Após ser pego de surpresa, porto de Santos quer acesso aos dados da Comunidade Portuária


Por Cristian César de Oliveira Publicado 19/05/2021 às 17h36 Atualizado 19/02/2024 às 18h08

Fonte: A Tribuna On-line

A suspensão das atividades do projeto Sistemas de Comunidade Portuária (Port Community Systems ou PCS, no original em inglês) pegou os usuários do Porto de Santos de surpresa. Agora, a expectativa é de que o setor tenha acesso aos dados obtidos durante o ano em que os processos de entrada e saída de embarcações foram mapeados pelo projeto.

O PCS é uma iniciativa do Prosperity Fund, o fundo de investimento britânico para países em desenvolvimento. Ele prevê a criação de uma plataforma digital que integrará sistemas de controle de órgãos federais que atuam no setor portuário. Também estão previstas mudanças nos processos e, com isso, espera-se reduzir em um dia o tempo para a liberação de cargas de exportação e em dois dias para as de importação.

 No entanto, conforme revelado por A Tribuna no último domingo, há um mês, o governo britânico anunciou um corte de verbas direcionadas a projetos internacionais. E o PCS foi um dos programas afetados pela decisão.

Para o presidente da Federação Nacional das Operações Portuárias (Fenop), Sérgio Aquino, é importante que os dados mapeados, durante o ano passado, sejam aproveitados pelo setor portuário. Para o executivo, o Conselho de Autoridade Portuária (CAP) é o órgão que “deveria assumir e puxar para si a continuidade desse projeto”.

Segundo ele, o CAP pode discutir e aproveitar melhor as estratégias de otimização já traçadas pelo PCS. “Primeiro, é importante destacar a extrema importância dessas atividades do PCS em vários portos do mundo. Mas, também, é importante que a gente destaque que essa questão, nos principais portos do mundo, é muito mais que um sistema integrado de TI. É uma cultura de envolvimento coletivo sobre o setor”.

Aquino destaca que o CAP é o órgão com poder de integrar e harmonizar os interesses da cidade, do porto, das entidades empresariais e laborais e dos órgãos públicos envolvidos na atividade portuária.

“É lógico que se espera uma perda na sequência do trabalho, mas acho que o trabalho não está perdido. Muita coisa foi realizada, as partes estão se envolvendo mais. A gente espera que seja um momento de interrupção e tenha retomada”, afirmou. “O que a gente precisa é não deixar ser perdido ou desatualizado com o tempo”, completou o presidente da Fenop.

O diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), Angelino Caputo, lamentou a interrupção dos trabalhos, pois eles trariam maior modernidade e eficiência aos quatro portos contemplados pelo projeto no País – Santos, Rio de Janeiro (RJ), Suape (PE) e Itajaí (SC). “Esses estudos iniciais são produtos importantes e devem ser aproveitados no caso de retomada do projeto, evitando-se retrabalho”, disse.

Segundo o executivo da Abtra, a entidade vai aguardar qual será o posicionamento do grupo Palladium, responsável pela condução do PCS, e se esse consórcio possui alguma proposta para a retomada do projeto.

Dados

Após mapear cerca de 400 processos necessários para a entrada e saída de embarcações do porto de Santos, os integrantes do PCS identificaram que é possível reduzir 40% deles. Isso seria possível eliminando redundâncias e otimizando procedimentos.

Neste mês, o PCS entraria em uma nova fase. A ideia era fazer uma medição da redução dos tempos operacionais a partir da otimização dos processos. E também seria calculada a economia que essas mudanças deverão gerar.

Em paralelo, até março do ano que vem, deveria estar pronta a primeira versão do PCS. O trabalho incluía a definição do software a ser utilizado na plataforma.