Ar mais puro em Paranaguá: nova política de combustíveis para navios melhorou a qualidade do ar na cidade

Em 2019, a contribuição dos navios para a poluição era de 80%, mas esse número caiu para 5% em 2020.


Por Luiza Rampelotti Publicado 15/07/2024 às 18h04
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A redução significativa é atribuída à nova política de combustíveis instituída pela Organização Marítima Internacional (OMI), que limitou o teor de enxofre no combustível utilizado pelos navios. Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná

A poluição do ar é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, matando mais de 6 milhões de pessoas por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o número de mortes por conta da contaminação do ar ultrapassa 50 mil anualmente, de acordo com o World Resource Institute.

Em Paranaguá, cidade que abriga o maior porto de grãos da América Latina e o segundo maior do Brasil, a poluição do ar era um problema grave. Em 2019, os navios contribuíam de forma alarmante, representando 80% da contaminação por metais pesados no município. No entanto, em 2020, este índice caiu drasticamente para apenas 5%, conforme estudo da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Essa redução significativa é atribuída à nova política de combustíveis instituída pela Organização Marítima Internacional (OMI), que limitou o teor de enxofre no combustível utilizado pelos navios.

A pesquisadora Camila Bufato, doutora em Engenharia Ambiental, foi a responsável pelo estudo que avaliou a qualidade do ar no porto de Paranaguá, realizado em sua tese de doutorado, orientada pelo professor Ricardo Godoi. Ela publicou os resultados no artigo científico “Impact assessment of IMO’s sulfur content limits: a case study at Latin America’s largest grain port”.

Diminuição drástica

A pesquisa revelou uma diminuição de 86% na poluição por vanádio e 62,06% por níquel. Os resultados foram obtidos por meio de amostragens com equipamentos denominados “impactadores Harvard”, que mediram a concentração média de material particulado fino 2.5. As amostras foram analisadas por raio-x para identificar os elementos presentes, incluindo metais pesados como chumbo e níquel.

Os principais motivadores que levaram à pesquisa do tema foi justamente essa lacuna de conhecimento sobre a eficácia dessa resolução do teor de enxofre e a possibilidade de desenvolver esse estudo em um porto brasileiro. Foi muito efetivo, pois a gente conseguiu, a partir de dados de amostragem que nós tínhamos do ano de 2019 com o ano de 2020, avaliar esse processo de transição”, destacou Bufato.

A pesquisa revela que os moradores de Paranaguá agora respiram um ar mais puro, resultando em menos malefícios à saúde. No entanto, Camila Bufato ressalta que mais estudos são necessários para avaliar os impactos da redução da poluição na diminuição de doenças respiratórias e outros efeitos crônicos.

*Com informações da AEUFPR

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