Diretor destaca necessidade de avanços na Rede de Atenção Psicossocial do Litoral


Por Redação JB Litoral Publicado 31/12/2017 às 11h52 Atualizado 15/02/2024 às 00h26

Na última semana, Leonardo Pinho, Diretor da Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME) e membro do Conselho Nacional de Direitos Humanos, em entrevista ao JB Litoral, falou a respeito da atuação da entidade no trabalho de saúde mental e na defesa pelo fim dos manicômios e em favor da reabilitação psicossocial e garantia dos direitos dos pacientes. Ele ressaltou, ainda, o cenário no litoral e a importante atuação de lideranças locais, além da necessidade de buscar maiores avanços para concretizar uma Rede de Atenção Psicossocial na região.

“A reforma psiquiátrica brasileira é um parâmetro mundial, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como referência. No entanto, ainda convivemos com problemas crônicos de financiamento o que dificultou sua ampliação em todo o país. Desta forma, o que nosso país tem que fazer é ampliar e qualificar a rede existente”, destacou Pinho, ressaltando os avanços obtidos e a consciência de que há muitos passos ainda a serem dados no país.

O diretor informa que, recentemente, foi realizado o “Encontro de Bauru”, movimentação ocorrida na cidade paulista de Bauru, que celebrou uma conquista histórica da área nos anos 80. “Foi um momento de grande celebração dos 30 Anos da Carta de Bauru, que foi quando o Movimento de Trabalhadores da Saúde Mental lançaram o desafio de uma sociedade sem manicômios. Quer dizer, uma sociedade disposta a construir um cuidado e um tratamento em liberdade, onde a internação fosse apenas um dispositivo utilizado em curta duração e dentro de um Projeto Terapêutico Singular, voltado à reabilitação psicossocial e à promoção dos direitos dos usuários de saúde mental”, explica.

Ampliação dos equipamentos e das estratégias

No que tange à situação do litoral em relação às políticas públicas de saúde mental, oferecidas pelo Poder Público, Pinho defende uma atenção especial ao cuidado dos usuários de álcool e outras drogas. “O litoral do Paraná, pelo que conheço do trabalho destacado de pessoas como a Psicóloga Clínica Giani Aparecida Gaiguer, que faz parte da Abrasme, ainda como em diversas partes do país é necessário ampliar os equipamentos e as estratégias da Rede de Atenção Psicossocial”, argumenta.

O Diretor da Abrasme agradeceu pelo espaço aberto e reforçou que o Brasil precisa dar continuidade nas políticas públicas. “Não podemos mais aceitar que, a cada governo, apareçam soluções mágicas. Neste sentido, precisamos repudiar as mudanças anunciadas pelo Ministério da Saúde as quais em vez de ampliar e qualificar a RAPS, querem voltar ao modelo anterior, de ampliação do financiamento dos hospitais psiquiátricos e o repasse de dinheiro público para clínicas e comunidades terapêuticas privadas. Dinheiro do SUS precisa ir para os equipamentos públicos”, sentenciou.