“Ele só queria voltar para casa”, diz mãe de jovem atingindo por bala perdida na Vila Guarani


Por Publicado 21/11/2021 às 18h08 Atualizado 16/02/2024 às 19h52

Tem feito parte do noticiário diário do litoral os números da violência, na maior cidade da região. Desta vez, dois menores foram vítimas de tiros na ponte da Vila Guarani, na tarde da última sexta-feira (19), um por suposta execução e outro, bala perdida.

De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO), populares afirmam que um atirador teria disparado contra Eliel Gonçalves Correia, de 16 anos, o qual não resistiu aos ferimentos dentro da ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e um outro adolescente, Allysson Santos Machado, sem qualquer relação com Eliel, foi alvejado por apenas estar próximo do local do atentado.

A vítima fatal estava em uma motocicleta, que acabou sendo roubada pelo suspeito. Ela chegou a ser encontrada pela polícia, enquanto o suposto atirador sumiu por um matagal.

O estudante Allyson, que chegou a ser identificado, pelas autoridades policiais, como uma outra pessoa com ficha criminal, está internado no Hospital Regional do Litoral (HRL) para cuidar dos ferimentos. Até o sábado (20), seu estado de saúde havia melhorado, segundo contou sua mãe, Roseneide Cardoso à reportagem, enquanto acompanhava o filho no hospital.

A moto encontrada foi encaminhada ao plantão da Delegacia Cidadã, que deve dar sequência às investigações.

JB ouviu família

Como o caso ganhou grande repercussão, principalmente pelas informações desencontradas, acerca da identidade e idade dos baleados, o JB Litoral procurou a família do adolescente, que estava no HRL, para entender um pouco mais do perfil do jovem.

De acordo com relato de vizinhos, o menino, que completou 15 anos em outubro, é bastante conhecido na região e considerado um bom estudante. Atualmente, cursa o 8º ano do Ensino Fundamental no Colégio Estadual Zilah dos Santos Batista e deseja terminar logo os estudos para começar a trabalhar e conseguir auxiliar a família com uma renda extra. Outro ponto levantado é a busca do adolescente por uma oportunidade em programas como Menor Aprendiz, já que ele deseja iniciar sua jornada profissional o mais breve possível. Conhecido pela boa índole, uma das suposições da confusão nominal, causada na informação repassada pelas autoridades policiais, segundo sua mãe, é a de que um outro rapaz, residente no mesmo bairro, quando abordado por agentes, afirma ter o mesmo nome daquele que foi vítima da bala perdida.

Por isso, os profissionais de segurança teriam sido induzidos ao erro, quando interpretaram que o jovem que “apronta” na região, foi o mesmo que acabou sendo vítima desses disparos na ponte.

Líder comunitária: “ele é de boa criação”

A presidente da Associação de Moradores do Jardim Iguaçu, Fernanda Mara dos Santos, diz que se espantou com o ocorrido porque passaria na ponte um pouco depois do crime. Segundo a presidente, os tiros foram ouvidos por volta das 13h40 e a surpresa se deu porque um dos meninos baleados, o Allysson, é uma pessoa muito tranquila. “Ele estava de bicicleta, mas sempre pega ônibus. Os dois jovens não se conheciam, eles não têm vínculos. O atirador queria atingir o que estava na moto e o outro, que não tinha nada a ver, acabou sendo alvejado também. Foi bala perdida”, explica Fernanda.

A líder comunitária acredita que toda a situação tenha sido uma triste coincidência, mas que o menino está se recuperando bem. “O ferimento dele foi no ombro, não no pulmão. Mas ele está melhorando. Fico feliz porque todo mundo o conhece. É um menino que não mexe com ninguém, não chega nem perto das coisas dos outros. É um rapaz que todos veem pela rua brincando, de boa criação e está estudando direitinho. A família veio há muito tempo para cá”, relata.

A mãe do menor, conhecida por Deleide no bairro, relata que é um momento delicado para a família, mas que ele segue em processo de recuperação. “Foi bala perdida. Ele estava indo para casa, depois de fazer um trabalho de escola. Meu filho só estava passando quando começaram a atirar e não deu tempo de nada. Estou indignada com o que ocorreu. Não estou com cabeça para nada, para falar sobre isso neste momento. Mas foi uma história terrível, ele estava voltando para casa depois de ter estudado”, lamenta a mãe do menino que segue internado.