Fantástico mostra empresa de Paranaguá como exportadora de madeira ilegal


Por Redação Publicado 06/06/2023 às 10h24 Atualizado 18/02/2024 às 13h22

Uma reportagem especial exibida pelo programa Fantástico, da Rede Globo, na noite de domingo (4), revela um esquema para legalizar madeira nobre que é resultado de desmatamento na Amazônia e mostra uma empresa de Paranaguá como responsável por exportar para países como Índia e Coreia do Sul. A Neo Wood nega ter praticado irregularidades.

A reportagem em vídeo mostra como os chamados créditos de madeira são usados de forma fraudulenta. Uma carga de ipê – madeira brasileira mais apreciada no exterior – foi apreendida no Mato Grosso por causa de uso de nota fiscal falsa, em 2019. Por não ter onde guardar a apreensão em condições adequadas, a Justiça concordou em deixar o caminhão carregado com a madeireira, mediante o pagamento de R$ 109 mil como caução, até que houvesse desdobramento do processo.

Contudo, a carga apreendida acabou saindo do Mato Grosso e chegando ao porto de Paranaguá, de onde partiu, em maio de 2022, de navio para outros países. As notas fiscais apontam que as vendas totalizam mais de R$ 349 mil, muito mais do que o gasto com o caução. Na reportagem aparecem agentes do Ibama visitando a sede da empresa na rua Rodrigues Alves, no Centro Histórico. Em nota enviada ao Fantástico, a Neo Wood afirmou que desconhece a origem ilegal da madeira e que suas atividades atendem as normas ambientais.

Dono também foi denunciado


Além da empresa, seu administrador, Tierci Tadeu Schmidt, também foi denunciado pelo crime de aquisição de madeira ilegal, falsidade ideológica e uso de documento falso. Contudo, segundo ele, o carregamento havia sido adquirido por meio de leilões das prefeituras das cidades paraenses de Novo Progresso e Itaituba, que teriam recebido a madeira como doação pelo Ibama.

O IBAMA, porém, apurou que não existiu doação e muito menos os leilões citados e que, embora as guias florestais sejam verdadeiras, foram emitidas com dados falsos. “A falsificação em questão foi a mais grotesca já vista em 12 anos de trabalhos no Ibama”, afirmaram os servidores do órgão em relatório sobre o caso.