Com 22 anos, Feira da Partilha realiza sonhos e dá ânimo para que projetos sigam fazendo a diferença na vida das pessoas


Por Flávia Barros Publicado 08/06/2023 às 00h05 Atualizado 18/02/2024 às 13h36

Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto, é realidade”. A frase do cantor e compositor Raul Seixas é lema da Feira da Partilha, desde que surgiu a ideia de transformar produtos apreendidos pela Receita Federal em verba destinada a entidades assistenciais. Criada há 22 anos para ajudar, organizar e agrupar várias insituições carentes de uma região, a Feira da Partilha organiza mercadorias que foram objeto de tentativa de fraude em inúmeros benefícios para as organizações favorecidas. Para participar, os critérios são rígidos e bem definidos. Tudo para garantir que o objetivo do projeto seja alcançado, beneficiando cada vez mais pessoas.

Ajuda para um caminhar independente

Para a idealizadora e coordenadora do projeto, Regina Daux, a base da feira é acreditar que a mobilização de pessoas e de ações voluntárias, em auxílio à comunidade, podem transformar a difícil realidade das entidades assistenciais e das pessoas que delas necessitam. Além disso, a intenção é incentivar e promover meios pelos quais as entidades se tornem autossustentáveis e, consequentemente, mais independentes e menos carentes.

O JB Litoral conversou com Regina Daux e ela avaliou os 21 anos de feira.  

Nossa Feira da Partilha é dinâmica, estamos sempre atualizando e melhorando. Cada edição é diferente da outra, temos hoje uma equipe de primeira, que ajuda Lisangela e eu na coordenação. Pessoas voluntárias que, de corpo e alma, querem melhorar a situação das entidades assistenciais do Litoral do Paraná”, disse.

Realizando sonhos

Para Regina, a maior satisfação é poder contribuir para realizar sonhos.

São centenas de conquistas, milhares de pessoas ajudadas diretamente. São sonhos que de outra maneira seria impossível realizar. A primeira pergunta que fazemos aos dirigentes das entidades é: ‘qual o maior sonho da entidade de vocês?’, e eles respondem com um brilho no olhar o que é mais sonhado e urgente. Não dá pra escolher ou enumerar, cada entidade é única e os sonhos são diferentes”, explicou.

A feira mais recente foi organizada em janeiro, mas as edições não cumprem uma quantidade específica por ano. “Deixamos de contar o número de Feiras da Partilha porque foram muitas nesses 21 anos. Cada Feira atende dezenas de entidades de cada vez. Acredito que cada edição ajuda, em média, 2.000 pessoas diretamente”, estimou a coordenadora.

Ampliar

Mas os sonhos não são apenas de quem está à frente de instituições e dos voluntários, a coordenadora do projeto também sonha.

Meu sonho é que a Feira da Partilha se espalhe por todo Brasil e que, de alguma maneira, possamos devolver para a sociedade o que tentaram tirar dela por meio do contrabando e descaminho. Nossa Feira da Partilha é a união de entidades que solicitaram individualmente doações à Receita Federal do Brasil, mas que optaram por realizar a feira junto com outras instituições”, finalizou Regina Daux.

Resultados

As instituições contempladas em janeiro começam a alcançar os objetivos graças às doações.

Os resultados são mostrados nas redes sociais da Feira da Partilha, a exemplo da Associação Boas Novas, através do Projeto Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que atende, atualmente, 169 famílias do Beira Rio e Vila Guarani, com doação de cestas básicas, sopão solidário para famílias com menores de 12 anos, oficinas de trabalhos manuais para mulheres e atividades sociointegrativas para crianças e adolescentes.

Também em Paranaguá, o Projeto Social Ágape, que conseguiu a construção da sede com recursos de edição anterior da Feira da Partilha, agora, conquistou os móveis para equipar a sede para dar início aos atendimentos.

Já em Pontal do Paraná, a Feira da Partilha proporcionou o retorno de atendimentos da única entidade pública que atende alunos da educação especial e com Centro de Equoterapia

A etapa do telhado, calhas, rufos, reboco e muretas de proteção do telhado já está quase finalizada”, disse ao JB Litoral a diretora da Escola Municipal Ilha do Saber, Lizmari Simioni.

Foi para essa etapa que fomos contemplados com a participação na Feira da Partilha. Para a conclusão da obra ainda falta muito, mas o que está pronto até agora nos proporcionou a retomada do uso do prédio da APF- Associação de Pais e Funcionários da Escola Ilha do Saber – modalidade de Educação Especial. Hoje funciona o Centro de Equoterapia, que atende atualmente 62 crianças, não só da nossa escola, como também autistas do CMEIs do município e alunos das salas de recursos”, detalhou a diretora.

Mais ânimo

Lizmari Simioni também contou que a possibilidade de retomar os atendimentos e ampliá-los foi o ânimo que a instituição precisava para seguir em frente.  “Estamos muito animados com essa etapa do telhado, estamos trabalhando sem interrupções. O uso do barracão com o telhado finalizado proporcionou os atendimentos, que somam 108 sessões ao mês, com uma fila de espera bem grande” afirmou.

O investimento para as obras do telhado do prédio, de 900 metros quadrados, foi de R$ 90 mil em espécie e outros R$ 30 mil em mercadorias, que seguem sendo vendidas.