Uma nova era: mulheres conquistam posições de liderança na Portos do Paraná, mas ainda há um longo caminho


Por Luiza Rampelotti Publicado 08/03/2022 às 11h58 Atualizado 17/02/2024 às 03h12

A participação da mulher no serviço portuário vem crescendo cada vez mais, acompanhando a modernização da atividade portuária. Com isso, os serviços deixaram de ser unicamente uma função braçal para se tornarem atividades de gestão, engenharia, coordenação e integração de ações.

Na Portos do Paraná, elas são destaque não apenas na área administrativa, mas também nos postos técnicos e operacionais, em mar ou no cais. A presença feminina na empresa pública que administra os portos de Paranaguá e Antonina tem aumentando, embora ainda haja um longo caminho a se percorrer para a equidade.

Dos 521 colaboradores, 73 são mulheres e 64% delas atuam como técnicas e operacionais, 12% estão em função de supervisão e assessoria e 23% são coordenadoras ou gerentes. Este último caso é o de Jamile Luzzi Elias, gerente de Engenharia da Diretoria de Engenharia e Manutenção da Portos do Paraná.

O ambiente da engenharia ainda é predominantemente masculino na empresa pública, mas Jamile encara isso de forma natural. “Sempre fui tratada com muito respeito. No dia a dia não sinto nenhuma distinção, em todos os setores do porto o respeito predomina, há uma grande valorização profissional em toda a administração, que possui ótima filosofia em valorizar o profissional, independente do seu gênero”, diz.

No entanto, ela comenta que gostaria de ver mais mulheres atuando nas atividades técnicas do setor portuário. “Percebo que ao longo dos tempos, isto vem mudando, poderia ser de forma mais acentuada.  Vivemos uma nova era, onde não se aceita e não cabe mais em nossa sociedade este tipo de distinção, e para que isso se torne realidade, coloco em prática a equidade de gêneros e a valorização igualitária para todos”.

De pai para filha

A paixão pela engenharia veio desde muito cedo, já que sempre frequentou o ambiente da construção civil. O pai de Jamile era proprietário de uma loja de materiais de construção, em Curitiba, e também era construtor.

Tendo essa vivência nasceu minha paixão pela engenharia e decidi cursar Engenharia Civil. Na Universidade, o ambiente do curso é majoritariamente masculino, éramos apenas três alunas em uma turma com 20 no total”, relembra a engenheira.

Quando concluiu o curso pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), em 2003, Jamile deu início ao seu maior projeto de vida: sua própria família. No mesmo ano, ela casou-se com o também engenheiro civil Juliano Elias e teve seu primeiro filho, Victor Vicente. Em 2009 nasceu o segundo filho, Vinicius Vicente.

Foi em 2012 quando ela começou a trabalhar no porto. “Na atividade portuária a rotina é bastante agitada, o dia a dia é cheio de reuniões, projetos, visitas técnicas, fiscalizações de obras. Para conciliar tudo isso com a vida pessoal são necessários muito amor, dedicação, apoio, estrutura familiar que é a minha base e fé em Deus”, revela.

Na Portos do Paraná, a maioria da equipe de engenharia é formada por homens. “Formamos uma equipe unida, focada em pensar, planejar e construir um porto para as próximas gerações. Tenho uma equipe multidisciplinar em todos os sentidos, engenheiros com mais de 50 anos de formados até novatos, com poucos anos de casa, mas sempre com o mesmo objetivo: modernizar a infraestrutura portuária com excelência e inovação, independente do gênero. Formamos uma equipe maravilhosa”, conclui.