Caso Nado: família de morador da Ilha do Mel lamenta nova decisão da justiça


Por Brisa Teixeira Publicado 24/08/2021 às 22h33 Atualizado 16/02/2024 às 11h08

A decisão da justiça em substituir a prisão de Ian Matthews por tornozeleira eletrônica e prisão domiciliar noturna foi motivo de revolta por parte dos familiares e amigos de Reinaldo Valentim. Ian foi o autor do homicídio qualificado de Reinaldo, conhecido como Nado, 49 anos, nativo com deficiência mental e de uma tradicional família da Ilha do Mel. Ele foi brutalmente assassinado pelo turista de Guarulhos (SP), na Praia de Fora de Encantadas, no dia 27 de dezembro de 2020, enquanto saía para o seu passeio de rotina, catando latinhas na região.

Segundo a sobrinha de Nado, Jhenifer Valentim, o sentimento é de injustiça porque a família estava tentando manter o agressor preso até o julgamento, no final do ano. Ela diz que a comunidade está revoltada e informa sobre uma nova manifestação, a ser realizada nesta sexta-feira, dia 27, no período da tarde, na região do trapiche de Encantadas. “Queremos justiça no caso, pedindo para que o Ministério Público ajude a reverter o caso”, diz ela. Além disso, a comunidade está se mobilizando na criação de um abaixo assinado, em duas versões: online para os turistas, que apoiam a comunidade, e impresso para os nativos da Ilha do Mel.

Comunidade em manifestação pedindo justiça pelo Caso Nado. (Foto: Arquivo da família)

O julgamento de Ian, 20 anos, preso em flagrante, deverá acontecer até o final do ano. O que a família de Nado não esperava é que o acusado respondesse em liberdade com o uso de tornozeleira. A concessão da ordem de substituição da prisão do réu foi por meio de um Agravo Regimental em Habeas Corpus, sob a relatoria do desembargador convocado Jesuíno Rissato, em substituição do ministro Felix Fischer.

Para responder ao processo fora da prisão foi determinado pela 1ª Vara Criminal de Paranaguá o pagamento de fiança, estipulado, inicialmente, em R$50 mil, decrescendo para R$11 mil, a serem pagos em 4 parcelas. O assistente de acusação, Giordano Sadday Vilarinho Reinert, advogado que está cuidando do caso, lamenta que a decisão do Tribunal foi por meio do STJ, em Brasília, e não pela justiça local. 

Há esperança numa reversão no caso, em favor da família de Nado, que, segundo o assistente de acusação, cabe agora ao Ministério Público. “Toda a decisão é passível de recurso, por isso, ela irá agora para o crivo do Ministério Público Estadual ou Federal, que poderá opinar sobre essa decisão e, quem sabe, reverte o caso”.

De acordo com o advogado, hoje o processo se encontra com o juiz da 1ª Vara Criminal para análise em relação à pronúncia do réu Ian, que não é uma decisão final e, sim, um encaminhamento para o júri popular.

Para o advogado, é certo que o fato criminoso será objeto de julgamento pelo Tribunal do Júri, composto por sete cidadãos. “Talvez, demore um pouco mais, tendo em vista a substituição da prisão por medidas cautelares, bem como, a possibilidade de diversos recursos. Mas, independentemente do abrandamento da situação do réu, inobstante o claríssimo abalo à ordem pública, só será uma questão de tempo, para o julgamento”, acredita Reinert.