Raios X da volta às aulas: como foi a primeira semana de ensino presencial


Por Redação Publicado 02/06/2021 às 00h29 Atualizado 16/02/2024 às 04h06

Por Brayan Valêncio

Como noticiado na última edição do JB Litoral, os municípios de Antonina, Guaraqueçaba, Paranaguá e Pontal do Paraná retornaram às atividades presenciais na semana passada, mas na própria segunda (24) o prefeito de Antonina, José Paulo Vieira Azim (PSD), baixou um decreto revogando a volta às aulas até julho, pelo aumento consistente de casos de Covid-19 no município.

As outras três cidades mantiveram o calendário e deram início à retomada gradual das atividades presenciais. Como o foco, nesta etapa de ensino híbrido, foi atender alunos que tiveram acompanhamento apenas via conteúdo impresso, durante toda a pandemia, na última semana foi uma iniciação dos conceitos escolares, ambientação e aproximação das crianças e adolescentes com os professores. “Foi uma semana bem tranquila. Algumas turmas em número total. Outras salas que cabiam dez, tinham oito ou seis estudantes. Para os alunos, era uma felicidade que a gente via nos olhos deles”, explica Liliana Kffuri, chefe do Núcleo Regional de Educação de Paranaguá, que também diz que a maior alegria dos alunos era ter um professor perto para auxiliar e tirar dúvidas, já que essas meninas e meninos não participavam de atividades remotas, então, faz um ano e meio que eles estudam sem o auxílio de um profissional da educação.

Retorno de alunos traz benefícios

Definida como atividade essencial, por diversos órgãos internacionais, como a Unicef e a Declaração Mundial sobre Educação para Todos da Organização das Nações Unidas (ONU), a volta às aulas de forma segura e entendendo como ocorre o contágio e quais as medidas de prevenção, traz benefícios para a saúde mental, psicológica e para o desenvolvimento social e moral dos estudantes. “O retorno às aulas é positivo porque esse aluno que não tem o aparato tecnológico tem mais dificuldades. Retornar ao convívio também é muito importante, porque a escola é um lugar seguro que ele encontra aquela pessoa para conversar e contar algumas questões, às vezes até sobre violência em casa. Situações que muitas crianças sofrem e é uma preocupação do Ministério Público”, explica Liliana. Os dados, apresentados pela chefe do Núcleo Regional, convergem com a pesquisa divulgada pelo Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDCA), em abril, que afirma que houve aumento dos casos de violência doméstica contra meninos e meninas, no Brasil, durante a pandemia.

Guaraqueçaba tem atenção especial

Devido às condições, as regiões que retornaram às atividades presenciais em Guaraqueçaba tiveram acompanhamento individualizado por parte dos gestores públicos, principalmente, no auxílio às áreas mais carentes. “Os alunos que estão retornando, em Guaraqueçaba, são os estudantes do entorno, porque, por enquanto, não tem o transporte escolar para todos. Estamos atendendo os alunos das comunidades que moram perto da escola”, explica Liliana, que junto com outros membros do Núcleo Regional de Educação, visitou as instituições que reabriram e acompanhou as atividades in loco, nessa primeira semana.

A gente tem que pensar em trabalhar um dia de cada vez e com muito cuidado. A escola ficou aberta todo esse tempo: a direção, a equipe pedagógica e os agentes de serviço geral e da secretaria continuaram trabalhando. Então, é um retorno dos professores que estavam lecionando pelas aulas meet, classroom e pela televisão. Portanto, é uma readaptação para os alunos e professores e, por isso, vamos ter toda dedicação neste momento”, explica Liliana que também é professora por formação.

Retorno deve ser gradual

Apesar do repique da última onda e da chegada da eventual terceira leva de casos em um patamar considerado alto, as atividades presenciais nos colégios devem avançar em quantidade de alunos, conforme o aumento da vacinação nos municípios e também o aval dos órgãos de saúde pública. “Aos poucos, acontecerá um retorno gradual, dependendo das condições da incidência de contaminação. É uma questão que é mais ligada à saúde, então sempre mantemos os contatos com a Regional da Saúde para ficarmos por dentro de como estão os casos, se baixou ou subiu, e como podemos avançar com as atividades presenciais nas escolas da região”, explica a professora especializada em desporto e supervisão escolar, que também ressalta a importância de manter as regras de prevenção para evitar o contágio de estudantes, professores e funcionários. “A gente se preocupa muito com a questão dos cuidados. Todas as escolas funcionam com uso de máscara, álcool, distanciamento social e ambientes ventilados. Muitos professores, que eu conversei, estavam felizes de estarem lá, porque compreendem a necessidade e dificuldade que esse tipo específico de aluno tem em estudar os conteúdos sozinho. Damos atenção especial à questão da biossegurança e das regras de cuidados”, diz.