Paranaguá tem 2ª maior taxa de homicídios no Estado; duas cidades não registraram mortes violentas


Por Publicado 31/08/2021 às 15h18 Atualizado 16/02/2024 às 11h44
Morte homicídio Paranaguá

Um levantamento da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (SESP) sobre mortes violentas no 1º semestre de 2021 coloca Paranaguá como a segunda cidade que mais teve homicídios dolosos (aquele que há a intenção de cometer o crime), perdendo apenas para a capital.

Nos seis primeiros meses do ano, foram 44 mortes nessa modalidade. As demais cidades do litoral apresentaram números menores: Matinhos (10), Guaratuba (9), Antonina (6). Guaraqueçaba, Morretes e Pontal não registraram homicídios dolosos até junho de 2021. O total no litoral foi de 69 óbitos nessa categoria, já no Paraná todo foram 942 homicídios dolosos.

Além das mortes violentas, a cidade também foi a única a ter registrado feminicídio, quando a mulher é morta pela condição de gênero, no ano atual.

Por outro lado, Matinhos foi a única entre os sete municípios a registrar latrocínio, que é o roubo seguido de morte, com 4 casos, enquanto lesão corporal resultando em morte houve um caso regional, ocorrido em Pontal do Paraná, a única violenta da cidade praiana.

Considerando os 4 tipos de mortes levantados pela SESP, o litoral registrou 75 mortes violentas de janeiro a junho, em todo o estado, o número chegou a 1.024 óbitos.

Confira os dados:

CidadesHomicídio DolosoLatrocínioLesão Corporal com resultado em morteFeminicídioTotal por cidade
Antonina60006
Guaraqueçaba00000
Guaratuba90009
Matinhos1040014
Morretes00000
Paranaguá4400145
Pontal do Paraná00101
Total por crime6941175

Delegado explicou índice alto

O vereador Delegado Nilson Diniz (PSL) analisou o motivo do índice em Paranaguá ser o 2º maior do Paraná, perdendo apenas para Curitiba, uma metrópole 13 vezes maior que a cidade-mãe do estado. Para o parlamentar, que é uma das maiores autoridades em segurança pública da região, o município tem características peculiares, por contar com um porto e também pela disputa entre facções. “A disputa pelo domínio do tráfico de drogas em Paranaguá é intenso, principalmente por dois a três grupos criminosos. Em razão dessa disputa, houve um acréscimo dos homicídios. Esse acréscimo vem ocorrendo desde o ano de 2020, no qual houve um pico em março desse ano. Foram aproximadamente 15 homicídios naquele mês, transformando-o em um mês extremamente atípico“, explicou Diniz.

Para o vereador, “A 1º subdivisão atuou em conjunto com uma força-tarefa e conseguimos conter esses homícidios decorrentes dessas disputas de grupos criminosos e agora a gente volta ao patamar que é normal da cidade. Então, em relação a esses fatos, Paranaguá vem figurando como uma das cidades com maior número de homicídios“, diz o delegado Diniz, que também ressalta que as forças de segurança estão conseguindo diminuir as mortes nos últimos meses. “A Polícia Militar vem fazendo todo o trabalho de prevenção e a Polícia Civil realiza operações de repreensão qualificada, atuando nas investigações de homicídio e vem contendo esses aumentos de índices criminais”, conclui.

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Imprensa local traz dados diferentes

Segundo levantamento da imprensa da região litorânea, as mortes violentas nas sete cidades foram maiores do que o apontado pela SESP. Em Paranaguá já são computados 53 mortes, na sequência vem Matinhos (21), Guaratuba (9), Antonina (8), Pontal (4) e Guaraqueçaba (1).

As principais diferenças entre os dados se demonstra em Guaraqueçaba, que está sem homicídios, segundo o órgão estadual, e Pontal do Paraná, que passou de 1 caso para 4. Morretes segue sem apresentar mortes nas categorias analisadas em 2021.

Número de mortes violentas no 1º semestre no Paraná caem no Paraná

A atuação preventiva e o planejamento adotado pelas forças policiais do Paraná culminaram na redução de Mortes Violentas Intencionais (MVI) no primeiro semestre deste ano.

Um levantamento da Secretaria da Segurança Pública aponta que houve queda de 12,2% nos casos de homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e feminicídios (de 1.167 para 1.024) em comparação com o mesmo período do ano anterior. Mais da metade (52%) dos municípios do Estado (210 dos 399) não registraram morte violenta neste período.

O secretário da Segurança Pública, Romulo Marinho Soares, afirma que a redução se deve a uma estratégia específica, por meio de operações com ação direta e inteligência policial, além da contribuição do distanciamento social imposto pela pandemia da Covid-19.

“Conseguimos trabalhar de forma efetiva para que a Polícia Militar estivesse presente nos locais de maior necessidade, com o patrulhamento preventivo e ostensivo, assim como as investigações da Polícia Civil, que foram mais intensas no último semestre. A integração das forças policiais contribuiu muito”, explica.

O relatório da Secretaria demonstra que a estratégia adotada pelas polícias Militar e Civil refletiu na maior prevenção. Prova disso é o número de cidades que não tiveram nenhum registro de morte violenta, um acréscimo de 29 em comparação com o mesmo período do ano passado (de 181 para 210).

Outro ponto observado pelos especialistas da Pasta é que 69 municípios tiveram apenas um registro de morte violenta no primeiro semestre. São 279 municípios que não tiveram nenhum ou apenas um homicídio, o que representa 69,9% do Paraná.

Algumas das 23 Áreas Integradas de Segurança Pública do Paraná (AISPs) – divisões geográficas que congregam todos os municípios – tiveram redução significativa de crimes violentos. Na 16ª AISP, de Paranavaí, 24 cidades de um total de 35 não tiveram mortes violentas, e na 18ª AISP, de Apucarana, que contempla 26 cidades, 21 não registraram casos nos primeiros seis meses deste ano.