Mesmo após polêmica sobre venda do terreno, Colégio EUA começa a ser demolido em Paranaguá


Por Flávia Barros Publicado 10/11/2023 às 09h47 Atualizado 19/02/2024 às 04h21

Quem passar pela esquina da rua Governador Manoel Ribas com a avenida Gabriel de Lara, no bairro João Gualberto, em Paranaguá, vai perceber a movimentação das máquinas e a mudança na paisagem. No lugar que abrigou o Colégio Estados Unidos da América (EUA) por 73 anos, desde a fundação, em 1944, até o começo de 2018, quando foi desativado, agora trabalham máquinas na demolição e retirada de entulhos. Até mesmo o muro daquele que um dia foi um colégio modelo e formou gerações de parnanguaras agora se encontra parcialmente demolido. No lugar em que será construído um novo empreendimento, já é possível ver os lotes de novos tijolos dividindo espaço com entulhos, bem como o vai e vem de caminhões e retroescavadeiras.

Desfecho


As obras, cuja finalidade ainda não foi divulgada pela empresa Centerlog Serviços e Participações SA, que arrematou a área por R$ 6.5 milhões, materializam o desfecho do Colégio EUA, após quase seis anos fechado e abandonado. Localizado na retroárea da zona portuária de Paranaguá, o imóvel foi repassado do Governo do Estado para a Secretaria Estadual de Administração e Previdência (SEAP), que decidiu alienar o bem e o leiloou em dezembro de 2022. A alienação foi homologada em janeiro de 2023, porém, no último mês de setembro, a 2ª Inspetoria de Controle Externo (2ª ICE) do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE) questionou a venda do local, com a alegação de que houve uma “indevida alienação do terreno” e pedindo que o tribunal emita uma medida cautelar suspendendo a venda e quaisquer atos de transferência de propriedade perante o Registro de Imóveis de Paranaguá. Mas, até agora, o pedido não avançou, ao contrário da demolição, que caminha a passos largos.

Após 73 anos de funcionamento e quase 6 anos de abandono, Colégio EUA está sendo demolido. Foto: Rafael Pinheiro/ JB Litoral


Histórico


Desde que encerrou as atividades, o destino do Colégio EUA vem sendo acompanhado pelo JB Litoral. Abandonado, o local serviu de abrigo para moradores em situação de rua e usuários de drogas, situação noticiada em diversas ocasiões sobre a preocupação da população e do Poder Público com relação aos problemas sociais causados pelo estado do prédio.

Em visitas ao terreno, em 2021, a equipe de reportagem flagrou o denso matagal, que passava de dois metros de altura, lama, depredação de diversas áreas do imóvel público, ocupação indevida, comércio de drogas, criadouros de mosquito da dengue, entre outros. Após as denúncias realizadas pelo JB Litoral, o Poder Legislativo de Paranaguá passou a fazer cobranças ao Governo do Estado acerca de uma utilidade para o local.

Vereadores solicitaram a venda do prédio


Na época, o vereador Renan Britto (Podemos) sugeriu ao governo estadual que o prédio fosse oferecido para uma empresa privada, devido à localização estratégica próxima ao porto, em troca da construção de uma nova escola em uma região mais apropriada. O então vereador Oséias Bisson (Podemos), atualmente secretário municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, também avaliava que essa seria a solução para o problema.

Na ocasião, conforme apurado pelo JB Litoral, o prédio havia sido repassado pela Secretaria Estadual de Educação (SEED) à Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP), principalmente por estar próximo à Companhia da Polícia Militar. No entanto, a SESP nunca informou quais eram os planos para o local e nem tomou providências para tirá-lo da situação de abandono.

Novas escolas


A Secretaria da Administração e da Previdência esclareceu que o processo de alienação do terreno seguiu todos os trâmites legais e foi autorizado pela Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). De acordo com a SEAP, não há obrigatoriedade de utilizar o espaço apenas para fins educacionais, no entanto, o Governo do Paraná comprometeu-se a destinar o valor arrecadado para a construção de novas escolas.

A SEAP ainda ressaltou que a venda do terreno também foi uma solicitação do Poder Municipal de Paranaguá, e que não houve prejuízo aos estudantes da cidade. “O entorno da unidade se tornou uma área portuária desde que foi cedida ao Estado, e a escola já atendia a menos de 50 alunos, que foram direcionados para outra instituição de ensino”, informou a pasta em mais uma reportagem sobre o assunto feita pelo JB Litoral, em setembro deste ano. A reportagem vai continuar acompanhando a questão.