Motoristas autônomos de Paranaguá realizam greve para cobrar reajuste no valor do frete


Por Luiza Rampelotti Publicado 02/03/2022 às 15h44 Atualizado 17/02/2024 às 02h50

Nesta quarta-feira (28), motoristas autônomos de caminhões que trabalham em Paranaguá fazendo o transporte de contêineres cheios e vazios entre terminais de carga, realizam uma greve, em determinados pontos da cidade, com o intuito de solicitar o reajuste do valor do frete. A reivindicação partiu da Associação dos Caminhoneiros Autônomos do Litoral do Paraná (ACLP) e, até o momento, a manifestação é pacífica.

De acordo com o vice-presidente da ACLP, João Carlos Selmer Junior, a necessidade do reajuste nos valores dos fretes praticados na movimentação interna de contêineres na cidade se dá por conta dos “inúmeros e seguidos reajustes/alta dos combustíveis e derivados, e outros fatores que impactaram profundamente na manutenção dos caminhões”.

Ele explica que a alta acumulada do diesel, do dia 1 de maio de 2021 até 12 de janeiro deste ano, já ultrapassa 62%. Além do aumento de 69% nos lubrificantes, 34% em borracharia, 33% em mecânica/elétrica, 100% chegando a 200% em peças e 33% nos pneus.

Hoje, pedimos que o frete saia de R$ 180 para R$ 230 o contêiner vazio e de R$ 230 para R$ 300 o cheio. Tal reajuste se faz necessário para que possamos continuar cumprindo com a responsabilidade e regularidade pertinente às demandas do transporte interno”, diz o vice-presidente.

50% das transportadoras aceitaram o reajuste

Segundo João Carlos, a ACLP enviou um e-mail às transportadoras em 14 de janeiro, destacando a nova tabela dos valores pretendidos, que foi elaborada “dentro de uma razoabilidade mínima de repasse inflacionário mais os reajustes fixados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) compreendidos no período de maio/2021 a janeiro/2022”.

Tal tabela entrou em vigência a partir desta terça-feira (1) e, devido à falta de adesão por parte das transportadoras, os caminhoneiros decidiram realizar a greve. “Cerca de 50% das transportadoras aceitaram, mas queremos que, no mínimo, 70% aceitem a reivindicação para, então, fazermos uma reunião e decidirmos se voltamos a trabalhar”, comenta Selmer.

A manifestação acontece em três pontos: em frente ao Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), em frente à Martini Meat e, ainda, próximo à Brasmar. No entanto, a ACLP garante que a greve é pacífica e tem o objetivo de conscientizar os motoristas e transportadoras.

Aqui no TCP, por exemplo, a operação continua mesmo com a manifestação. Quem quiser se juntar a nós, é muito bem-vindo, mas quem não quiser, achar que o frete está bom, nós não estamos aqui para impedir o trabalho e nem prejudicar ninguém, nem trabalhadores, nem população e nem as empresas”, explica.

Motoristas autônomos fazem greve em frente ao TCP. Foto: Diogo Monteiro/JB Litoral

O dia a dia do motorista interno

Conhecidos como motoristas internos, os caminhoneiros que participam da greve são aqueles que fazem a movimentação de contêineres somente dentro da própria cidade. Eles transportam as cargas em geral de um terminal para o outro e, também, carregam o contêiner vazio.

João Carlos comenta que o dia a dia desses motoristas é muito difícil. “A gente enfrenta filas constantes nos terminais e nas ruas o tráfego é muito dificultoso. Por exemplo, carregamos um contêiner no TCP, pegamos fila para entrar, mais fila para sair, depois pegamos fila no terminal para baixar e fila para sair”, conta.

Ele ainda destaca que, atualmente, de 33 a 40% do valor recebido pelo frete é utilizado para despesas com o diesel, sem contar com desgaste de pneu, manutenção, troca de óleo e etc. “Está se tornando caro trabalhar, o valor do frete não está compensando devido ao aumento constante do óleo diesel. O último reajuste aconteceu há cerca de um ano, mas o diesel subiu”, explica.

O vice-presidente da ACLP ainda ressalta que o valor da tarifa do transporte para a Ilha do Mel, por exemplo, foi reajustado por conta do aumento do diesel. E questiona o motivo de o frete não ter tido o mesmo reajuste.

Estamos abertos a todas as transportadoras que desejarem vir até nós assinar o acordo. Se houver mais adesão, acredito que tudo será resolvido dentro de 24h e voltaremos a trabalhar”, conclui.

O que diz o TCP

O TCP, empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá, informa que não possui relação direta com os reajustes praticados nessa cobrança em específico, pois compete aos armazéns e departamentos o estabelecimento de tais valores e sua negociação direta com as transportadoras.

Em um possível cenário de greve de caminhoneiros em Paranaguá, a TCP afirma que sua operação não sofrerá impacto, tendo em vista que os Gates continuarão funcionando normalmente e também não haverá paralisação do SAV, que é o Pré-Gate”, finaliza.