8ª Festa do Fandango de Paranaguá fortalece a tradição da Cultura Caiçara


Por Redação JB Litoral Publicado 23/08/2017 às 16h14 Atualizado 14/02/2024 às 21h34

 A 8ª Festa do Fandango Caiçara de Paranaguá foi realizada no último final de semana, nos dias 18, 19 e 20 de agosto na Ilha dos Valadares. O evento reuniu os quatro grupos de Fandango de Paranaguá e recebeu também grupos de Guaraqueçaba, Cananéia (SP) Iguape (SP), Ubatuba (SP) e Paraty (RJ).

Nos três dias da festa foram realizadas apresentações, bailes de Fandango e debates sobre a salvaguarda da cultura caiçara. Também ocorreram oficinas abordando as modas de fandango, a dança e até a culinária caiçara, além de exposição de fotografias e venda de artesanato típico.

Na sexta-feira à tarde foram realizadas a apresentação do Boi de Mamão da Associação Mandicuera e as apresentações dos grupos de fandango das escolas locais, com crianças de várias idades dançando o fandango e fazendo o “batido” característico do ritmo. Estas apresentações das escolas foram resultado de oficinas prévias realizadas nas instituições, como parte de um esforço para manter viva a tradição e atrair novos dançarinos.

O ponto central da festa foi a Praça Cyro Abalem, na entrada da Ilha dos Valadares. Mas algumas atividades foram realizadas na Casa do Fandango Mestre Eugênio, no Salão do Mangue Seco e na Associação Mandicuera de Cultura Popular, todos na Ilha dos Valadares.

O evento, que foi realizado pela primeira vez em 2002, faz parte do calendário oficial da cidade de Paranaguá e é fruto do esforço dos grupos de Fandango para manter viva a tradição caiçara. Hoje em dia, este esforço de salvaguarda conta com o apoio de comunidades acadêmicas, como a Universidade Federal do Paraná e o Instituto Federal do Paraná. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Governo do Estado do Paraná e a Prefeitura de Paranaguá também contribuíram para a realização da festa.

 

 

Retomada da Casa do Fandango

A solenidade de abertura da Festa foi na sexta-feira à noite e contou com a presença do Prefeito Marcelo Roque (Podemos); do Secretário Municipal de Cultura e Turismo, Harrisson Camargo (Canela); do Presidente da Câmara dos Vereadores, Marquinhos Roque (PMDB); além de representantes do IPHAN, da UFPR, do IFPR e da Secretaria de Cultura do Estado.

Na oportunidade, o Mestre Aorélio Domingues, juntamente com outros mestres fandangueiros, sugeriu que a prefeitura retomasse o planejamento da tão sonhada e prometida “Casa do Fandango”. Eles sugeriram que a Casa fosse construída junto ao Mercado de Pescados Anastácio Xavier, que fica junto à cabeceira da ponte que leva à Ilha.

O prefeito gostou da ideia e se comprometeu a encaminhar os estudos de viabilidade do projeto. A oportunidade serviu como a reabertura de um canal de diálogo dos fandangueiros com o poder público municipal, que não era dos melhores desde o início da atual gestão.

Durante o sábado foram realizadas as oficinas de modas, batido, barreado e luteria. Nas noites de sexta e sábado foram realizados grandes bailes nas tendas montadas na Praça Cyro Abalem. No baile de sábado, o Mestre Aorélio Domingues, junto com o grupo Mandicuera, fez o lançamento de seu CD “Amanhece – Fandango Pancada”; uma verdadeira joia que sintetiza de maneira brilhante o Fandango e também contempla o Boi de Mamão e a Romaria do Divino.

Encerramento com barreado e roda de Fandango

No almoço de domingo, foi servido o tradicional barreado que resultou de uma oficina de culinária na Associação Mandicuera, e a festa foi encerrada na tarde deste dia, com uma grande roda de Fandango, novamente na Praça Cyro Abalem.

A Festa do Fandango ainda não é tão grande e não tem o mesmo destaque da Festa da Tainha, ou da Nossa Senhora do Rocio, mas é a festa que melhor revela a identidade cultural do povo Caiçara. Um povo simples e lutador, que já foi muito estigmatizado, mas que está se redescobrindo e se reafirmando em suas tradições. Longa vida ao Fandango e à Cultura Caiçara. Veja como foi o Festa.

 

 

Fonte:Texto e Fotos: Ivan Novick