Situação do cemitério da Ilha do Mel preocupa nativos; eles buscaram ajuda do poder público
Preservar a memória e a identidade da população de um dos principais pontos turísticos do Paraná, além de ser um local que também mantém raízes da cultura caiçara: essa é a intenção dos nativos da Ilha do Mel, que clamam por providências do poder público para transferir o cemitério, que fica ao norte da Vila do Forte, para próximo à praia do Belo, onde o cemitério dos povos tradicionais ficaria a salvo da ação das marés. Isso porque, segundo a Associação de Nativos da Ilha do Mel (Animpo), o único cemitério da Ilha do Mel pode desaparecer. Um levantamento feito pela entidade constatou que dos 90 túmulos originais, 43 já foram danificados pelo mar. Para pedir celeridade a essa pauta de décadas, representantes da Animpo participaram de uma reunião, no mês passado, na Assembleia Legislativa do Paraná. Os moradores foram recebidos pelo deputado Ademar Traiano (PSD).
FEZ A PONTE
Temendo a extinção do local, com risco de as ossadas ficarem expostas, os nativos pediram ajuda ao presidente da Casa Legislativa para encontrar uma saída para o caso. Ademar Traiano, então, conseguiu intermediar uma nova reunião entre os moradores e a direção do Instituto Água e Terra (IAT), órgão do governo estadual que tem como missão proteger, preservar, conservar, controlar e recuperar o patrimônio ambiental paranaense. O novo encontro ocorreu no último dia 10, também em Curitiba.
PROMESSA DE TENTAR RESOLVER O PROBLEMA
Durante o encontro com os representantes do IAT, os moradores explicaram que a nova área estudada para o cemitério atenderia a diversas comunidades, uma vez que é protegida de erosão das marés e apresenta baixo impacto ambiental. Porém, a região escolhida pelas comunidades está dentro do Parque Estadual. Na reunião, o órgão apontou que isso pode ser reexaminado no zoneamento ambiental da Ilha realizado no processo de revisão do Plano de Uso e Ocupação do solo. O IAT ainda destacou que, caso seja necessário, atuará para que uma pequena parte do Parque Estadual possa ser desafetada, ou seja, destinada para uso exclusivo para a construção de um novo cemitério, já que o caráter de grande interesse social e utilidade pública do cemitério da comunidade tradicional.
AJUDA DA PREFEITURA
Na semana passada, os moradores foram atendidos pelo prefeito Marcelo Roque (Podemos), vereadores e secretários municipais. Um dos representantes da Animpo, Felipe Andrews, contou, em conversa com o JB Litoral, como foi a terceira reunião em um mês para tratar do assunto. “Nessa reunião o prefeito nos prometeu que vai entrar com o protocolo requisitando a área a qual a comunidade deseja que seja feito um novo cemitério. E daí a gente vai aguardar uma resposta do IAT, para que eles regularizem a área para a prefeitura dar segmento com a construção do novo cemitério da comunidade tradicional da Ilha do Mel“, disse Felipe.
O QUE DIZ O IAT
Em contato com o IAT, o JB Litoral recebeu um posicionamento. Segundo o órgão, a entidade estadual aguarda a retomada das tratativas com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) em relação ao Plano de Uso da Ilha do Mel, em Paranaguá. “A partir do momento em que a conversa com o governo federal for retomada, verificamos a possibilidade de incluir esse grupo nas tratativas, como ficou acordado na reunião do dia 10. Vale lembrar que a Ilha do Mel pertence a União e foi cedida ao Governo do Paraná. Qualquer decisão ou regulamentação em relação ao local precisa contar com a anuência do governo federal“, afirmou, em nota.