“Tenho um relacionamento muito bom com os meus colegas”, diz servidor que trabalha há 53 anos na Prefeitura de Paranaguá


Por Redação Publicado 03/05/2021 às 22h39 Atualizado 16/02/2024 às 01h10
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Por Cleverson Teixeira

No sábado, dia 1º de maio, foi comemorado o dia do Trabalhador. E não é só no Brasil que é celebrada essa data. Países como Portugal, Rússia, França, Espanha e Argentina também decretam feriado nacional nesse mesmo mês. No país dos brasileiros, segundo historiadores, esse dia foi reconhecido em 26 de setembro de 1924, depois de um decreto assinado pelo presidente da época, Artur Silva Bernardes. Em 1943, foi instituída, no Brasil, a criação da Consolidação da Leis de Trabalho (CLT). Depois disso, várias manifestações, como desfiles e demais eventos, começaram a surgir, assim como o anúncio de leis trabalhistas.

Como maio vai até o dia 31 e ainda é considerado o mês dos trabalhadores, o JB Litoral foi em busca de um personagem que tem mais tempo de serviço, em algum setor da cidade de Paranaguá. Ao entrar em contato com a prefeitura do município, a qual tem 4.927 funcionários e que movimentou cerca de R$ 189 milhões de folha salarial em 2020, o departamento de jornalismo conseguiu chegar até o servidor Admir Rodrigues Passos, de 72 anos. Dessa experiência de vida, 53 anos são dedicados ao órgão municipal.

Antes de ter passado em um concurso da prefeitura, em 1968, ele atuava como office boy no mesmo local. Atualmente, apesar de estar afastado por se enquadrar no grupo de risco da Covid-19, ele é contratado para prestar serviços na área da Saúde. “Eu trabalho na Vigilância Sanitária, na Fiscalização. Sou técnico administrativo, mas fui emprestado para esse setor. Vou aos supermercados, lanchonetes e mercados. Entrei na prefeitura, em 1968 e passei por várias e várias gestões”, descreveu.

Antes de falar sobre o momento em que recebeu a notícia de que se tornaria um servidor público, o funcionário, formado em Técnico em Administração pelo Colégio Estadual José Bonifácio, mencionou dois prefeitos os quais fizeram parte da sua carreira. Os políticos citados atuaram nos anos 60 e 90 no município parnanguara. “Peguei a época do Costinha, que é o João Kotzias, e a gestão de José Vicente Elias. Então, quando soube que havia passado no concurso, foi uma alegria e satisfação, porque naquele período era apenas o porto ou prefeitura para trabalhar”, disse.

PASSANDO PELO GENERAL REBELLO

Aos risos, durante a entrevista feita pelo telefone, Admir aproveitou para contar uma situação inusitada que foi gerada por ele mesmo em um dia de expediente. Certa vez, o General de Divisão R/1, João da Silva Rebello, Interventor Federal que respondia como prefeito da cidade, ligou para o setor onde Passos estava. Na época, tinha sido instalado um interfone, o qual era considerado uma novidade para os funcionários. Ao atender a ligação, sem saber que se tratava de Rebello, Admir se passou pelo próprio General. A atitude gerou medo e vergonha naquele momento.

“Uma vez, quando o General chegou na prefeitura, eu era moleque, ainda, e tinha um interfone. Ele ligou para o nosso setor, eu atendi e falei: aqui é o General Rebello. Ele, do outro lado da linha, falou: aqui também é o Rebello. Eu disse: meu Bom Jesus”, relatou Admir Passos, sem parar de rir do episódio marcante para ele.

NÃO PENSA EM PARAR

Mesmo passando dos 70 anos, o servidor da prefeitura de Paranaguá não pensa em parar de trabalhar. Apesar de ter sido vacinado contra o novo coronavírus, ele afirmou que não tem previsão de voltar ao batente. “Não sei quando eu volto. Já tomei as duas doses da vacina. Enquanto eu tiver saúde, assim, né?! Eu levanto cedo, seis horas, é difícil ficar só em casa. Gosto de trabalhar, de agitação. Eu já poderia ter me aposentado, mas teve uma lei que poderia ficar mais, então, conversei com a minha mulher e decidi ficar um tempinho. A maioria dos meus amigos, daquela época, já está aposentada”, completou.

No fim da entrevista, o servidor, o qual é casado e tem dois filhos, relatou como é a sua relação com os demais funcionários. “Eu tenho um relacionamento muito bom com os meus colegas. Gosto do que eu faço. É um serviço que dá prazer. São 53 anos e ainda estou na ativa”, concluiu.