Pandemia de Covid-19 provocará queda de US$ 18,6 bi em exportações brasileiras, aponta CNI


Por Cristian César de Oliveira Publicado 06/04/2020 às 09h56 Atualizado 19/02/2024 às 18h11

O avanço da pandemia do coronavírus resultará em uma queda de, no mínimo, US$ 18,6 bilhões nas exportações brasileiras em 2020. A projeção, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), representa um recuo de 8,3% nos valores vendidos ao exterior no ano passado.

O estudo inédito, repassado ao Estadão/Broadcast, considera que uma retração de 1,1% no Produto Interno Bruto (PIB) mundial, devido ao avanço da doença, provocaria uma redução de 56 milhões de toneladas nos embarques de produtos brasileiro. O montante representa queda de 11% na comparação com o ano passado.

“A América Latina, grande destino dos nossos produtos manufaturados, poderá ter, nas próximas semanas, um aumento maior nas medidas para contenção do vírus, o que poderá vir a afetar ainda mais as exportações de manufaturas do Brasil”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

Ele ressalta que as previsões são baseadas em um cenário de recessão ampla e não considera a performance de países específicos, já que essas projeções ainda estão sendo revisadas.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a redução nas exportações poderá ser ainda maior, principalmente por causa da queda no preço do petróleo.

A expectativa é de recuo também nas importações, que devem diminuir com o mercado interno desaquecido pelos impactos da Covid-19.

Restrições na logística

Abijaodi ressalta que, além da queda na demanda mundial, a pandemia tem provocado problemas logísticos, com medidas restritivas a cargas marítimas, rodoviárias e deslocamento de pessoas, o que pode aprofundar ainda mais a crise nos negócios.

Para o diretor da CNI, o real desvalorizado frente ao dólar representa uma janela a ser aproveitada pelos exportadores, principalmente daqueles setores com cadeias de produção mais longas e envolvendo pequenas empresas, como alimentos e bebidas, calçados, joias, móveis e vestuário. “Mas o câmbio é um elemento temporário de melhora da competitividade”, afirmou.

 A confederação defende que sejam adotadas medidas para sustentar e ampliar as exportações na retomada da economia pós-crise, aumentando e preservando a competitividade em setores intensivos em tecnologia, como aeronáutico, automotivo, eletroeletrônicos e de máquinas e equipamentos.

No ano passado, o Brasil exportou US$ 224 bilhões e importou US$ 177,3 bilhões, resultando em um saldo positivo de US$ 46,7 bilhões.

Neste ano, até o dia 22 de março, as exportações somavam US$ 44,1 bilhões e as importações US$ 40 bilhões, saldo de US$ 4,1 bilhões. As exportações em 2020 apresentam uma queda de 6,2%, enquanto as importações avançaram 4,8%.

Fonte: O Estado de S. Paulo