Crianças indígenas participam de oficina de história em quadrinhos, em aldeia de Pontal do Paraná


Por Flávia Barros Publicado 27/10/2022 às 21h33 Atualizado 17/02/2024 às 20h21

Elas fazem parte da vida da maioria das pessoas, geralmente são responsáveis pela iniciação e o gosto pela leitura.  As histórias em quadrinhos no formato empregado até hoje surgiram no final do século 19.  A primeira delas, de autoria do americano Richard Outcault, foi publicada nos Estados Unidos em 1894, em uma revista chamada Truth. Alguns meses depois, o jornal New York World começou a publicá-la oficialmente.

Fato é que as histórias em quadrinhos conquistaram adeptos ao redor do mundo, que resistem ao tempo e à “digitalização” de tudo, sendo uma das formas de expressar traços característicos de cada cultura onde são editadas. E é com esse encanto que os pequenos pontalenses frequentam as oficinas de histórias em quadrinhos, que é uma das oficinas culturais promovidas pela secretaria de Esportes, Cultura, Lazer e Juventude da cidade.

AS AULAS

As oficinas ocorrem na Biblioteca Pública Municipal Abílio João Vizzoto, do balneário Ipanema, na aldeia indígena Guaviraty, no balneário Shangri-lá, e são ministradas pelo cartunista Roberto Correa, que possui 22 anos de experiência. As aulas acontecem há um ano e são frequentadas, atualmente, por 28 alunos, sendo 12 na biblioteca e 16 na aldeia. Segundo o cartunista, a recepção das crianças foi ainda melhor do que o esperado.

A maioria das crianças já desenha e tem suas preferências de estilo de desenho e personagens, mas algumas chegam para aprender do início. Nas primeiras semanas já é possível aprender a desenhar alguns personagens. Uso a técnica de Brainstorm (tempestade de ideias) com eles para criar personagens e roteiros usando a linguagem dos quadrinhos. Isso instiga muito a imaginação deles. Já temos três histórias em quadrinhos em andamento”, disse Roberto Correa.

REPRESENTATIVIDADE

De acordo com a prefeitura, na aldeia também há outros professores, inclusive um de Tupi-Guarani, a língua oficial daquela etnia. Ele e os demais docentes que ensinam as disciplinas curriculares, como português e matemática, trabalham em conjunto com as oficinas de quadrinhos. “Os pequenos indígenas se divertem muito com os desenhos. Fazem muitos sobre plantas, peixes, animais e tudo mais que faz parte do dia-a-dia deles. Temos exemplo de criança que até cola os desenhos ao redor da casa”, reportou a assessoria de comunicação de Pontal. Para o cacique Mariano Acosta Pereira, as quartas-feiras, dia em que acontecem as oficinas, são dos dias mais esperados pelas crianças indígenas. “As crianças amam as aulas de desenho e quadrinhos. Os pequenos ficam esperando a semana inteira por elas”, contou.

Na última terça-feira (25) as oficinas de Pontal receberam uma doação de gibis para começar o acervo da futura gibiteca. Segundo a Prefeitura, a estrutura ficará no balneário Ipanema.