Depois de voltar às salas de aula, professor acusado de assédio é novamente afastado


Por Luiza Rampelotti Publicado 20/08/2022 às 23h59 Atualizado 17/02/2024 às 15h36

No dia 3 de agosto, o professor de geografia do Colégio Estadual Instituto Dr. Caetano Munhoz da Rocha, em Paranaguá, Inácio Daunfenbach, de 55 anos, voltou a lecionar nas salas de aula da escola, conforme noticiamos aqui. O profissional havia sido afastado pelo Núcleo Regional de Educação (NRE) em 5 de julho, após acusações de assédio feitas pelos alunos.

Porém, o retorno à profissão não durou muito. Na terça-feira (16), o JB Litoral recebeu a notícia de que o professor havia sido novamente afastado das atividades educativas.

A equipe de reportagem vem acompanhando o caso desde o seu início, em junho, quando o Batalhão da Polícia Escolar Comunitária (BPEC) foi acionado para atender uma ocorrência onde alunos teriam cercado um professor e ameaçado agredi-lo no Instituto. O Boletim de Ocorrência informou que os estudantes relataram à equipe policial diversas situações relacionadas à assédio sexual que teriam sido cometidas por Inácio ao longo dos anos.

Segundo o documento, os alunos e a diretoria foram orientados a fazer uma reunião com os pais e responsáveis dos envolvidos, para que, dessa forma, as denúncias fossem representadas legalmente na Delegacia Cidadã de Paranaguá. Na manhã de 1 de julho, os estudantes realizaram uma manifestação em frente ao NRE e Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP), pedindo o afastamento e a apuração das denúncias sobre os possíveis casos de assédio.

Na época, o JB Litoral teve acesso a outro B.O., realizado em setembro de 2018, no qual uma ex-aluna da mesma instituição acusava o professor por importunação ofensiva ao pudor. Segundo o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria), o Boletim de Ocorrência passou pelo Fórum de Justiça e, desde então, o Ministério Público analisa o processo em sigilo.

Na época, um grupo de estudantes veio fazer o Boletim de Ocorrência, porém, depois ninguém mais foi encontrado para prestar mais esclarecimentos”, comentou a delegada do Nucria, Maria Nysa Moreira Nanni, à reportagem.

Retorno às salas de aula

Depois da manifestação dos alunos, em 1 de julho, a direção da escola relatou ao JB Litoral que uma sindicância foi aberta junto ao NRE, com o objetivo de tomar as devidas providências sobre o caso. Enquanto isso, o professor ficaria afastado das atividades por um período indeterminado.

No entanto, no último dia 3, o professor foi avistado lecionando nas salas de aula do Instituto. Os alunos novamente manifestaram seu descontamento nas redes sociais.

O JB Litoral trouxe uma reportagem, no site, informando a respeito da volta do professor às atividades, no dia 8 de agosto. No dia seguinte (9), o vereador Irineu Cruz (Republicanos) falou na Câmara dos Vereadores sobre a situação.

O parlamentar protocolou na Casa de Leis o Requerimento nº 0314/2022, solicitando ao secretário da Educação do Paraná, Renato Feder, com cópia para o chefe do NRE, professor Adauto Félix Santana, “informações sobre o resultado da sindicância aberta para apuração de suposto crime de assédio sexual envolvendo o professor de geografia Inácio Daufenbach”. Além disso, o vereador pediu o afastamento imediato do mesmo até que haja a conclusão do caso pela Polícia Civil.

Assim sendo, obtivemos a informação do Núcleo Regional, através do diretor, que foi realizado o afastamento imediato do mesmo e também da Secretaria de Educação do Estado do Paraná, onde enviamos um e-mail, solicitando uma resposta oficial, pelo que estamos aguardando”, informou Irineu Cruz ao JB Litoral na terça-feira (16).

Consultado pela reportagem, o chefe do NRE explicou que o afastamento do professor já estava programado, sem mudanças nos fatos ou provas relacionados ao caso: “é uma questão processual que continua em análise da assessoria jurídica na Secretaria Estadual de Educação”, finalizou.

A Polícia Civil também foi procurada e informou que instaurou um inquérito policial para investigar o caso. Por se tratar de uma situação ocorrida no passado, estão sendo realizadas diligências para a apurar os fatos.

O JB Litoral também procurou Inácio Daunfenbach, dando a oportunidade para que ele explicasse sua versão a respeito das acusações de assédio sexual que está enfrentando. No entanto, até a conclusão desta reportagem, não houve retorno.