PL sobre educação da não-violência e da igualdade de gênero ganha apoio de instituições


Por Publicado 21/07/2021 às 15h00 Atualizado 16/02/2024 às 08h00

Após reportagem veiculada na última edição do JB Litoral, em que era explicado o real teor do Projeto de Lei “Educação para a paz: construindo lares sem violência”, diversas instituições estaduais e nacionais lançaram notas criticando o arquivamento da proposta e a forma com que a vereadora Vandecy Silva Dutra (PP), autora do PL, foi atacada, principalmente porque a maioria das reclamações não tinham ligação com o texto apresentado à casa legislativa.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou um documento chamado de “Moção de repúdio aos ataques direcionados ao Projeto de Lei”, e cita que“repudia veementemente os atos de representantes da Câmara Municipal de Paranaguá em relação à proposta cujo objetivo é a diminuição da violência contra mulheres por meio da educação, fundamentada no princípio de igualdade de gênero”, diz o documento assinado pelo presidente da CUT Paraná, Márcio Kieller.

As vereadoras de Guarapuava Cris Wainer (PT), Professora Terezinha (PT), Bruna Spitzner (PODE) e Professora Bia (MDB) também lançaram uma “Nota de Apoio” à vereadora Vandecy. Na publicação, divulgada em redes sociais, as parlamentares afirmam que “o projeto de lei foi rechaçado pelos demais vereadores com um discurso sem fundamento e violento sobre o debate de gênero, forçando a vereadora a retirar da pauta o projeto” e também afirmam ser necessário tal discussão. “Defendemos que todas as iniciativas, voltadas à promoção da defesa e dignidade das mulheres, merecem, minimamente, um debate político que possibilite a reflexão sobre mecanismos de combate à violência de gênero”, diz o comunicado.

O Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual do Paraná (Sindunespar) divulgou “NOTA DE REPÚDIO aos ataques direcionados ao PL Educação Para a Paz” em que lamentam os “atos de representantes da Casa Legislativa da cidade de Paranaguá no que se refere à rejeição da proposta” e que o projeto visa “buscar medidas para reduzir a ocorrência de atos de violência contra as mulheres, por meio de medidas educativas, no ambiente escolar, de forma preventiva”, diz o documento redigido pela diretoria do sindicato.

Já a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), diretamente de Brasília, também se solidarizou com Vandecy e afirmou que “é estarrecedor que uma matéria dessa natureza, que trata de proteger a vida das mulheres, a partir da conscientização de nossas crianças e adolescentes nas escolas, sobre a violência de gênero, ainda encontre resistência em nosso país”, diz a nota datada de 15 de julho.

Internet reage e projeto pode ser desarquivado

Além das instituições estaduais e nacionais, que se manifestaram pelo desarquivamento da proposta, as redes sociais também viraram espaço de apoio da educação de crianças e adolescentes sobre a importância do respeito e de garantir lares sem violência. Entre diversos comentários sobre o tema, a maioria em tom de apoio e lamentação pelo arquivamento, alguns foram mais enfáticos. “É muito relevante trabalhar essas questões no ambiente escolar. O respeito e a igualdade de oportunidades independem do gênero. Porém, sofremos diversas formas de machismo, que limita e traz sofrimento às mulheres. É preciso tratar desse assunto, para que nas próximas gerações exista consciência, responsabilidade e acolhimento às mulheres vítimas de qualquer forma de machismo”, diz um internauta. Outro usuário é sucinto. “Seria um grande avanço, mas nossa sociedade, infelizmente, não está preparada para isso. Falta muita cultura”, diz.

Após tamanha repercussão, a própria vereadora Vandecy afirma que pode voltar com a discussão na Câmara Municipal. “Agora estou sensível à retomada da pauta”, diz a vereadora que vê como positiva a manifestação de diversos setores da sociedade apoiando sua proposta. “Penso que assim ganhamos representatividade e força para o debate”, conclui a vereadora.

Por Brayan Valêncio