Técnica com mosquitos estéreis está sem utilização por omissão da prefeitura


Por Redação JB Litoral Publicado 15/05/2017 às 21h36 Atualizado 14/02/2024 às 18h25

Um espaço que deveria servir para promover a técnica de reprodução de mosquitos Aedes Aegypti estéreis, no município de Paranaguá, permanece sem funcionamento. O projeto, lançado ainda na gestão do Ex-prefeito Edison de Oliveira Kersten (PMDB), teria como centro de referência um laboratório móvel que seria instalado no Aeroparque.

Em setembro de 2016, representantes da empresa multinacional de biotecnologia Forrest Innovations Ltda. e do Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR), junto a funcionários da Prefeitura de Paranaguá e do Governo do Estado, estiveram no município e deram início à construção do laboratório. Ovos do mosquito Aedes Aegypti, coletados em Paranaguá posteriormente, iriam gerar espécimes estéreis produzidas no laboratório, que seriam soltas no município, cruzando com as fêmeas selvagens e reduzindo em cerca de 90% a proliferação do mosquito, transmissor da dengue, Zika vírus e chikungunya.
 

Projeto gratuito do Estado foi trazido pelo prefeito Kersten Foto/PMP

À época, o então Prefeito Edison de Oliveira Kersten falou com entusiasmo sobre o projeto. “A reprodução em massa dos mosquitos estéreis será feita neste laboratório em Paranaguá, que será inaugurado já em outubro na região do Aeroparque, com soltura dos mosquitos iniciada no mesmo mês. O município concedeu o terreno para a empresa, sendo que a instalação do espaço já está em pleno andamento, assim como a implantação de cerca de 100 armadilhas em inúmeros bairros de Paranaguá para a coleta de ovos do mosquito Aedes Aegypti.

O laboratório terá um método de construção sustentável, sem nenhum tipo de poluição, tanto na sua montagem quanto na posterior reprodução dos mosquitos estéreis, algo que possui conhecimento da Anvisa. Após a instalação do laboratório-móvel, construído por meio de contêineres, o espaço será submetido ao Ibama, com  entrega do lote totalmente limpo e igual a condição original. Os espécimes utilizados no projeto-modelo não serão geneticamente modificados e não transmitem nenhum tipo de doença, visto que são machos. Estes mosquitos são soltos por meio de um avião em todo o município, cruzando com as fêmeas, que são as que transmitem as doenças, podendo assim, em menos de um ano, reduzir em 90% a proliferação do Aedes Aegypti em Paranaguá”, explicou.

Passados oito meses do início da construção do espaço, as atividades parecem ainda não ter saído do papel. De lá para cá, houve troca de gestão municipal, visto que Marcelo Roque (PV) assumiu o comando do Poder Executivo local e elencou o combate à dengue como uma das prioridades da gestão. Contudo, quando questionada, sobre o porquê de o projeto não estar sendo desenvolvido assim como fora planejado, a administração municipal esquivou-se e preferiu alegar que o projeto “é de competência única e exclusiva da Primeira Regional da Saúde, já que se trata de uma ação do Governo do Estado”.

 

Prefeitura não responde e responsabiliza a 1ª Regional
 

A reportagem do JB procurou a prefeitura e enviou quatro questionamentos para a Secretaria de Comunicação. Foram eles: “O projeto está em funcionamento atualmente? Se sim, de que forma é realizado o procedimento para ajudar a reduzir os casos de dengue na cidade? Se não, há prazo para o início da atividade? Inicialmente, com o desenvolvimento do projeto, havia a intenção de que empregos fossem gerados. Esta hipótese foi ou está sendo concretizada?”.

Sem responder a nenhum questionamento, a Secretaria de Comunicação limitou-se a informar que “tendo em vista que o projeto é de autoria do estado, favor entrar em contato com a 1ª Regional de Saúde”.

Por sua vez, questionada pelo JB sobre a responsabilidade da execução do laboratório móvel, a Diretora da 1ª Regional de Saúde, Ilda Nagafuti, foi enfática em afirmar que, apesar do envolvimento do Estado na elaboração do projeto, as demandas recaem sobre a prefeitura.

“O município é responsável por autorizar as demandas desta atividade, até porque está em um terreno que pertence a eles. Além disto, as licenças ambientais e sanitárias devem ser solicitadas pela prefeitura”, explicou.

 

Casos de dengue e Chikungunya

De acordo com o boletim epidemiológico, Paranaguá apresenta 35 casos de dengue e 10 casos de Chikungunya. No último sábado, dia 06, o fumacê volta a ser aplicado em todos bairros da cidade. O objetivo é o de minimizar a proliferação do mosquito em sua fase adulta (alada).