Barreado está entre os três melhores pratos do mundo em ranking internacional


Por Flávia Barros Publicado 13/11/2023 às 06h48 Atualizado 19/02/2024 às 04h33
Morretes - Litoral do Paraná - Barreado. Foto: José Fernando Ogura/ANPr
Barreado foi classificado como um dos melhores pratos do mundo que combina carne bovina e bacon. Foto: José Fernando Ogura/ AEN

Por aqui, todo mundo conhece e ama. Ele é responsável por atrair milhares de visitantes todos os anos, que descem a serra para aquele almoço especial de final de semana. O barreado, que recebeu no final de 2022 o selo de Identidade Geográfica (IG), após longo processo de comprovação de que o prato é típico do litoral paranaense, desde os ingredientes a como é feito, agora alçou voos mais altos.

No último dia 4 de novembro, o barreado conquistou o 3º lugar na categoria Carne com Bacon na badalada e renomada plataforma TasteAtlas, guia on-line de viagens experimentais que mapeia avaliações de usuários e críticas gastronômicas ao redor do mundo. Periodicamente, a plataforma divulga seus rankings e a lista atualizada nos últimos dias levou em consideração as avaliações feitas aos pratos que combinam carne bovina e bacon ao redor do mundo.

As notas poderiam variar de 1 a 5 estrelas e o barreado obteve uma nota geral de 3,9 estrelas, ficando à frente do puchero, uma carne de panela típica da culinária espanhola. Apesar do sucesso do prato caiçara, os rouladens (rocamboles de carne) alemães e o hambúrguer australiano completam as primeiras colocações da lista que destaca os quatro mais bem avaliados do mundo.

Polêmica


Porém, em reportagem divulgada no jornal O Estado de São Paulo (Estadão), o periódico cita que a origem do prato é na região dos Açores, em Portugal, e que há variações no modo de fazer e servir o barreado. Além disso, também trouxe uma receita questionada por José Reis, o Juca, diretor-executivo da Agência de Desenvolvimento do Turismo Sustentável do Litoral do Paraná (Adetur Litoral)

Novamente a história do barreado é contada errada, eis que agora o barreado é açoriano, mesmo com os mestres fandangueiros provando por “a” mais “b” que o fandango do Litoral do Paraná não tem influência açoriana, mas sim espanhola, que, por sua vez, foi onde nasceu o barreado. Como pode uma cultura sem influência cultural açoriana fazer um prato de origem açoriana?”, disse Juca em texto publicado em suas redes sociais.

Dizer que a alcatra da Ilha Terceira (dos Açores, em Portugal) e a nossa são semelhantes? Elementos de cocção, de temperos, de cortes de carnes, no caso carnes com ossos, aí alguém ligou essa alcatra da Ilha Terceira ao barreado, sem nunca ter pisado aqui no Litoral, sendo que um é feito em panela de pressão rudimentar e outro no alguidar no forno. Além disso, elementos de temperos diferentes; não tem vinho no barreado, não tem cominho na alcatra. A falta de contextualização é incrível”, desabafou Juca em sua publicação.

“Crédito a quem merece”


Procurado pelo JB Litoral, o diretor-executivo da Adetur Litoral enalteceu a presença do barreado no ranking internacional. “Dá uma visibilidade importantíssima ao nosso barreado. O que chateia não é nem a questão da execução errada, e sim de tirarem o crédito do caiçara. Não tem nenhum fato histórico levando até os Açores, mas nós temos fatos históricos levando o barreado aos caiçaras, tem comprovação. O restante não, o restante alguém achou que é um prato parecido e ‘deve ser de Açores’”, defendeu Juca.

O diretor também falou sobre as características que tornam o prato o sucesso que ele é. “É um prato muito elaborado. A vedação rústica que mantém o barreado sem queimar, tudo aquilo com a forma única que tem e é isso que eu ressalto. É excelente estar entre os melhores, mas dando crédito a quem merece, que é o nosso caiçara”, finalizou Juca.