Aedes Aegypti pode ter transmitido vermes no coração de um cachorro em Paranaguá


Por Redação JB Litoral Publicado 24/01/2018 às 11h27 Atualizado 15/02/2024 às 00h58

Na última semana, a Médica Veterinária Klarissa Scremim Figueiredo, da Clínica Veterinária Scremim, informou ao JB Litoral a existência de um caso de Dirolifaria em um cachorro de Paranaguá. Esta enfermidade é conhecida popularmente como vermes no coração.

O principal transmissor da doença que, além de cães, também atinge gatos e furões, é justamente o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, Zika vírus e chikungunya em humanos. Com isto, ela faz um alerta aos donos de animais domésticos sobre a necessidade de cuidado redobrado.

Segundo a Drª Klarissa, o verme presente na doença é o Dirolifaria Immitis, que está na mesma classe e é bem semelhante às lombrigas. “Na vida adulta o verme se aloja no lado direito do coração e dos grandes vasos sanguíneos que conectam o coração e os pulmões. Os vermes são encontrados em cães, gatos, e furões. Eles também ocorrem em animais selvagens, como leões marinhos da Califórnia, raposas e lobos. Raramente são encontrados em pessoas”, comenta.

De acordo com a veterinária, o verme coloca larvas minúsculas conhecidas como microfiliárias, que vivem na corrente sanguínea e sugam o sangue do animal infectado, sendo que elas também adentram nos mosquitos Aedes Aegypti, que acaba migrando para a boca do inseto de duas a três semanas, podendo incidir em outros animais na picada do mosquito. Sua migração vai até o coração, onde ficam adultas, podendo atingir até 35 centímetros de comprimento. O período entre o animal ser mordido por um mosquito infectado, até os vermes se tornarem adultos, acasalarem e botarem seus ovos é de cerca de seis a sete meses em cães e oito meses nos gatos.

Caso detectado em Paranaguá

Segundo a veterinária, cães bastante infectados chegam a ter centenas de vermes no coração, que podem viver, no caso de adultos, de cinco a sete anos dentro do sistema de circulação do animal. “30 a 80% dos cães infectados têm microfilárias que podem viver até dois anos. Elas não amadurecem em vermes adultos, a menos que eles passem por um mosquito. Existem mais de 60 espécies diferentes de mosquitos que podem transmitir a Dirofilária”, explica.

Um caso da doença na cidade, que foi detectado neste mês, disparou o alerta em todo o município. Ocorreu em um paciente canino de porte grande com três anos de idade, aparentemente com característica normal e saudável. Porém, ele começou a apresentar magreza, falta de apetite e secreção ocular intensa. Foi realizado o exame de hemograma para averiguar o porquê do emagrecimento e veio a surpresa, que confirmou a presença de parasitismo no organismo do cão. “Devido ao valor desta célula, foi feito o exame para vermes do coração e veio o sinal positivo para a doença. Por instância é o primeiro caso confirmado, por meio de exame. O pior é não existe cura, apenas tratamento paliativo, principalmente se o parasita já está adulto”, afirma a veterinária.

Entretanto, há formas de prevenção da doença a serem adotados pelos proprietários de animais domésticos. “A prevenção seria administrar vermífugo todo o mês, realização rotineira de exame, principalmente em zonas que têm muita presença do mosquito, em especial o aedes aegypti e aedes culex. Este cão com a doença que detectamos está sob tratamento paliativo”, comenta.