Irmãos PMs e um terceiro policial são denunciados à Justiça por envolvimento em possíveis crimes de tortura


Por Redação Publicado 08/02/2023 às 21h02 Atualizado 18/02/2024 às 04h28
Irmãos gêmeos seguem afastados das funções; eles já haviam sido denunciados pelo MPPR por porte ilegal de arma de fogo, e agora por tortura. Foto: Reprodução / Redes Sociais

Os irmãos gêmeos policiais militares 2º sargento Ricardo Chiarello Marquesi e soldado Rodrigo Chiarello Marquesi, presos em 30 de agosto de 2022, e um terceiro militar estadual, o cabo da PM Sidney Vettori de Moura foram denunciados criminalmente pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná (MPPR), conforme divulgou o MP, nesta quarta-feira (8). As denúncias foram recebidas pelo Juízo da Vara da Auditoria Militar de Curitiba e o caso vem sendo acompanhado e noticiado pelo JB Litoral desde setembro do ano passado.

CRIMES E PRISÃO DO TERCEIRO PM

Cabo Sidney Vettori de Moura é o terceiro policial preso na Operação do Gaeco; ele foi denunciado, junto aos gêmeos, por possível crime de tortura. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Ainda de acordo com o MP, a primeira denúncia contra os irmãos gêmeos relata fatos ocorridos em 14 de maio de 2021, em Pontal do Paraná, quando os denunciados teriam entrado em uma residência por suspeita de que lá moraria uma mulher vinculada ao tráfico de drogas. Segundo a denúncia, os PMs teriam mantido o companheiro da mulher sob agressões e torturas por cerca de 40 minutos, com o objetivo de conseguir informações sobre o tráfico de drogas. Um dos réus gravou parte do episódio. Ambos foram presos em flagrante na Operação Fish, em agosto do ano passado.

A segunda denúncia envolve os gêmeos e o cabo Sidney Vettori de Moura. Conforme o documento a que o JB Litoral teve acesso, o trio foi denunciado pelo MP por uma segunda ocorrência de tortura, dessa vez em Guaratuba. Em 29 de agosto de 2022, véspera da prisão dos gêmeos, os réus teriam entrado em duas casas, torturado dois moradores (um deles diante da esposa grávida, que também teria sido agredida) para que indicassem onde estariam escondidas drogas no local. O terceiro policial envolvido nesse fato foi preso preventivamente na semana passada, em 3 de fevereiro, durante operação conjunta entre Gaeco e Corregedoria da Polícia Militar, todos os denunciados estavam lotados na Rotam, em Guaratuba.

PERIGOSOS

Na denúncia feita pelo MP, os irmãos gêmeos representam periculosidade e risco à ordem pública, em que, além dos crimes de tortura, são réus por de porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas. “Crimes estes praticados na companhia de outros policiais militares e que revelaram que a sociedade de Guaratuba se encontrava à mercê da criminalidade institucionalizada“, diz trecho da denúncia enviada à Vara da Auditoria Militar.

O QUE DIZ A PM

Após a divulgação das novas denúncias e prisão do terceiro policial, o JB Litoral voltou a procurar a Polícia Militar do Paraná, que se manifestou por meio de nota. Segundo a PM, “por meio da Corregedoria Geral (Coger), está acompanhando e colaborando com as investigações do Gaeco. Os policiais envolvidos estão afastados das funções. A PMPR ressalta que não compactua com o desvio de conduta de nenhum de seus integrantes e atua sempre para reestabelecer a verdade dos fatos“, afirmou.

ARMAS E DROGAS

Em 22 de setembro DE 2022, o MPPR divulgou que apresentou denúncias por porte ilegal de armas, e que estas foram aceitas pela Vara da Auditoria da Justiça Militar, sediada na capital, contra os dois policiais militares que, naquela data, ainda estavam presos. Segundo o Gaeco, as denúncias apontam que os réus tinham em suas casas, em compartimentos ocultos, armas irregulares e munições, incluindo pelo menos uma pistola com número de série suprimido.

A situação indica possível utilização das armas e munições em fraude processual, situação que está sendo apurada pelo Gaeco. A operação foi desencadeada no dia 30 de agosto, com o cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão (em Curitiba e Guaratuba) para apuração de possíveis práticas de abuso de autoridade, fraude processual, peculato e porte ilegal de armas e drogas. Na ocasião, foram apreendidas armas e munições, R$ 70 mil em dinheiro, um cheque de R$ 205 mil e drogas”, explicou o MPPR.