Ponta da Pita: associação de moradores tenta amenizar crise doando alimentos


Por Redação Publicado 06/04/2021 às 18h57 Atualizado 15/02/2024 às 22h31

Por Cleverson Teixeira

Com a circulação desenfreada do novo coronavírus, inúmeras medidas restritivas estão sendo tomadas para combater a doença. No litoral paranaense, por exemplo, barreiras sanitárias foram instaladas, comércios considerados não essenciais fecharam as portas e moradores na incerteza de quando poderão sair tranquilamente pelas ruas. E, por trás de tudo isso, uma grande parcela da população continua sentindo o reflexo negativo causado pela chegada da Covid-19. Dentre esse público mais atingido, estão os trabalhadores informais e até mesmo os registrados, os quais foram dispensados por conta da crise instaurada pela pandemia.

Pensando em ajudar essas pessoas que perderam o emprego ou vivem da pesca para sobreviver, a Associação de Moradores da Ponta da Pita (AMPP), localizada na cidade de Antonina, resolveu arrecadar donativos para distribuir às comunidades carentes da região. O presidente da entidade, Monesio Américo Rodrigues, contou ao JB Litoral que foi realizado um levantamento para atender esse público que necessita de ajuda. Conforme ele, mais de 40 cestas básicas foram doadas para as famílias antoninenses no dia 1 de abril.

“Nós fizemos uma checagem, eu e mais duas pessoas, direto nas casas das pessoas. Hoje, a nossa região é formada por pescadores e pessoas que trabalham sem carteira assinada, que ninguém chama para fazer serviço no momento. Tem pessoas que trabalham em restaurantes, que, nesses 40 dias de decreto, ficaram sem ganho nenhum. Esse foi o público que atendemos neste momento”, disse o presidente da AMPP.

Na primeira fase de doações, 41 cestas com mantimentos foram distribuídas. As regiões beneficiadas foram, além da Ponta da Pita, os bairros Matarazzo, Praia dos Polacos, Itapema e Jacatá. Esses alimentos, ainda segundo Moneseio, foram arrecadados por meio da colaboração de moradores e também do Sindicato dos Estivadores de Antonina (SindiEstiva). “Nesse primeiro momento, foi efeito formiguinha, com ajuda de outros moradores da cidade. Outro incentivo bom que nós tivemos, aqui, foi da Estiva. Esse pessoal nos doou 10 cestas prontas”, confirmou.

Famílias beneficiadas

Uma das famílias beneficiadas pela ação social é a de Débora Pereira de Oliveira. A jovem, de 28 anos, relatou que a cesta básica chegou em uma ótima ocasião, já que está afastada do emprego e apenas realiza alguns bicos para tentar sobreviver. “Foi maravilhoso. Foi em um momento em que as pessoas estão mais precisando. Atualmente, estou fazendo bico.  O restaurante onde eu trabalhava está há quatro semanas fechado. Eu sou garçonete profissional. Até agora, falaram que vai abrir no dia 5, mas não é certeza. Então, toda a ajuda que vier, neste momento, é bem-vinda”, completou.

Débora foi uma das beneficiadas pela ação social

Além disso, Débora mora com a filha, com a mãe e mais quatro irmãos, dois deles com deficiência. Para amenizar a situação que enfrentam, ela também cadastrou as crianças nas escolas onde estudam, para receberem merendas. “Minha mãe tem quatro filhos, desses, dois são especiais. Então, por isso, esses alimentos ajudam muito a gente nesse período. Fizemos cadastros nas escolas, que eu tenho a minha filha e meus irmãos que estudam”, afirmou.

Enquanto espera a normalização do funcionamento da empresa onde trabalha, a jovem antoninense disse que não tem o que fazer, a não ser esperar. “Dependemos do decreto, né?! A cada semana sai um e nós ficamos esperando. Enquanto isso, ficamos com essas ajudas que caem do céu, graças a Deus”, finalizou.

Assim como Débora, uma outra moradora da localidade foi beneficiada com uma cesta básica. A mulher, de 26 anos, que preferiu não divulgar o seu nome, declarou que estava em uma situação financeira crítica. Ela aproveitou para agradecer a doação recebida. “Foi uma bênção. Estava mesmo em uma situação de aperto. Creio que não seja somente a minha família. Infelizmente, é a situação de muitas pessoas. Em um momento como este, de pandemia, crise financeira, as mercadorias nos supermercados estão com valores altíssimos, que fazem com que a nossa situação piore. Mas estou muito grata a Deus e a todos que fizeram parte dessa linda atitude, de ajudar a nossa comunidade. Deus abençoe a todos”, concluiu.

Trabalhos ainda continuam

Diante da situação vivida pelo povo carente da região, o presidente da Associação da Ponta da Pita fez um apelo, para que empresários ou outras pessoas continuem fazendo as doações. De acordo com ele, qualquer alimento não perecível é necessário para ajudar o próximo a colocar um prato de comida na mesa.

“Quem quiser doar um quilo, dois quilos ou uma cesta, nós ainda estamos recebendo. Vamos continuar e precisamos fazer essa arrecadação. É uma incerteza que está no ar, referente a esse processo de ‘lockdown’, de abre e fecha os comércios. E isso é preciso. A gente entende que a saúde está sobrecarregada, mas eu não sei até que ponto e até onde iremos desse jeito, com as pessoas impedidas de trabalhar. Pior que são pessoas que não têm renda, mesmo”, pontuou.

Os interessados em ajudar as comunidades que fazem parte da AMPP deverão dirigir-se até a instituição, que fica na Rua Salvador Graciano, nº 280, na Ponta da Pita. Os atendimentos presenciais acontecem nas segundas, quartas e sextas-feiras. O recomendável, antes de levar os mantimentos, é ligar para a associação, que atende pelo (41) 9 8464-3961, para agendar um horário e evitar aglomerações.