Paraná firma compromisso com “Rede Oceano Limpo” durante evento realizado em Paranaguá
Na manhã da última quinta-feira (26), o Serviço Social do Comércio de Paranaguá (SESC) sediou o evento “Rede Oceano Limpo Paraná”. Na ocasião, foi formalizada uma iniciativa, em parceria com o Governo do Estado e liderada pela Cátedra Unesco, que pretende manter um oceano mais sustentável. Dessa forma, uma carta-compromisso foi assinada pelo Governo do Estado, representado pelo diretor-presidente do Instituto Água e Terra (IAT), José Luiz Scroccaro, e pelo diretor de Políticas Ambientais da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), Rafael Andreguetto.
O encontro, organizado em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e com o Instituto Federal do Paraná (IFPR), teve como objetivo fortalecer as ações de proteção ao meio ambiente marinho e ecossistemas costeiros. Diante disso, uma das participantes da conferência, a professora Dra. em Zoologia e coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação da UFPR, Camila Domit, destacou a importância da Rede Oceano na criação de uma governança mais ampla para combater o lixo no mar.
“Essa rede já vem sendo implementada em vários lugares do Brasil. A ideia é exatamente criar uma aproximação entre governo, sociedade e ciência, para que tenhamos uma instância maior de governança sobre essa questão do combate ao lixo no mar”, explicou.
Ela ainda reforçou como essa integração, entre a população e o poder público, deve ser feita no que diz respeito ao enfrentamento da problemática global. “O lixo no oceano é uma das grandes problemáticas globais. A gente precisa integrar essas discussões da melhor forma possível, tanto em níveis estaduais como municipais”, ressaltou.
MAPEAMENTO E ANÁLISES ESTRATÉGICAS
O evento também marcou o lançamento do documento “Mapeamento e análise de estratégias acerca das políticas públicas para o enfrentamento do lixo no mar no estado do Paraná”, elaborado pelas universidades e profissionais técnicos de várias instituições públicas de ensino. O conteúdo pretende estimular ações contínuas e de longo prazo para sanar os problemas residuais encontrados no mar. Essas iniciativas compreendem temas, além do trabalho de combate ao lixo, como: educação ambiental, comunicação, capacitação, ciência, tecnologia, inovação e financiamento, além de avaliação e inspeção.
Em seu pronunciamento, o coordenador da Cátedra Unesco, Alexander Turra, lembrou a posição do Brasil no cenário global quanto à produção de lixo marinho. “A gente começa a mapear o mundo e põe o Brasil na 16ª posição, com o sudeste asiático sendo grande gerador de resíduos no ambiente marinho. Então, nosso país tem que fazer alguma coisa, e estamos fazendo”, disse Turra.
Além disso, ele abordou a questão dos prejuízos econômicos causados pela poluição. “Uma das estimativas tem a ver com os R$ 13 milhões de dólares por ano de prejuízos econômicos causados pelo lixo no mar”, complementou Turra, que também é professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).
Já o diretor-presidente do Instituto Água e Terra, José Luiz Scroccaro, afirmou que a colaboração entre instituições é fundamental para alcançar os objetivos traçados. “Com essa carta que assinamos, estamos nos envolvendo com várias instituições, sendo que cada uma delas faz o seu trabalho. Vamos realizar uma governança juntos, para que possamos deixar, às futuras gerações, um mundo melhor”, declarou.
PROTAGONISMO DO PARANÁ
O diretor de Políticas Ambientais da Sedest, Rafael Andreguetto, também fez o uso da palavra durante a cerimônia realizada no SESC. Para ele, a adoção da Rede Oceano Limpo reforça o protagonismo do Paraná. “Ao adotar a Rede Oceano Limpo, o nosso estado segue com o seu protagonismo no que diz respeito à agenda ambiental internacional. Então, todas essas ações são necessárias e imprescindíveis, para que possamos trazê-las, realmente, para o lado das políticas públicas”, ponderou.
Representando o IFPR, o professor Alexandre Dullius enfatizou o compromisso firmado no evento. “Hoje, nos reunimos para firmar o compromisso que transcende interesses individuais e se alinha à urgência de proteger o nosso ambiente marinho e os ecossistemas costeiros”, disse.
Ele ainda alertou para os desafios enfrentados no contexto atual. “Vivemos um momento crítico da história do nosso planeta. As mudanças climáticas, a poluição e a degradação dos nossos recursos naturais ameaçam não apenas a biodiversidade, mas também o bem-estar das presentes e futuras gerações”, acrescentou Dullius.
O evento também contou com a participação do diretor do Centro de Estudos do Mar da UFPR, José Guilherme Júnior, o qual discursou sobre o papel histórico da universidade na preservação ambiental. “A UFPR tem colaborado, efetivamente, com a atuação de mais de 40 anos na área ambiental e na preservação dos oceanos. Quero reforçar, aqui, que o Centro de Estudos do Mar estará sempre aberto para receber todos os parceiros que queiram, efetivamente, contribuir para um oceano mais limpo e sustentável”, concluiu.
Vale ressaltar que o litoral paranaense possui cerca de 100 quilômetros de área. Toda essa extensão abriga as cidades de Antonina, Morretes, Guaraqueçaba, Paranaguá, Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba.