Abraço é melhor que selfie
Com a popularização da Internet, a expressão de sentimentos invadiu as chamadas redes sociais, fazendo com que o caloroso contato físico entrasse em concorrência com o mundo virtual. O abraço virou postagem com direito a pedido de desculpas já que nem sempre o filho pode estar perto do seu pai. Já o beijo está sendo gradativamente suprimido pelas selfie’s. E assim o Dia dos Pais, às vezes, acaba acontecendo longe daquele que ajudou a trazê-lo ao mundo, mas com a garantia de uma marcação no Facebook ou mensagem pelo WhatsApp.
Entretanto, não tem sido apenas o relacionamento pessoal que a Internet está minando e tomando conta. Sentimentos como o ódio, a manipulação, a alienação e a mentira se tornaram ferramentas de quem se acomoda com o que viu na Internet, o que o faz aderir uma posição unilateral ao formar uma opinião que, em alguns casos, é perigosa por não estar fundamentada na verdade. Esse é o ônus da tecnologia em detrimento da relação pessoal.
Os jovens já não mais se relacionam, se conectam; os adultos já não mais conversam, interagem e resta ao idosos, ainda não contaminados por esse invisível muro de isolamento, a “obsoleta” mania do toque, da conversa, do abraço e do carinho.
Com celulares de última geração que, hoje, até lhe garantem falar pelas pessoas, nas mensagens de voz, vivemos uma geração de solitários interagindo com o mundo. A sensação de que, mesmo sozinhos, estamos em contato direto com o mundo nos dá a ilusão que mantemos amizades, namoros, relações, quando, bem na verdade, estamos imersos no isolamento. Nesta vanguarda da interação, não será surpresa que algumas igrejas invistam no WhatsApp do Senhor.
Tenho certeza que no domingo, os milhares de pais que receberam imagens com mensagens de felicitações pelo WhatsApp, postagens no Facebook e textos no Twitter trocariam tudo isso por um simples, forte e sincero abraço.
Nada de presentes, apenas a presença, o almoço em casa, a passagem rápida do filho que trabalhou, a visita com os netos e o tão necessário encontro em família.
É preciso que os jovens se atentem para o detalhe que a vida é curta e todos os que se foram não vieram dizer se há Internet no céu, porque no inferno certamente não terá. Assim, aproveite para sentir o abraço e a presença enquanto seu pai, sua mãe, seus avós estão por aqui.