Cidades do Litoral reforçam segurança nas escolas; botão do pânico é implantado em instituições de ensino


Por Luiza Rampelotti Publicado 12/04/2023 às 16h32 Atualizado 18/02/2024 às 09h02

Na semana passada, dia 5, o Brasil recebeu a notícia da tragédia no Centro de Educação Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), onde quatro crianças foram mortas por um homem que invadiu a escola. De lá para cá, mais um ataque à instituição de ensino aconteceu, em Goiás, no qual três alunos ficaram feridos. Além disso, boatos de novas invasões dispararam pelo WhatsApp, criando pânico entre pais e alunos de todo o país.

No Litoral não foi diferente. Desde segunda-feira (10), diversas publicações nas redes sociais falam sobre possíveis ataques às escolas da região. Em Pontal do Paraná, um perfil fake divulgou ameaças ao Colégio Estadual Professor Paulo Freire. Em Guaratuba, a diretora do Colégio Estadual Léa Germana Monteiro, Sofia Rodrigues Coelho Silva, acionou a Polícia Militar após ter recebido um vídeo contendo um alerta geral para possíveis ataques a instituições de ensino na semana do dia 20 de abril. Em Paranaguá, o diretor do Colégio Estadual Porto Seguro, Renan Liporini Rodrigues Garcia, também acionou a PM e relatou que dois indivíduos encapuzados teriam pulado para dentro da escola e ficaram nos fundos da unidade, deixando os alunos apavorados. Contudo, instantes após o comunicado, uma equipe policial adentrou na escola, realizou a averiguação e ninguém foi encontrado, mas algumas testemunhas disseram que viram quando os dois rapazes, vestindo roupas pretas, pularam para fora da escola tomando rumo ignorado.

Paranaguá

Todas essas situações, aliada à evasão escolar enfrentada nesta semana, fez com que os municípios do Litoral se mobilizassem para garantir a sensação de segurança e mais tranquilidade aos pais e alunos. Na terça-feira (11), o prefeito de Paranaguá, Marcelo Roque (Podemos), se reuniu, junto da secretária municipal de Educação, Tenile Xavier, com a Polícia Militar e Guarda Civil Municipal (GCM) para definir medidas preventivas de segurança para as escolas da cidade.

No encontro, foi definido que, a partir desta quarta-feira (12), seria dado início à Operação “Escola Segura”, o que já ocorreu logo pela manhã. A ação deve ficar fixa ao longo do ano letivo de 2023.

Era por volta de 7h30 quando o prefeito atendeu a imprensa, em frente à Escola Municipal Takeshi Oishi, no Parque São João, para falar sobre o começo da ação. “É um dia importante. Estamos reforçando a segurança que já vinha sendo feita nas escolas, aumentando o efetivo de guardas municipais, colocando guardas fixos nas portas das escolas, a ROMU fazendo as rondas, depois da tragédia que aconteceu em Santa Catarina. Vamos fazer esse trabalho nos mais de 25 CMEIs na área urbana, sem falar da área rural e ilhas, e nas escolas municipais, bem como nas instituições particulares e nas filantrópicas. A PM também está fazendo um trabalho nas estaduais”, disse.

Segundo Marcelo, o trabalho de união das forças de segurança serve para aumentar a segurança e trazer tranquilidade para os pais. Ele também advertiu a respeito de fake news publicadas que têm causado pânico na população. “Daqui para frente os guardas ficam fixos nas portas das escolas”, acrescentou.

50% dos alunos deixaram de ir às escolas em Paranaguá

Ao JB Litoral, a secretária municipal de Educação, Tenile Xavier, revelou que cerca de 50% dos alunos da Rede Municipal de Educação deixaram de frequentar as aulas de segunda (10) a terça-feira (11). Com o intuito de brecar a invasão, a operação de segurança foi pensada.

Na segunda sentimos uma baixa de alunos nas escolas e CMEIs, principalmente nos CMEIs. E na terça foi o dia e os dados chaves para que pudéssemos intensificar a segurança da maneira preventiva que está sendo colocada em prática em nossos espaços; houve uma baixa de 50% dos nossos estudantes da rede, incluindo escolas, CMEIs e filantrópicas”, contou.

Operação Escola Segura começou nesta quarta-feira (12), em Paranaguá. GCMs reforçarão a segurança em 63 pontos fixos, atuando durante todo o dia letivo nas escolas e CMEIs. Foto: Prefeitura de Paranaguá

Tenile ressaltou que o direito à educação com segurança é de todos – alunos, professores e comunidade escolar -. “Temos certeza que os familiares terão mais tranquilidade ao deixar seus filhos nas escolas e CMEIs”, completou.

O comandante da GCM, Leônidas Martins, também falou sobre a operação, afirmando que os guardas municipais também farão a segurança das escolas estaduais e particulares, além daquelas pertencentes à rede municipal. “Vamos adentrar as escolas, verificar as proximidades das instituições. Esse trabalho ocorrerá durante todo o ano letivo”, destacou.

Os guardas estão atendendo a 63 pontos fixos entre escolas municipais, CMEIs e unidades filantrópicas. Viaturas também fazem rondas em bairros com escolas estaduais e particulares.

Matinhos

Em Matinhos, desde o dia seguinte ao ataque em Blumenau, quinta-feira (6), a Guarda Municipal está acompanhando o movimento no entorno das escolas e CMEIs, realizando rondas ostensivas. A medida foi uma determinação do prefeito José Carlos do Espírito Santo (Podemos), o Zé da Ecler, que também decretou regime emergencial de segurança nas instituições da rede municipal, de ensino ou não, em que circulem crianças e adolescentes (Decreto nº 1984/2023).

Entre outras ações, o decreto proíbe o acesso de terceiros nas instituições municipais em que haja a circulação de crianças e adolescentes; isto significa que pais e responsáveis devem agendar previamente a visita à instituição e não podem permanecer no local. O documento também garante a permanência de um profissional da área de segurança durante todo o horário de funcionamento da unidade.

O decreto ainda prevê, em cada instituição abrangida por ele, a disponibilização de dois “botões do pânico” – aplicativo da GCM, que dá acesso direto aos agentes, que devem ser acionados em caso de emergência – um em posse da direção do local e outro do profissional de segurança. Além disso, o poder municipal ainda está realizando a contratação emergencial de empresas de segurança privada para as unidades de ensino pelo período de 90 dias.

Matinhos implantou botão do pânico nas escolas e também reforçou a segurança nas unidades de ensino do município. Foto: Prefeitura de Matinhos

Pontal do Paraná

Pontal do Paraná também passou a reforçar a segurança nas escolas e CMEIs a partir do dia 6, quando equipes da GCM passaram a intensificar o patrulhamento nas regiões escolares, além de destacar agentes fixos para as unidades de ensino. O prefeito Rudão Gimenes (MDB) afirmou que as medidas visam prevenir possíveis ataques ou situações que possam colocar as crianças e profissionais em risco.

Já na terça-feira (11), o poder municipal realizou uma reunião, junto com as forças de segurança, autoridades e equipes da Educação, para tratar de modo mais específico o assunto. Uma das ações imediatas definidas no encontro foi a instalação de um “botão do pânico” nas escolas.

O botão virá acompanhado de um treinamento para os diretores, professores e funcionários das instituições de ensino sobre como proceder em uma possível situação real de perigo. Serão feitas, também, palestras de conscientização nas escolas, atingindo, inclusive, as famílias dos alunos”, disse o prefeito.

Durante a reunião, a secretária municipal de Segurança Pública, Any Messina, informou que a Guarda Municipal possui um celular exclusivo para atender demandas do setor de educação, com WhatsApp à disposição das instituições de ensino e da população, pelo número: (41) 93500-8110. “Assim que o guarda da base receber as informações, imediatamente elas serão repassadas para as viaturas que estejam no patrulhamento”, comentou.

A Polícia Civil de Pontal também está trabalhando para investigar as ameaças feitas através das redes sociais às unidades escolares. O delegado Thiago França Nunes destacou que qualquer tipo de ameaça ou informação que possa causar pânico na população está sendo investigada.

Além da Civil, a Polícia Militar também está atenta à situação nas escolas da cidade. Segundo o sargento Eleanderson Oliveira, a corporação está realizando patrulhamento ostensivo nas proximidades das instituições de ensino, abordando possíveis suspeitos e intensificando o trabalho nos horários de entrada e saída.

Em Pontal, botão do pânico também será implantado nas escolas. Foto: Prefeitura de Pontal

Antonina

A Prefeitura de Antonina também informou que o único CMEI da cidade, o Dona Leonor Withers Cordeiro, passou a contar com a presença de dois seguranças do início até o fim das atividades letivas, desde segunda-feira (10). “Essas ações proporcionam mais segurança para nossas crianças, pais e responsáveis e aos funcionários da escola”, afirmou em publicação.

No entanto, ações de prevenção e reforço de segurança nas demais escolas da rede municipal não foram citadas.

No CMEI de Antonina, dois seguranças ficam na unidade durante todo o dia. Foto: Prefeitura de Antonina