Mães suplicam por vagas nos CMEIs de Guaratuba; fila de espera é de 470 crianças


Por Luiza Rampelotti Publicado 29/03/2022 às 10h26 Atualizado 17/02/2024 às 04h59

O vereador Ricardo Borba (Republicanos), de Guaratuba, está reivindicando a abertura de novas turmas nas creches da cidade. De acordo com ele, os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) estão com extensas listas de espera e, no momento, o déficit gira em torno de 470 vagas.

São seis CMEIs para atender às crianças de 0 a 5 anos do município, porém, o vereador diz que a reclamação dos pais é constante a respeito da falta de vagas. “Recebo várias ligações e mensagens no WhatsApp da população que está aguardando uma oportunidade de colocar seus filhos nas creches para poderem voltar a trabalhar, por exemplo. É um número assustador, e tem mães e pais me relatando que vão ter que largar o emprego porque não têm com quem deixar o filho. É algo que precisa ser revisto”, diz.

Atualmente, a lista de espera conta com 711 nomes aguardando para serem chamados. No entanto, existem 241 que estão repetidos, ou seja, esperando em mais de um Centro Municipal de Educação Infantil para realizarem a matrícula naquele que chamar primeiro. Portanto, sem as repetições, o total é de 470 crianças que necessitam do serviço oferecido pela prefeitura.

Já pensei em pedir demissão”, diz mãe

A mãe Francieli Felix Indalencio Margarida está há dois meses aguardando por uma vaga no CMEI Mirim, que conta com 54 nomes na lista de espera, segundo o Sistema de Cadastro de Vagas de CMEIs e Escolas Municipais. Ela é diarista, tem quatro filhos e, no momento, precisa que seu bebê de sete meses fique numa turma de maternal. “Também preciso de uma transferência para a minha bebê de três anos. Tem dias que minha mãe consegue cuidar deles para mim, mas houve dias seguidos que não tive com quem deixá-los e não consegui trabalhar. Minha sorte é que não sou registrada, se não já teria perdido o emprego”, diz.

No CMEI Silmara Farias a espera é ainda maior: são 141 crianças aguardando por uma vaga. Daiane Moura Catarino é mãe de dois filhos, um de 11 anos que já frequenta a escola municipal, e um bebê de 1 ano e 3 meses que está na fila desde o dia 1º de dezembro. Para tentar adiantar a chamada, ela também colocou o bebê na lista do CMEI Raio de Sol, que possui 163 nomes.

“Na frente dele, existem 27 crianças ainda. Na verdade, ele subiu bem pouco de colocação desde que o inscrevi. Trabalho registrada e já perdi dois dias de trabalho por não ter com quem deixar o bebê, e não estou conseguindo chegar no horário certo no serviço, sempre atrasada, pois todos os dias preciso ir atrás de alguém para ficar com ele. Está bem difícil”, comenta.

Ela revela que já pensou, até mesmo, em pedir demissão por não ter alguém de confiança para cuidar do pequeno no horário de serviço. “Mas seria o fim pedir demissão porque meu filho não tem vaga na creche, sendo que é um direito”, conta.

Educação diz que 178 crianças devem ser chamadas até o final desta semana

De fato, no Brasil, os municípios são responsáveis por fornecer a educação de base, ou seja: creches (até 3 anos); pré-escolas (educação infantil de 4 e 5 anos) e o ensino fundamental (6 a 14 anos – 1º ao 9º ano). Por isso, a garantia das vagas é um direito das crianças.

De acordo com a secretária de Educação de Guaratuba, Fernanda Monteiro, a prefeitura está realizando a ampliação do quadro de professores para que novas turmas sejam abertas. “Dessas 470 crianças, já fizemos um chamamento de mais 70 na quarta-feira (23). Nesta semana, apresentando a documentação dos professores que estão sendo contratados, o chamamento será de mais 118 e, na sequência, entre abril e maio, entregaremos um novo CMEI, que é o Samanta, para dar vazão a mais 125 vagas, o que seria quase zerar a fila”, garante.

A secretária de Educação Fernanda Monteiro afirma que até abril deste ano, fila de espera estará praticamente zerada. Foto: JB Litoral

Ela também afirma que, ainda neste ano, a administração municipal dará início à construção da Escola do Mirim e ampliará a Escola das Caieiras, que será integrada com um CMEI. “[a falta de vagas] é um movimento nacional. Tivemos durante a pandemia uma série de pessoas mudando-se para Guaratuba, o que aumenta bastante a demanda na saúde, educação e bem-estar. Mas seguimos firmes no propósito, que é realmente ter o quantitativo, algo que não existia antes e só foi possível a partir desta gestão com a implantação da transparência. Não é possível, portanto, comparativos do que era antes e depois, pois somente agora temos acesso aos dados de forma segura. Além disso, estamos fazendo uma peneira nos documentos para evitar a duplicidade de nomes que vem acontecendo no sistema atual”, conclui Fernanda.