Documentário do “Caso Evandro” faz Secretaria de Justiça pedir investigação sobre tortura


Por Marinna Prota Publicado 02/07/2021 às 12h24 Atualizado 16/02/2024 às 06h42

O desaparecimento do menino Evandro em Guaratuba em 1992 segue sendo pauta de discussão. Nesta semana, a secretaria de Justiça, Família e Trabalho do Paraná determinou a criação de um grupo de trabalho, para que seja investigada a suspeita de tortura dos sete acusados de sequestrar e matar Evandro. Segundo o secretário da pasta, o documentário sobre o caso fez com que ele tomasse providências.

Conforme contado aqui no JB Litoral, o inquérito policial feito na época dos fatos foi contestado no documentário produzido, baseado no podcast Projeto Humanos: Caso Evandro, com fitas recuperadas das possíveis torturas sofridas pelos sete acusados.

O secretário de Justiça, Família e Trabalho do Paraná, Ney Leprevost, determinou, após assistir a obra televisiva, que o Departamento de Direitos Fundamentais criasse um grupo de trabalho para apresentar um relatório com sugestões ao Poder Judiciário e ao Ministério Público do Paraná com relação aos acusados pelo crime, que teriam confessado o envolvimento sob tortura.

Entre os acusados estão Beatriz e Celina Abagge, filha e esposa do então prefeito de Guaratuba Aldo Abagge. Elas lançaram recentemente um livro, onde reafirmam a tese de que foram torturadas para confessarem o crime. O corpo da vítima foi encontrado em 11 de abril, num matagal da cidade, sem vários órgãos, com mãos e pés amputados, além das vísceras e coração arrancadas.

Os acusados enfrentaram um extenso processo judicial, incluindo o mais longo júri da história da justiça brasileira, sendo 34 dias de julgamento. No veredito foram consideradas inocentes. Em 1999 o júri foi anulado, com novo julgamento realizado 13 anos depois, em 28 de maio de 2011, condenando os envolvidos. Porém, em 2020, um novo material trouxe luz ao caso e comprovou a ocorrência de tortura para as confissões que basearam a acusação.

O que mais está por vir?


Além da solicitação de criação do grupo para elaboração do relatório, que deve contar com Ministério Público do Paraná e com o Poder Judiciário, a Ordem dos Advogados do Brasil do Paraná e o Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Leprevost afirmou que o Estado deve desculpas à família Caetano por até agora ainda não ter conseguido solucionar o crime e não descobrir que foram os verdadeiros culpados.

“Temos que fazer algo, a sociedade não pode se calar diante disso, porque se essas pessoas foram inocentes elas precisam ter o nome limpo e receber uma indenização”, disse o secretário de Justiça.

Quem são os sete acusados?

  • Celina Abagge, esposa do prefeito;
  • Beatriz Abagge, filha do prefeito;
  • Osvaldo Marcineiro, pai de santo;
  • Vicente de Paula Ferreira, ajudante do pai de santo;
  • Davi dos Santos Soares, artesão;
  • Francisco Sergio Cristofolini, vizinho e dono do imóvel onde Marcineiro morava;
  • Airton Bardelli, funcionário da serraria da família Abagge.