25 de mai de 2024

Festa do barro continua em Antonina


Por Redação JB Litoral Publicado 24/04/2015 Atualizado 14/02/2024
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  Apesar de se tornar “moda” em todo o país a defesa e o zelo com o meio ambiente, a rigorosa legislação federal n° 9.605/1998 – que prevê prisão de um mês a seis anos e multa que varia de R$ 50 a R$ 50 milhões – muitas vezes ainda não encontra respaldo na fiscalização por prefeituras e até mesmo por organismos de proteção. 

  Em julho do ano passado, alertado por um (a) denunciante, inconformado (a) de Antonina que afirma que a cidade se tornou um paraíso da devastação ambiental, quer na extração de barro ou no corte de madeira, o JB investigou e comprovou a situação, que foi encaminhada ao promotor Saint-Clair Honorato dos Santos do Centro de Apoio Operacional (CAO) das promotorias de Proteção ao Meio Ambiente do Ministério Público do Paraná (MPPR) e no MPPR existente na cidade.
Ações foram constatadas em encostas de morros desde a área central, bairros populares e até mesmo na área rural em locais de difícil acesso, como na área do lixão do Saivá.
  A denúncia feita em abril deste ano e enviada ao CAO do MPPR, acompanhada de farto material fotográfico e de áudio e vídeo, foi do conhecimento da química ambiental Luciane de Almeida do MPPR que relatou supostos crimes ambientais que ocorrem na cidade.
  Um levantamento feito pelo JB constatou que milhares de metros cúbicos de barro foram despejados no terreno do empreendimento de Telmo Luiz Velozo Souza, parte dele retirado da obra de recuperação de talude numa encosta do bairro Laranjeiras, que a empresa CSO realizou a partir de outubro de 2013, paga pelo Governo do Estado e Ministério da Integração Social. Além do barro, o JB encontrou grandes troncos de madeira arrancados pela raiz e outros cortados, que parecem com palmeiras nativas, assim como feixes destas madeiras cortados, prontas para comercialização.

Despejo de barro e corte árvores continua

  Passado quase um ano destas reportagens, cujas denúncias foram encaminhadas com farto material fotográfico para o promotor de Justiça, Rafael Polli do MPPR local e para o Coordenador Estadual do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO – Dr. Leonir Batisti, o JB constatou que o despejo de barro continua, assim como o corte de árvores na cidade. Na semana passada, a reportagem registrou uma grande área com barro próximo da Rua Benedito Bento da Costa, antiga Rua Velha no bairro conhecido por Guapê. No mesmo local, grandes e frondosas árvores estavam cortadas e seus troncos jogados ao chão. Outras tiveram barro despejado e não suportaram a pressão exercida pelo peso da terra. Em outro ponto da cidade, no bairro Maria Arminda, mais árvores estavam cortadas e jogadas ao chão. O JB encontrou ainda outra área com barro despejado na Rua Oscar Maia, ao lado de um conjunto residencial em construção.
   A reportagem do JB procurou o prefeito João Ubirajara Lopes (PSC), o João Domero, questionando se a prefeitura é autora do despejo ou se tem conhecimento de quem seja. Da mesma forma questionou-se quem poderia ter cedido a autorização para o despejo de barro no bairro e como está sendo fiscalizada a comercialização e retirada do bairro na cidade, levando em conta que para isso é necessário autorização da Secretaria de Meio Ambiente. Até o fechamento desta edição não houve resposta. Nesta semana o JB entrará em contato com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e MPPR para saber quais providências estão sendo tomadas sobre esta situação.