No aniversário de 375 anos de Paranaguá, Educação faz balanço sobre avanços e desafios da Rede Municipal de Ensino


Por Amanda Batista Publicado 30/07/2023 às 15h24 Atualizado 18/02/2024 às 18h32

Após 15 dias de inauguração de obras, assinatura de ordens de serviço e apresentações culturais, Paranaguá chegou aos 375 anos, no último sábado (29), com uma série de conquistas para comemorar. Dentre os motivos de orgulho para a cidade estão os investimentos na educação, que já somam R$ 29 milhões somente no primeiro semestre do ano.

Para falar sobre os avanços e desafios da educação, o JB Litoral entrevistou a secretária Municipal de Educação, Tenile Xavier, que assumiu a pasta há três anos.

Confira o bate-papo:

JB Litoral: Nos 375 anos de Paranaguá, como você avalia os avanços da Rede Municipal de Ensino durante a gestão?

Tenile Xavier: Ao longo dos últimos anos, investimos significativamente na melhoria da infraestrutura das instituições de ensino, com a reforma e construção de novos Centros Municipais da Educação Infantil (CMEIS), bem como na valorização dos profissionais da educação, que recebem acima do piso salarial, e na compra de materiais para os alunos. Procuramos atingir todas as facetas da educação.

No início deste ano, por exemplo, distribuímos kits de materiais escolares para toda a rede, com um investimento de quase R$ 3,4 milhões, além dos uniformes escolares que foram outros R$ 7,6 milhões. Esses investimentos refletem em um ambiente mais propício para o aprendizado e desenvolvimento de nossos estudantes.

JB Litoral: Quanto ao processo de aprendizagem das crianças, quais são os maiores desafios que a Educação enfrentou nesses últimos três anos devido à pandemia?

Tenile Xavier: Enfrentamos grandes desafios, especialmente após o período de pandemia. Toda a educação brasileira sofreu um retrocesso de 15 anos, prejuízos que vão durar durante muito tempo. Mesmo agora, um ano e meio após o retorno das aulas presenciais, sentimos os efeitos. Então, a necessidade de reestruturar o currículo para abordar as defasagens causadas pelo ensino remoto foi um dos pontos cruciais que tivemos que lidar. Além disso, a desigualdade socioeconômica dos alunos impactou diretamente o desempenho deles. Havia aqueles que não tinham acesso à internet, não tinham o acompanhamento dos pais, e alguns não tinham nem o que comer.

Esse contexto nos revelou a importância de buscarmos estratégias mais inclusivas e eficazes para garantir que todos os estudantes tivessem acesso a uma educação de qualidade. Para isso, nós mandamos material impresso, os professores faziam o acompanhamento dos alunos pelas redes sociais e nós também distribuímos os alimentos da merenda escolar para as famílias que necessitavam desse apoio.

JB Litoral: O retorno das aulas presenciais após o período de ensino remoto exigiu um esforço de recuperação do conteúdo perdido. Como a rede municipal lidou com isso e quais estratégias foram adotadas para minimizar a defasagem dos alunos?

Tenile Xavier: O retorno às aulas presenciais foi um momento crucial para avaliar a extensão do prejuízo causado pelo ensino remoto. Foi necessário aplicar uma avaliação diagnóstica para identificar as competências e habilidades que precisavam ser retomadas ou aprimoradas. A partir desses diagnósticos, cada escola desenvolveu estratégias de acordo com a realidade dos alunos.

Percebemos que as crianças que estavam em fase de alfabetização foram mais afetadas, os alunos que atualmente estão no terceiro e quarto ano, já que esse processo demanda uma interação mais intensa entre professor e aluno. Para diminuir a defasagem, implementamos aulas em contraturno e atividades lúdicas que estimulam o aprendizado e a participação ativa dos alunos.

JB Litoral: Um ponto que despertou a preocupação de pais e mães de todo o país foi o aumento de ataques às escolas e creches no Brasil. Qual a posição da Secretaria sobre a segurança nas escolas?

Tenile Xavier: Nós nos entendemos como um espaço educacional, por isso trabalhamos com a cultura da paz. É isso que ensinamos aos nossos alunos e passamos para os pais. Todos eles precisam conhecer e respeitar o ambiente escolar como um local inclusivo, aberto à comunidade e, acima de tudo, seguro. Senão, daqui a pouco, vai cada um trazer alguma coisa na mochila para se defender, e esta não é a realidade que almejamos.

JB Litoral: Com base na experiência dos últimos anos, quais são as expectativas e planos para o futuro da Rede Municipal de Ensino de Paranaguá?

Tenile Xavier: As expectativas são de continuar aprimorando e fortalecendo a educação em Paranaguá com uma cultura de paz e a troca com a comunidade. Sabemos que os prejuízos causados pela pandemia não serão sanados de forma imediata, mas estamos comprometidos em seguir trabalhando na recuperação do conteúdo perdido. Isso envolve a continuidade dos investimentos, aprimoramento da formação dos professores e, principalmente, o compromisso de promover uma educação inclusiva, que valorize cada aluno e suas particularidades. É um trabalho árduo, mas com o apoio das esferas governamentais, tenho certeza de que alcançaremos grandes resultados.