Uma atitude que fala por si mesma
Desde a era do “Porto do Gato” onde os carroceiros eram as “cooperativas” fundamentais na movimentação portuária, o Dom Pedro II foi um porto mais parnanguara que paranaense.
Mas o que é bom e promissor o Poder Público sempre abocanha e a União o abraçou e, os parnanguaras, fizeram dele gigante e uma tentação para balança comercial do país.
Veio o café nos anos 60 e os ensacadores, com parnanguaras da gema e adotados, fizeram-no pujante a ponto da União não dar conta do recado e cederem ao Estado a missão de comandá-lo.
E quis o bom Deus que o porto ficasse 100% nas mãos dos parnanguaras. O café se foi, mas veio a soja, o milho e o farelo e aí, ao lado do portuário, antigamente pego a laço, surgiu a figura de um guerreiro da faixa; o trabalhador avulso nas diferentes categorias.
Estivadores, arrumadores, conferentes, vigias, consertadores e bloqueiros abraçaram navios como se abraça um filho e fizeram do porto o que chamam até hoje; “Pulmão do Paraná”.
Enquanto isso, um legado de portuários parnanguaras da gema e adotados, administraram todo o complexo, como quem cuida de sua família, se esmerando para vê-lo cada vez mais forte.
E o porto se transformou na galinha de ovos de ouro do Paraná e do Brasil, graças a personalidades nativas como Dr. Arthur Miranda Ramos, Dr. Alfredo Budant, Joaquim Tramujas Filho, Dr. Luiz Antonio Amatuzzi de Pinho, Aurene Pinto dos Santos, José Vicente Elias, Airton Maron, Nilson Viana, Leocádio Henrique, entre tantos outros parnanguaras. Muitos deles, merecidamente, eternizados com seus nomes no porto.
Tal qual a lúdica estória infantil, a tentadora galinha não passou despercebida pelo olho gordo de políticos da Capital, que aqui vieram buscar seus ovos e, para isso, trocou a abnegada prata da casa por ilustres forasteiros.
Alguns bons, ainda tentaram manter o elo com aqueles que deixaram a faca, o queijo e o mel para serem degustados. Mas na semana passada o desdém com a história de quem deixou sangue, suor e lágrimas em mais de 80 anos de faixa portuária falou mais alto.
Justas homenagens a parnanguaras foram simplesmente retiradas e um ilustre desconhecido de pouco mais de cinco anos de cargo comissionado teve seu nome eternizado no Centro Ambiental das Baias de Paranaguá e Antonina.
Este é o respeito e consideração da atual direção portuária dos últimos anos com a “Cidade Mãe do Paraná”, sua gente e sua história.
O que dizer deste tipo de atitude?
Absolutamente nada, ela fala por si mesma.
Viva os portuários. Viva os avulsos. Viva Paranaguá.