste ano, o Banco de Rações entregou 712 kg para os 32 protetores cadastrados, sendo 560 de ração para cães e 152 para gatos. Cada cuidador recebeu entre 15 e 60 kg.

Flávia Caroline Deable Zacarias, diretora geral da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca, conta que as rações entregues chegam à Prefeitura em forma de doação realizada por comércios locais e empresas. “O poder municipal depende dessas doações para fazer o repasse às cuidadoras. Se em algum momento elas pararem, não teremos como continuar”, afirma.

Elizandra tem 32 animais


Uma das cuidadoras beneficiadas é Elizandra Regina Andrade Assis, motorista e protetora há 12 anos. Em mais de uma década, ela já resgatou cerca de 400 animais abandonados e/ou em situação de maus tratos, e hoje, possui 32 bichos, entre cães e gatos, em sua casa.

Comecei a cuidar de animais por sentir dó e amor. Até conhecer o trabalho da Prefeitura, em prol da causa, eu fazia tudo sozinha. Até que, com a Rede de Proteção, passei a ter apoio para os tratamentos de urgência, castração e com a ração. O Banco de Rações garante um apoio muito importante, porque é tudo muito caro e como eu tenho dezenas de animais, fica um valor muito alto”, conta.

Elizandra recebe cerca de 35 kg de ração por mês, sendo 20 para cachorros e 15 para gatos. A cuidadora faz questão de destacar que atua de forma independente, cuidando apenas dos animais que ela já tem.

Às vezes, as pessoas vêm no meu portão achando que eu sou uma ONG, mas eu explico que sou protetora, porém independente, só que procuro sempre dividir o que eu tenho com aqueles que me pedem. Hoje eu evito resgatar mais animais das ruas, porque já tenho 32 em casa, mas sempre encaminho para outras cuidadoras, nunca deixo um bichinho sofrendo. Não consigo mais ver a minha vida sem eles, amo cuidar deles”, diz.

Mais de 500 animais resgatados


Outra protetora é Ângela Cristina Bruno, que desde 2009 resgata cachorros em situação de abandono e/ou maus tratos em Pontal do Paraná. Ela relembra que, no início, não havia sequer veterinários na cidade.

A gente não tinha nenhuma espécie de ajuda, comecei fazendo rifas para conseguir comprar remédios. Comprava, muitas vezes, fiado com alguns que conhecem a nossa luta e a necessidade dos animais. Depois, em 2013, foi começando a surgir veterinários nas praias”, comenta.

Ela conta que é o amor pelos cães que a faz se empenhar e se dedicar na sua causa como protetora. Em 14 anos, já foram cerca de 500 cachorros resgatados.

Atualmente, ela cuida de oito cães em sua residência, mas continua resgatando animais, cuidando, tratando enquanto necessário e, em seguida, realizando a doação para tutores. “O Banco de Rações me ajuda bastante, juntamente com a Rede de Proteção Animal. Tem cão que chega a comer um quilo de ração por dia, então imagine a importância dessas rações oferecidas pela Prefeitura. Qualquer quantidade já é muito importante. Quando resgato um animal, me torno responsável por ele, não posso deixa-lo passar fome, então, muitas vezes, tiro do bolso para conseguir suprir as necessidades”, diz Ângela.

Trabalho conjunto


O Banco de Rações da Prefeitura de Pontal é mantido pela doação de seis empresas locais e de uma fábrica de ração, de Curitiba. Um dos comércios da própria cidade é a Agropecuária AgroTop, de propriedade de Marilice Cordeiro da Silva.

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As doações são possíveis graças à colaboração dos comércios locais e empresas. Marilice, proprietária do AgroTop, apoia a causa desde o início. Foto: Maria Eduarda Soriani/JB Litoral

Ela realiza a doação desde o início do Banco e, antes, já doava para as protetoras de maneira independente. “O que me motivou em minha colaboração foi o auto número de abandono de animais em nossa cidade. Conhecendo a dedicação das protetoras, contribuo com o que posso; ração, às vezes medicamentos, promoções etc. Se todos os empresários ajudassem um pouco, não haveriam tantos animais mortos e mau tratados, até a cidade seria muito mais bonita. Por isso, meu apelo é que cada um faça a sua parte, assim, poderíamos atender a todas as protetoras e garantir que não haja animais abandonados nas ruas”, conta.

O Grupo Carzenne é uma fábrica e distribuidora de Curitiba que atua no mercado pet há 20 anos e também colabora com o Banco de Rações de Pontal do Paraná doando 300 kg por mês, há um ano. O gerente de marketing da empresa, Sérgio Henrique Friesen, destaca que a companhia sempre teve o desejo de desenvolver algum trabalho social no Litoral.

Quando recebi o contato da Prefeitura, perguntando se tínhamos interesse em participar dessa parceria, fui pessoalmente conhecer a história das protetoras de Pontal e isso nos conquistou, porque sabemos das dificuldades relacionadas à conscientização sobre abandono e maus tratos. Sendo assim, decidimos contribuir e sabemos o quanto isso tem ajudado e influenciado o pessoal. Tenho certeza que neste primeiro ano já houve uma evolução no que diz respeito à proteção animal, mas ainda temos um trabalho muito longo a ser feito”, relata.