Acampamento de radicais de direita em frente à Capitania dos Portos é desfeito pela PM


Por Redação Publicado 10/01/2023 às 16h33 Atualizado 18/02/2024 às 02h21

Na segunda-feira (9), o acampamento bolsonarista montado em frente à Capitania dos Portos do Paraná, na rua Benjamin Constant, em Paranaguá, foi desmontado pela Polícia Militar. Os radicais de direita, que se autointitulam ‘patriotas’, estavam acampados há mais de dois meses no local, após a vitória do presidente Lula na eleição, em outubro de 2022.

De lá para cá, centenas de pessoas passaram pelo acampamento, sejam aquelas que chegavam a dormir em frente à Capitania, ou as que passavam o dia, fazendo rodízio. No local, de acordo com participantes, as refeições eram gratuitas, além de haver um motorhome, possivelmente com banheiro.

Durante um período, havia, inclusive, um guindaste fixado no espaço, considerado de área militar. Quando o JB Litoral questionou a Capitania dos Portos se os manifestantes tinham autorização para estacionar o aparelho no local, impedindo a passagem de veículos, em 23 de novembro, o órgão informou que não poderia se pronunciar quanto aos manifestantes. Contudo, no dia seguinte ao questionamento, a máquina já não estava mais lá.  

Diariamente, durante os mais de 60 dias instalados na rua Benjamin Constant, os radicais de direita realizavam cultos com pastores evangélicos, orações, entoavam o hino nacional, bradavam palavras de ordem, entre outros. Inclusive, várias pessoas que participaram do acampamento viajaram até Brasília para a invasão às sedes dos Três Poderes, que resultou nos atos de vandalismo e depredação registrados no último domingo (8), algo, até então, nunca visto na história do Brasil. Um pastor e empresário parnanguara que participou da invasão já foi identificado e se encontra preso, conforme reportagem noticiada pelo JB Litoral aqui.  

Durante o período de acampamento em frente à Capitania dos Portos, vários empresários de Paranaguá financiaram alimentação, barracas, mesas, cadeiras, palcos montados para os cultos etc.

Acampamento desmontado pela PM

No início da manhã de segunda-feira (9), os militares de Paranaguá foram até o local para desmontar o acampamento. Segundo a polícia, no momento da retirada, havia poucas pessoas no local.

Foi um desmonte pacífico, sem grandes intercorrências, cumprindo a decisão judicial”, informa a corporação.  

O motivo do desmonte foi a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que determinou, ainda no domingo (8), a desocupação, em 24 horas, dos acampamentos realizados nas imediações dos Quartéis Generais e outras unidades militares, além da prisão em flagrante de seus participantes que se recusassem a sair.

O Governo do Estado informa que não há nenhuma manifestação em frente a unidades das forças armadas no Paraná. Os pontos começaram a ser desmobilizados ainda no domingo (8) e todas as estruturas de acampamento foram desmontadas ou estão em reta final de desmontagem. Foram lavrados diversos boletins de ocorrência e os nomes das lideranças serão informados à Justiça. As forças de segurança continuam monitorando a situação”, diz a Polícia Militar do Paraná (PMPR).  

Vale ressaltar que a PMPR já realizou a identificação de líderes e de veículos que foram utilizados nas manifestações para possíveis responsabilizações futuras.

Ameaça ao JB Litoral

Na segunda-feira (9), a equipe de jornalismo do JB Litoral recebeu prints do grupo de WhatsApp montado pelos radicais que estavam no acampamento. Nas mensagens, os militantes sugeriam boicote ao veículo de comunicação, além de estimularem os participantes a enviarem um “recadinho amoroso” ao jornal.

O grupo radical classifica o jornal, falsamente, como “petista roxo”. “O JB Litoral é um veículo de comunicação sério, de credibilidade, que preza pelo jornalismo feito de maneira profissional e pela democracia. Em todas as coberturas realizadas pelo jornal, primamos pelos princípios do jornalismo; temos qualificação profissional e ética para agir com responsabilidade social. Os ataques à imprensa, vistos nos últimos anos, é algo sem precedência no Brasil, fomentado por um discurso criminoso e de incitação ao ódio, promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Em minha opinião, para ele e seus apoiadores mais radicais, toda e qualquer informação publicada que não tenha o viés desejado por eles, é motivo para ataque. Contudo, o jornalismo é imparcial, e os fatos precisam ser noticiados de acordo com a realidade, algo que o JB sempre fez e continuará fazendo. Não há mais espaço em nossa sociedade para ser conivente com atos antidemocráticos, com discurso de ódio, com Fake News. Isso não significa que o JB Litoral tenha lado político, apenas que faz o seu trabalho”, diz a chefe de jornalismo, Luiza Rampelotti.