Realizada há 22 anos, Feira da Partilha é reconhecida como de utilidade pública em Paranaguá


Por Amanda Batista Publicado 29/12/2023 às 22h41 Atualizado 19/02/2024 às 09h11

A Feira da Partilha, agora oficialmente reconhecida como um projeto de utilidade pública em Paranaguá, alcançou um novo marco com a sanção da Lei Municipal nº 4.370, realizada pelo prefeito Marcelo Roque (PSD). Iniciada há 22 anos com a missão de auxiliar instituições beneficentes do Litoral, a iniciativa opera vendendo produtos que foram apreendidos e doados pela Receita Federal. Os recursos obtidos são então integralmente destinados às organizações previamente cadastradas, promovendo um impacto positivo que reverbera entre milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Para a idealizadora e coordenadora do projeto, Regina Daux, a base da feira é acreditar que as ações voluntárias, em auxílio à comunidade, podem transformar a difícil realidade das entidades assistenciais e das pessoas que delas necessitam. Além disso, a intenção é incentivar e promover meios pelos quais elas se tornem autossustentáveis e independentes.

Ao JB Litoral, Regina Daux avalia os 22 anos do projeto. “Nossa Feira da Partilha é dinâmica, estamos sempre atualizando e melhorando. Cada edição é diferente da outra, temos hoje uma equipe de primeira, que nos ajuda na coordenação. Pessoas voluntárias que, de corpo e alma, querem melhorar a situação das entidades assistenciais do Litoral do Paraná”, ressalta.

Nas duas edições de 2023, uma em janeiro e outra em agosto, o projeto contribuiu com 28 entidades do Litoral, conforme propostas apresentadas e aprovadas pela Receita Federal. Ao todo, foram mais de 500 tipos de produtos vendidos com ajuda dos voluntários. Entre eles estavam eletrônicos, ferramentas, perfumes, brinquedos, roupas, entre outros.

O projeto é realizado com apoio de voluntários que também ajudam na seleção e organização dos documentos das entidades. Foto: JB Litoral

De acordo com a idealizadora, cada edição ajuda, em média, 2 mil pessoas. São tantas edições, que ela confessa que já perdeu as contas. “Deixamos de contar o número de Feiras porque foram muitas nesses 22 anos”, afirma. “São centenas de conquistas, milhares de pessoas ajudadas diretamente. São sonhos que de outra maneira seriam impossíveis realizar”, destaca.

Esforço conjunto

O delegado da Receita Federal de Paranaguá, Gerson Zanetti Faucz, fala sobre a satisfação em contribuir com o projeto social. “Fico muito feliz em fazer parte desse trabalho. A feira é realizada por voluntários que não têm uma ligação direta com a Receita, mas são eles que trazem os projetos, conhecem as necessidades das instituições, e as instruem para participar”, explica.

“Os projetos já vêm com orçamento e nós temos a garantia que os recursos serão bem utilizados, atendendo idosos, pessoas com deficiência e todos aqueles atendidos pelas instituições”, acrescenta o delegado.

A coordenadora da Feira, Lisângela Fagundes Faucz, fala sobre os esforços dos voluntários durante todo o ano para selecionar os projetos, ajudar as entidades com a documentação e acompanhar a concretização das propostas.

Regina e Lisângela na benção da Fazenda da Esperança de Paranaguá. Foto: JB Litoral

“A feira é trabalhosa porque ficamos meses planejando a montagem, daí a gente vende, faz o repasse e acompanha a execução dos projetos. É quase um ano de trabalho direto, mas vale a pena. É muito gratificante porque une as entidades e dá um gás para que todas juntas vendam mais rápido os produtos”, destaca Lisângela.

Agora, com o título de utilidade pública, a Feira conseguirá ajudar ainda mais instituições, diz a coordenadora. “O título é muito importante porque, com a utilidade pública, a feira pode pedir doações por ela mesma para colaborar com entidades que não tenham toda a documentação, daí poderemos ajudar ainda mais. Vai ser mais uma benção para Paranaguá”, conclui Lisângela.

Realizando sonhos

Uma das entidades beneficiadas pela feira foi a Fazenda da Esperança de Paranaguá. Graças à doação, a instituição de reabilitação de pessoas adictas conseguiu adquirir um terreno de 47 hectares, localizado na Colônia Santa Cruz. A casa de reabilitação será inaugurada em fevereiro e acolherá, inicialmente, 25 homens que buscam se libertar de vícios.

Além disso, graças à edição realizada em janeiro de 2023, o Lar de Idosos Perseverança conseguiu adquirir recursos substanciais para fazer melhorias na instituição. Dentre elas, estão a construção da lavanderia e rouparia; a cobertura do trajeto até o refeitório, que antes ficava exposto às intempéries climáticas e a manutenção do telhado, que apresentava diversos vazamentos em períodos chuvosos.

Projeto Retalhando, do Provopar, conseguiu comprar insumos, máquinas e mesas com apoio da Feira. Foto: Prefeitura de Pontal do Paraná

“Este foi o primeiro ano em que participamos da Feira da Partilha efetivamente como Lar dos Idosos. Através desse projeto, conseguimos importantes conquistas para o bem-estar deles, que antes sofriam com os vazamentos no telhado, o sol intenso e a chuva no trajeto até o refeitório. Mas hoje, graças a essa contribuição, temos uma estrutura completa”, agradece a diretora técnica da instituição de longa permanência (ILPI), Manoela Velomim.

Quem também foi beneficiado com doações foi o Projeto Retalhando do Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar) de Pontal do Paraná. O investimento foi revertido na compra de novas máquinas, na troca de mesas e na compra de insumos.

“Somos muito gratos pelo apoio da Feira da Partilha. Graças a ela, agora contamos com materiais suficientes que atenderão todas as nossas costureiras”, diz a presidente do Provopar de Pontal do Paraná, Simone Rocha.