Após informação da ANVISA,parnanguaras irão pedir indenização


Por Redação JB Litoral Publicado 10/12/2017 às 20h06 Atualizado 15/02/2024 às 00h04

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou, na última quarta-feira (29), que o Laboratório Sanofi-Aventis, fabricante da vacina da dengue, apresentou informações as quais sugerem que pessoas que nunca tiveram contato com o vírus da dengue podem desenvolver formas mais graves da doença caso tomem a vacina. A vacina Dengvaxia foi aprovada no Brasil em 28 de dezembro de 2015 e não é oferecida pelo Programa Nacional de Imunizações.

A suspeita do laboratório ainda não é conclusiva, mas, diante do problema, a recomendação da Anvisa é que a vacina não seja tomada por pessoas que nunca tiveram dengue. Apesar de esclarecer que a vacina por si só não é capaz de desencadear um quadro grave da doença nem induzir ao aparecimento espontâneo da dengue – para isto, é preciso ser picado por um mosquito infectado -, existe a possibilidade de que pessoas soronegativas desenvolvam um quadro mais agudo de dengue caso sejam infectadas após terem recebido o medicamento.

A bula da vacina será atualizada enquanto a Anvisa avalia os dados completos dos estudos, que ainda serão apresentados pelo fabricante. A vacina da Sanofi, chamada Dengvaxia, é a única aprovada no Brasil. O produto é indicado para imunização contra os quatro subtipos do vírus. Para as pessoas que já tiveram dengue, a Anvisa avalia que o benefício do uso da vacina permanece favorável.Por meio de um comunicado, a Anvisa esclareceu que “este risco não havia sido identificado nos estudos apresentados para o registro da vacina na população para a qual a vacina foi aprovada”. A agência informou que, antes do registro, os efeitos da imunização foram estudados em mais de 40 mil pessoas em todo o mundo, e que as pesquisas seguiram os padrões estabelecidos por guias internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Paraná é o único estado que aplica a vacina na rede pública e, no site da Secretaria Estadual da Saúde, afirma-se que a mesma é segura e eficaz, e que passou por 20 anos de pesquisas e estudos. Por conta da pior epidemia no estado em 2015/2016, que levou a óbito mais de 30 pessoas, Paranaguá teve sua população intensamente mobilizada para participar da campanha de imunização.No entanto, muitas pessoas que não contraíram dengue e que tomaram a vacina, sentem-se enganadas, algumas se autodenominando “cobaias”, vítimas da imprudência das autoridades. Grande parte está angustiada e temerosa diante da possibilidade de virem a contrair a forma mais severa da doença.

Dano moral

Parnanguaras mais indignados questionaram o Advogado Adalberto Araújo, nas redes sociais, sobre a possibilidade de buscar a responsabilização das entidades envolvidas.

Para Adalberto houve uma falha grave que expôs e continua expondo parte da população a um risco que deveria ter sido informado desde o início. Ele pondera que era dever, especialmente do laboratório, divulgar de forma ostensiva os riscos e as contraindicações da vacina.

“Embora possa haver divergência de entendimento nos tribunais, creio ser possível obter a condenação dos envolvidos; justamente pela potencialidade de dano à saúde e à vida do cidadão que não havia contraído dengue, mas que, depois da vacina, ficou exposto à forma mais grave da doença”, opinou.

O advogado orientou, ainda, que as pessoas que queiram melhores informações, devem procurar um profissional de sua confiança ou a Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil de sua região.