Mesmo sem casos de gripe aviária no Paraná, municípios do Litoral estão orientados, diz nova diretora da 1ª Regional de Saúde de Paranaguá

Responsável por quase 37% da produção brasileira de aves e por, aproximadamente, 40% das exportações, o Paraná é o maior produtor de proteínas animais do Brasil, com cerca de 6,2 milhões de toneladas de aves, suínos e bovinos ao ano, dos quais os frangos representam 4,8 milhões de toneladas.

Mas, além de ser um indicativo que movimenta a economia e orgulha os paranaenses, esse protagonismo na produção de frango também deixa o estado em alerta, uma vez que, desde janeiro, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) emitiu um alerta em resposta aos surtos de gripe aviária em 10 países das Américas, e à recente confirmação do primeiro caso de infecção humana de gripe aviária A(H5) na América do Sul.

No Brasil não há caso da doença confirmado em seres humanos, mas a influenza aviária (H5N1) já foi detectada em aves de quatro estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que confirmou a primeira ocorrência na sexta-feira (2). Os demais casos também foram identificados recentemente, na segunda quinzena de maio, todos em aves silvestres.

Após a publicação da Portaria nº 587, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), no último dia 22, declarando estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional, as medidas de prevenção para mitigar os riscos de contágio da doença foram intensificadas. O governo do estado afirmou que a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) vem reforçando aos produtores de aves paranaenses a importância de intensificar as ações necessárias para evitar que a gripe aviária chegue às granjas comerciais, o que é fundamental para garantir a saúde pública e a manutenção do status brasileiro como um país livre da doença perante a Organização Mundial de Saúde Animal. Dessa forma, o Brasil pode continuar a produzir e exportar como faz até agora.

Como principal rota de exportação de aves no estado, o Litoral, devido aos portos, tem sido uma das prioridades em relação às orientações necessárias. “O Paraná está atualizando o plano de ação intersetorial para enfrentamento à gripe aviária. O plano prevê ações desde evitar o contágio até a assistência a pessoas infectadas. Na região, já foram realizadas reuniões e orientações aos municípios sobre os cuidados”, disse ao JB Litoral a nova diretora da 1ª Regional de Saúde de Paranaguá, Carmen Cristina Moura.

Desafios no Litoral

Carmen Moura tem 48 anos, é enfermeira e atua na Saúde há mais de 20 anos, sendo o cargo mais recente como secretária de Saúde de Pontal do Paraná. Além de falar sobre a gripe aviária, ela também comentou a respeito dos casos de dengue na região, que voltaram a crescer no atual período epidemiológico.

Atualmente, o Litoral está entre as cinco regiões que concentram altos índices da doença, com o total de 5.338 casos e quatro mortes, números divulgados no último boletim da dengue, publicado pela Secretaria de Estado da Saúde (SESA) na terça-feira (30). Sobre a situação, a diretora apontou o principal desafio.

“Ainda estamos com vários casos e internamentos, necessitando de atenção e orientação à população para remoção de criadouros. É fundamental que a população dos sete municípios continue abraçando essa causa”, afirmou Carmen. “Também temos outros desafios; como a organização das linhas de cuidado e reorganização da atenção especializada, fortalecendo os serviços na região”, complementou.

A diretora da 1ª Regional de Saúde, que engloba os sete municípios litorâneos, ainda fez um alerta sobre a baixa adesão à vacinação da gripe e reforços da Covid-19. Segundo ela, o Litoral segue os baixos índices nacionais, por isso, é necessário realizar ações de mobilização e convocar a população a se vacinar.

“A vacinação tem sido reforçada em toda a região, sendo estimuladas as ações de mobilização nos municípios. Vamos manter a vacinação da gripe enquanto tiver estoques”, finalizou Carmen Moura.