PROJETO EVOÉ – Nutricionista e fotógrafo conhecem África através da alimentação nas comunidades


Por Redação JB Litoral Publicado 08/11/2015 às 10h00 Atualizado 14/02/2024 às 10h51

Conhecer a África por meio da comida, da fotografia e da convivência diária com seus povos: essa é a missão que está sendo feita em 2015 pela nutricionista de Paranaguá Daniella Schuarts e o seu namorado, o fotógrafo documental Leonardo Salomão. Os dois residem em Curitiba e decidiram unir suas aptidões para conhecer os costumes alimentares do continente africano. Atualmente, eles estão em viagem por países como Tanzânia, Etiópia, Quênia, Zimbábue e Zâmbia no chamado Projeto Evoé, que busca através da fotografia e da nutrição demonstrar a realidade dos povos da África.

“O planejamento do projeto começou há três anos, quando a gente decidiu que queria fazer algo de impacto juntos, dentro das nossas profissões” , ressalta a nutricionista Daniella, acrescentando que o foco é revelar as culturas dos países africanos através da alimentação das comunidades, mostrando a amplitude da nutrição como forma de interação social e cultural. Tem tudo a ver com sociologia, com antropologia, com política, com história”, completa a nutricionista.

Segundo ela, o foco não é o turismo, mas sim viver o projeto intensamente, convivendo com as comunidades no interior e nas regiões centrais dos países, vendo como as tradições e costumes são mantidos, tudo isso de dentro para fora das comunidades. “Para você chegar a um bom conteúdo da fotografia documental, você precisar “viver” essas pessoas. Não é assim, de uma hora pra outra, que você vai conseguir fazer essas fotos. A gente consegue ter acesso à intimidade deste povo, à intimidade em relação ao alimento, de onde ele vem, porque ele é ingerido…”, explica o fotógrafo Leonardo.

Curiosidades e expansão de realidade

Várias curiosidades gastronômicas foram descobertas pelo casal na África. Uma delas pode ser indigesta para os brasileiros: trata-se de um prato típico da Zâmbia, descoberto na Vila Mugurameno, que possui o rato como ingrediente principal. Segundo o fotógrafo, o consumo do animal se justifica pelo fato de que em períodos de seca não há alimento suficiente para a população, fazendo com que a sobrevivência obrigasse o consumo do rato, algo que acabou sendo repassado por gerações. Também na Zâmbia, outro prato curioso envolve o consumo do pangolim, que é uma espécie de tatu, sendo essa inclusive uma iguaria somente consumida pela família real e pelo próprio rei.[tabelas]

O projeto

“O Projeto Evoé nasceu do que acreditamos e buscamos fazer para deixar um mundo melhor para o próximo. Dentro dessa concepção e com o pensamento de criar algo com qualidade, decidimos unir as profissões dos dois criadores para aproveitar o melhor de cada um e assim surgiu o Projeto Evoé, que tem como significado no próprio nome uma expressão que transmite conquista e alegria”, afirma o casal no site do trabalho conjunto, ressaltando ainda que objetivo é retratar “todo o universo da cultura alimentar em diferentes partes do mundo e não apenas mostrar do que as pessoas se alimentam, mas como o alimento é cultivado e quais os modos tradicionais de vida para que ele chegue no prato das pessoas”, explica, sempre com postagens de textos carregando a realidade política e econômica dos países por onde o projeto passa.

A intenção clara é se despir de preconceitos e prejulgamentos, sendo que o próprio casal de idealizadores afirma que está passando por uma total “mudança de consciência”, visto que como se inserem totalmente nas comunidades, acabam respeitando ainda mais a cultura e história dos povos. As pessoas aqui são muito guerreiras, elas têm a felicidade como algo que vai curar todo o resto. Esse é um ensinamento muito grande, né? Que a nossa cura, ela vem de dentro”, explica.

Colaboração com ONGs e povos

De acordo com o casal, além do trabalho documental, o projeto “vem auxiliando ONGs e comunidades tradicionais a desenvolverem soluções para desenvolvimento econômico e social. Como o exemplo da Vila de Chiawa, no interior da Zâmbia, que passou a utilizar o conceito da cultura alimentar para começar um projeto de turismo na região, empoderando a comunidade e auxiliando para que possam gerar renda através de sua cultura”, ressaltam no site. A intenção dos idealizadores é futuramente desenvolver o trabalho também no Brasil.

Quem quiser conhecer mais sobre o projeto pode acessar o site do Projeto Evoá, onde o casal posta fotos com histórias completas, assim como publica vídeos, sempre com foco na ajuda às comunidades africanas e na alimentação. Válido ressaltar que o site também está aberto para colaboração. Faz parte do programa também o fotógrafo Sérgio Ranalli.
O link do Projeto Evoá é o http://www.projetoevoe.com/.