Grande Reserva Mata Atlântica: litoral paranaense e estados vizinhos possuem a maior área contínua preservada do planeta


Por Cleverson Teixeira Publicado 03/07/2024 às 14h33
Serra do Mar. Foto: José Fernando Ogura/ANPr
A proposta da Grande Reserva Mata Atlântica é fazer com que a extensa área de preservação ambiental seja reconhecida nacional e internacionalmente como um destino turístico pautado na conservação da natureza e na valorização cultural e histórica. Foto: José Fernando Ogura/ANPr

A histórica cidade de Antonina, localizada aos pés da Serra do Mar e conhecida por abrigar o Pico Paraná, o mais alto do sul do Brasil, foi o ponto central de importantes debates sobre a preservação ambiental nas últimas semanas. O município sediou o Seminário Estadual de Serviços Ecossistêmicos, um evento promovido pela Prefeitura e patrocinado pela Itaipu Binacional. A conferência reuniu gestores públicos, especialistas, ambientalistas e estudantes para discutir, em quatro dias, temas ligados à biodiversidade, às estratégias de conservação, ao uso dos recursos naturais e aos lucros obtidos por meio da preservação ambiental.

Um assunto bastante recorrente durante o seminário foi a Grande Reserva Mata Atlântica, a maior área contínua preservada do planeta, totalizando mais de dois milhões de hectares conservados, entre os estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Diante disso, o JB Litoral conversou com o turismólogo Marcos Cruz Alves, para entender melhor essa temática, a qual faz parte da vida dos moradores do litoral paranaense e demais regiões.

Além de ter sido um dos responsáveis pelo projeto, que tem como objetivo alavancar o setor de turismo de Antonina, atualmente Marcos é coordenador da Rede de Portais da Grande Reserva, uma plataforma colaborativa que estimula ações voluntárias entre representantes de diversas instituições e organizações da sociedade civil. “Eu auxiliei no Plano de Desenvolvimento Turístico da cidade. E uma das ações desse plano era, justamente, a de ver não somente o ambiente do município, mas também o seu entorno. Era uma proposta de criar uma rede de cidades históricas do Litoral, abrangendo Antonina, Paranaguá, Morretes e Guaraqueçaba. Nessa época, eu tive contato com o pessoal que estava iniciando a proposta da Grande Reserva Mata Atlântica. Então, é um recorte contínuo envolvendo Paraná, São Paulo e Santa Catarina. São 60 municípios que compõem o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do planeta”, ressaltou.

De acordo com ele, a Grande Reserva Mata Atlântica é tão importante quanto o Pantanal e a Amazônia, contudo, até o início do projeto, não existia uma proposta de destino turístico consolidada para a área. “E foi aí que eu me perguntei: ‘Como é que não pensamos nisso antes?’ Então, quando apresentaram a proposta dessa iniciativa, eu, o prefeito de Antonina e o secretário de Turismo conversamos para mudar essa abordagem de criar apenas uma rede de quatro municípios como cidades históricas, desenvolvendo, assim, uma rede com outros territórios”, complementou.

Marcos Cruz Alves é turismólogo e coordenador da Rede de Portais da Grande Reserva. Foto: Juan Lima/JB Litoral
Marcos Cruz Alves é turismólogo e coordenador da Rede de Portais da Grande Reserva. Foto: Juan Lima/JB Litoral

VISIBILIDADE INTERNACIONAL


A proposta da Rede de Portais da Grande Reserva Mata Atlântica é fazer com que a extensa área de preservação ambiental seja reconhecida nacional e internacionalmente como um destino turístico pautado na conservação da natureza e na valorização cultural e histórica.

O turismólogo não deixou de comentar sobre a relevância do processo de preservação ambiental, além de comparar o tema com outros setores da sociedade. “A Grande Reserva é um modo produtivo tão importante quanto a indústria, a mineração, a pecuária e a agricultura. Só que a diferença, nessa alternativa de desenvolvimento, é que partimos de um ciclo virtuoso, ou seja, por meio de grandes áreas protegidas – que têm ecossistemas completos, belíssimas paisagens – você gera uma base para o desenvolvimento do ecoturismo, da agroecologia, da inovação, das práticas restaurativas. Isso beneficia, principalmente, a comunidade do entorno”, afirmou.


REDE ABERTA E PRÊMIOS


De acordo com os idealizadores, a Rede da Grande Reserva surgiu em 2018. No início, participavam do projeto apenas oito pessoas. Atualmente, ela é aberta e desenvolvida também para evidenciar as mais de 800 pessoas envolvidas. “Isso tem trazido muita visibilidade e muito reconhecimento. A Grande Reserva, por trabalhar com essa governança e abordagem, fez com que ganhássemos, em 2023, o Prêmio Braztoa de Sustentabilidade, que é concedido pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo”, contou Marcos Cruz.

E a premiação não se limita apenas ao âmbito nacional. Em abril deste ano, o projeto Grande Reserva Mata Atlântica ganhou o Prêmio Internacional de Turismo Responsável, durante a WTM Latin América, em São Paulo. O evento ocorre todos os anos e tem como intuito mostrar inovações, além de oferecer produtos, destinos, tecnologia de ponta e oportunidade de negócios. “Em 2024, conquistamos o prêmio WTM, que reconheceu esse modus operandi de ser inclusivo e com uma governança consistente. É isso que a gente traz enquanto Grande Reserva”, concluiu o turismólogo Marcos Cruz Alves.

Vale destacar que é possível acessar o Portal da Grande Reserva por meio do site: www.grandereservamataatlantica.com.br. Por lá, são disponibilizadas informações sobre visitas, eventos, participação no projeto, além de detalhes a respeito de como apoiar a iniciativa.

Na foto, Guaraqueçaba, que faz parte da Grande Reserva Mata Atlântica. Foto: Gabriel Marchi
Na foto, Guaraqueçaba, que faz parte da Grande Reserva Mata Atlântica. Foto: Gabriel Marchi

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